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segunda-feira, 13 de maio de 2013

Putin se esforça para se transformar no super-patriota da Rússia (2ª Parte)


Prokhanov é um prolífico autor de renome considerável, que tem sido comparado a Dostoyevsky. Ao longo de um período de 40 anos, ele escreveu cerca de 50 livros: romances, contos, obras de não-ficção e volumes de poemas. Ele trabalhou como correspondente no Afeganistão e na Nicarágua, resistiu a Gorbachev e sua perestroika – e, mais tarde, se opôs aos oligarcas do ex-presidente russo Boris Yeltsin e à elite dos novos ricos. Prokhanov se descreve como um patriota de esquerda, um "ortodoxo socialista", alguém que está lutando pelo restabelecimento do antigo Estado russo. Ele diz que o povo russo é, por natureza, stalinista: "As pessoas aqui sempre vão dar maior importância ao Estado do que à pequena felicidade do indivíduo", argumenta ele.

Durante um longo período, Prokhanov e suas ideias foram banidos para o deserto político, mas, recentemente, ele tem sido convidado praticamente dia sim, dia não, para participar de talk shows nas redes de televisão semi-estatais da Rússia. Mas por que alguém como Putin precisa do apoio de um stalinista que fala sobre o novo império russo que estaria surgindo atualmente? Alguém que não se cansa de avisar sobre uma "catástrofe geopolítica" que está penetrando nas fronteiras da Rússia – e cujo jornal Zavtra é notoriamente antissemita?

Prokhanov recebe visitantes nos surrados escritórios de seu pequeno jornal em Moscou. Mas não se deve medir sua influência política por essas instalações modestas. As salas do jornal estão localizadas nas instalações do Estado-Maior das Forças Armadas da Rússia, e ele tem generais como amigos íntimos. Recentemente, Prokhanov recebeu dois funcionários embaixada norte-coreana, e a foto que mostra o escritor ao lado do ditador sírio Bashar Assad tem apenas algumas semanas de idade.

Putin é um político "muito dinâmico", diz Prokhanov: "Ele começou sua carreira na comitiva do oligarca Boris Berezovsky, que tentou usá-lo como um fantoche depois que Yeltsin deixou o cargo de presidente", afirma ele. "Mas Putin não era o homem que as pessoas pensavam que ele fosse".

Ele diz que Putin se livrou de Berezovsky, assumiu o controle de seu império de mídia, impediu que as ex-repúblicas soviéticas se separassem da Federação Russa e atraiu os países europeus para que se tornassem dependentes da Gazprom.

Essa foi "uma operação geopolítica poderosa", diz Prokhanov, acrescentando que, em 2008, Putin lamentavelmente cumpriu rigorosamente a Constituição, que proíbe os presidentes russos de servirem mais de dois mandatos consecutivos. Em vez de continuar no cargo, ele escolheu Dmitry Medvedev para atuar como chefe de Estado nominal. "Esse foi um grande erro", observa Prokhanov, "pois ele desperdiçou quatro valiosos anos e se enfraqueceu no processo".

Criminalizando a crítica
Durante esse período de transição, os liberais se reuniram para apoiar Medvedev, diz Prokhanov, e dezenas de milhares deles foram às ruas quando Putin anunciou sua intenção de retornar à presidência. Essa pressão, afirma ele, fez com que o presidente começasse a se mexer.

Putin não é um estrategista, mas sim um homem com instintos políticos. Ele percebeu rapidamente que o interregno com Medvedev foi um erro. A fim de deter quaisquer acontecimentos que pudessem transformar a situação em algo incontrolável, Putin estabeleceu um novo curso político em maio passado. Desde então, ele limitou o direito dos cidadãos de organizar protestos e passou a controlar a internet. As organizações não-governamentais que recebem dinheiro do Ocidente agora têm que se registrar como "agentes estrangeiros". "Palavras ou comportamentos ofensivos" mais uma vez se transformaram em uma ofensa criminal, e os líderes da oposição, como o blogueiro Alexei Navalny, estão sendo julgados por acusações de fraude e peculato. Em outras palavras: toda a crítica ao regime foi criminalizada.

E essa tática tem funcionado. O argumento de que tudo de pernicioso nesse mundo vem do Ocidente ainda desencadeia uma resposta patriótica visceral em muitos russos. E esse é um reflexo que Putin usa a seu favor.

O patriotismo e o dever de defender a pátria é mais importante do que qualquer outra inclinação política, escreveu recentemente o presidente – uma mensagem que lembra vagamente a retórica adotada pelo Kaiser alemão às vésperas da Primeira Guerra Mundial. De acordo com Putin , o que está em jogo é nada menos do que "a preservação do caráter nacional da Rússia, suas tradições e raízes, juntamente com o seu patrimônio espiritual e cultural".

O próprio Putin deu o exemplo ao anunciar que irá trocar seu carro oficial, um Mercedes, por um veículo presidencial de fabricação russa. Os deputados e membros de seu gabinete não estão mais autorizados a manter contas bancárias no exterior, e os oligarcas russos estão sendo pressionados a trazerem seu capital de volta ao país. Além disso, o parlamento está debatendo a possibilidade de proibir os filhos de funcionários do governo de estudarem no exterior. Existe até mesmo uma proposta para proibir as mulheres russas de se casar com homens ocidentais.

"O presidente despertou as forças nacionais deste país", diz Prokhanov, o escritor. Ele afirma que Putin está novamente investindo na defesa do país e tentando implementar uma verdadeira política externa russa. "Qualquer um que não seja capaz de perceber o desastre se aproximando, a ocupação gradual do mundo pelos norte-americanos, que inclui a Rússia, só precisa olhar para a Síria e observar o papel do Ocidente por lá", argumenta ele.

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