O Estado admite que a lei tem um impacto negativo sobre a liberdade dos imigrantes africanos ilegais, mas acredita que seja por "uma boa causa". Ademais, essa emenda para a legislação de 1954 sobre a "prevenção da infiltração" está conforme "os valores do Estado de Israel como Estado judaico e democrático". Em uma palavra, ele é constitucional e "razoável". A "razão" é o fato de que o país não conseguia mais suportar o fato de estar se tornando um "polo de atração" para os milhares de africanos, homens, mulheres e crianças, que chegavam a cada mês do Sinai.
A resposta, introduzida em 2012 através dessa emenda, foi amontoá-los no centro de detenção de Saharonim, situado a 3 quilômetros da fronteira egípcia, perto de Nitzana, na fornalha do deserto de Neguev. Durante um "período ilimitado", mas que não seria menor que... três anos. Sem julgamento. A menos, é claro, que eles aceitassem voltar para o lugar de onde vieram. Passado esse tempo, sua soltura poderia ser "considerada" por um juiz. É uma lei que as associações humanitárias consideram perversa, mas ela tem sua lógica: a ideia é dissuadir, através desse tratamento punitivo, outros candidatos atraídos pelo eldorado econômico que o Estado judaico representa para eles.
A legislação israelense é como um monstro frio: ela não quer ouvir falar em "refugiados" e não saberia distinguir entre os africanos que são originários de países onde correm o risco de perseguições, como a Eritreia e o Sudão, e os outros. É claro, os cerca de 2.400 prisioneiros de Saharonim podem fazer um pedido de asilo em Israel, mas o fato é que nenhuma requisição foi aceita desde que a prisão abriu suas portas em julho de 2007.
O Ministério Público, ao aconselhar em meados de março que o Supremo Tribunal negasse o recurso apresentado por diferentes organizações de defesa dos direitos humanos contra essa emenda nefasta, enfatizou a necessidade de se preservar a soberania do Estado judaico. Para isso, o governo israelense tem feito todo o possível. Saharonim é um exemplo disso, não o único: restam somente poucos quilômetros de obras para concluir a barreira metálica de cinco metros de altura, com arame farpado, que corre sobre os 240 quilômetros da fronteira com o Egito.
Amostras de DNA
E isso funciona: a imigração ilegal desapareceu quase que totalmente. A consequência é que milhares de migrantes africanos permanecem presos no Sinai, zona sem lei onde as tribos beduínas atacam muitos deles, fechados em verdadeiros campos de tortura, abusos e estupros, às vezes durante meses, para obter um resgate. Duzentos e cinquenta desses sobreviventes foram parar em Saharonim. A mobilização das associações humanitárias, que condenam essa confusão carcerária entre solicitantes de asilo e criminosos, não foi em vão: no dia 6 de maio, nove eritreus e seus dez filhos, com idades entre 18 meses e 7 anos, foram libertados depois de terem sido detidos por até um ano.
Foi a organização de defesa dos direitos humanos Hotline for Migrant Workers, cuja corajosa representante é Sigal Rozen, que conduziu essa luta vitoriosa contra a Justiça israelense: esta acabou reconhecendo que o fato de ser menor de idade pode constituir "uma razão humanitária especial" que justifica deixar o universo carcerário de Saharonim, onde permanecem presas cerca de 15 crianças com menos de 10 anos e cerca de 150 mulheres. Não se sabe o número das demais --crianças e adolescentes de 10 a 18 anos.
Seria possível acreditar que, com a nova impermeabilidade da fronteira egípcia, Saharonim não teria mais razão de existir. Ledo engano: entre os 55 mil africanos ilegais que vivem em Israel, várias centenas deles foram presos nos últimos anos por serem considerados "infiltrados que colocam em risco a segurança nacional". Em abril, a Knesset aprovou em primeira leitura uma lei que lhes proíbe transferir dinheiro para o exterior, que evidentemente seria destinado a suas famílias.
Em maio, descobriu-se que a polícia israelense havia reunido cerca de mil amostras de DNA de imigrantes africanos que entraram ilegalmente em Israel desde o início de 2012. Nada de grave: somente decorrências da política de dissuasão contra imigrantes clandestinos. É por isso que Saharonim, o estigma carcerário de Israel, está longe de fechar suas portas.
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"..pura 'demoniocracia', aí dos vencidos..." Sds.
ResponderExcluirE eu ingenuamente achava que era só os palestinos q eram maltratados-perseguidos-e encarcerados em Israel,mero engano, qualquer um q não se encaixe no modelo judeu-branco-europeu está condenado a sofrer na mão dos sionistas.
ResponderExcluirE qdo judeus tem simpatia por alguém? Só por eles mesmos e dependendo da origem e para por aí. Pelo texto acima joga no ralo o que a imprensinha ocidental (toda judaica) gosta de falar que lá é a única democracia do OM. iSSrael não passa de uma Guantânamo maior, não respeitam ONU, Direito Internacional, soberania, ... etc. Pior, se acham no direito de exigiram dos outros países que os respeitem como NAÇÃO, rsrsrsr ... . Qdo a AMIA sofreu o atentado em Buenos Aires, foi um DEUS acuda! Em compensação anos antes, raptaram (mossad) lá o Eichmann (1960) e a soberania Argentina foi ultrajada e para iSSrael tudo muito normal. Por essas e muitas outras (cientistas iranianos) que aquilo lá no OM não passam de um bando de nazistas fantasiados de judeus que ainda Não Sairam dos Campos de Concentração.
ResponderExcluirvcs falam de Israel que fecha sua fronteiras e encarceram os ilegais q entram no pais:Pior é o Brasil que deixa sua fronteiras escancaradas para qualquer Ladrao,Traficante,e mts Fugitivos internacionais entrarem e se escondem aqui ;pq?pq nossas LEIS sao fragies demais e Favorece a esse tipo de Pessoas ,nunca nossas Leis favorecem o cidadao de BEM,somente essa excoria do Mundo q vem se esconder aqui e tem esse apoio dos Direitos Humanos que os Favorecem .HA casos e Casos tds devem ser analizados com justo dever de direito para tds ,agora falar q Israel ta errado é mt complicado ,o PIOR ficamos nos aqui no BRASIL com nossas leis Fajutas favorecendo quem DESTROI E CORROMPEM A SOCIEDADE {NOSSO BRASIL}.
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