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quarta-feira, 29 de maio de 2013

Ataque a usina enfraquece abastecimento de urânio na França

Atentado contra o grupo nuclear francês Areva, no Níger, deixou ao menos um morto. Na foto, pedaços do carro explodido no ataque
O ataque perpetrado no dia 23 de maio por um comando jihadista contra uma das minas de urânio da Areva, no Níger, traz à tona mais uma vez a questão da segurança desse ponto estratégico e altamente simbólico para a França.

O atentado suicida dentro do complexo foi particularmente violento. O veículo continha tamanha quantidade de explosivos (cerca de 400 quilos) que não restou nada. Ele entrou na zona industrial seguindo um ônibus que transportava funcionários. Talvez ele tenha errado seu alvo ao explodir na zona elétrica da usina. O teto dos prédios se despedaçou. Quatorze funcionários ficaram feridos e um outro morreu em decorrência dos ferimentos.

O grupo nuclear francês afirmou no meio do dia que a unidade de produção de urânio havia sido atingida pela explosão e que seria interrompida por um período ainda indeterminado.

Reivindicado pelo Movimento pela Unidade e pelo Jihad na África Ocidental (Mujao), o ataque evidenciou uma falha no dispositivo de segurança desse problemático ponto. A segurança é feita essencialmente pelas forças nigerinas e pela empresa privada de segurança francesa Epée. Foi em Arlit que, em setembro de 2010, sete pessoas que trabalhavam na extração de urânio foram sequestradas. Quatro delas, de origem francesa, ainda estão detidas como reféns no Sahel.

A França afirmou seu apoio ao presidente nigerino Mahamadou Issoufou. Os feridos foram retirados com a ajuda de recursos militares franceses: os meios de inteligência da operação Serval no Mali foram colocados à disposição. A informação não foi confirmada oficialmente, mas homens das forças especiais haviam sido enviados no final de 2012 para proteger as zonas das principais instalações da Areva no Níger.

35 milhões de euros pagos ao Níger pela Areva
O Níger é um dos três países que recebem locais de produção de urânio da Areva no mundo (com o Canadá e o Cazaquistão). No Níger, onde a Areva é, segundo ela mesma, a maior empregadora privada (há cerca de 80 expatriados presentes em três pontos e na capital, Niamey), a gigante francesa do setor nuclear opera com suas parceiras nigerinas, mas também japonesa e espanhola, duas minas perto de Arlit no norte do país, por meio de duas empresas: a Cominak e a Somair. Sozinhas, essas empresas fornecem 3.600 toneladas de urânio para a Areva, ou seja, pouco mais de um terço de sua produção mundial total.

Instalada no Níger há mais de 40 anos, a Areva tem apostado muito nesse país e sobretudo em outra mina, a de Imouraren. Essa mina a céu aberto --a maior da África, da qual a Areva possui uma participação de 56%-- deveria produzir 5.000 toneladas de urânio por ano. Sua operação só deverá começar em 2015, em vez de 2012, como estava inicialmente previsto.

O governo nigerino lamentou esse atraso por diversas vezes, criticando também uma situação onde o país, quarto maior produtor mundial de urânio, não está ganhando nada. Em uma entrevista ao "L'Express", em 23 de maio, o presidente nigerino, Mahamadou Issoufou, insistiu nesse ponto, estimando que "esse setor do urânio deve nos fornecer mais receita".

Dois meses atrás, após a tomada de reféns na usina de gás argelina de In Amenas, o grupo francês havia indicado que aceitava pagar 35 milhões de euros para o Níger para ajudá-lo a fazer a segurança de suas usinas de urânio.

Com essa declaração, a Areva quis responder à acusação formulada pela associação L'Observatoire du Nucléaire, segundo a qual essa doação seria destinada a compensar o atraso na operação da mina gigante de Imouraren, adiada para 2015. No dia 11 de março, durante uma viagem ao Níger, o presidente da atividade mineradora da Areva, Olivier Wantz, afirmou que o conjunto das atividades da empresa no Níger representava 5.300 empregos extras criados --sendo 2.700 empregos diretos-- e quase 180 milhões de euros em compras. "Das receitas geradas pela atividade mineradora, 70% vão para o Estado do Níger, 27% para a Areva e 3% aos demais parceiros", disse ele.

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