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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Wikileaks divulga que a Coréia do Norte vendeu ao Irã poderosos mísseis balísticos

Dois IRBM Musudan são expostos em parada militar na Coréia do Norte
A Coréia do Norte vendeu ao Irã mísseis BM25/Musudan-1 capazes de chegar a qualquer capital européia, inclusive Moscou, assim divulga o site do Wikileaks e que é citado pelo The New York Times.

Segundo o portal, o Irão comprou da Coréia do Norte 19 mísseis BM25/Musudan-1. O BM25/Musudan-1 norte-coreano é uma versão moderna do míssil soviético R-27 Zyb. Segundo os trabalhos de inteligência, o míssil norte-coreano é muito mais potente do que supunha os norte americanos.

De acordo com o “The New York Times”, especialistas anteriormente supuseram que alguns componentes desse mísseis poderiam ter sidos obtidos pelo Irã. No entanto, a notícia que os mísseis foram fornecidos inteiramente à República Islâmica foi uma surpresa.

Robôs são as mais novas forças militares

A guerra seria muito mais segura, diz o Exército, se fosse mais travada por robôs

Talon 2
 E apesar de máquinas inteligentes já fazerem parte da guerra moderna, o Exército e seus fornecedores estão ávidos por acrescentar mais. Novos robôs –nenhum deles com aparência particularmente humana– estão sendo projetados para cuidar de um número cada vez maior de tarefas, desde detectar atiradores até servir como sentinelas noturnos incansáveis.

Em uma cidade de mentira daqui, usada pelos Rangers do Exército para treinamento de combate urbano, um robô de 38 centímetros com uma câmera de vídeo circula por uma fábrica de bombas em uma missão de espionagem. No alto, uma silenciosa aeronave não tripulada com envergadura de 1,2 metro transmite imagens dos prédios abaixo. Na cena entra um veículo sinistro com esteiras de tanque, aproximadamente do tamanho de um trator cortador de grama, equipado com metralhadora e lançador de granada.

 Três técnicos com mochilas nas costas, parados na linha de fogo, operam os três robôs com controladores sem fio estilo videogame. Um deles movimenta a câmera de vídeo do robô armado até avistar um atirador em um telhado. A metralhadora faz uma pirueta, aponta e dispara duas rápidas rajadas. Caso as balas fossem reais, o alvo teria sido destruído.

As máquinas, vistas em um “Rodeio de Robôs” no mês passado em uma escola de treinamento do Exército aqui, não apenas protegem os soldados, mas também nunca se distraem, usando um olho digital que não pisca, ou “olhar persistente”, que detecta automaticamente até mesmo o menor movimento. E também não entram em pânico sob fogo.

 “Um dos melhores argumentos a favor do robô armado é que ele pode ser o segundo a atirar”, disse Joseph W. Dyer, um ex-vice-almirante e diretor operacional chefe da iRobot, que faz robôs que removem explosivos, assim como o robô aspirador de pó Roomba. Quando um robô olha para um campo de batalha, ele disse, o técnico a distância que está vendo pelos seus olhos pode avaliar a cena com mais calma, sem disparar apressadamente contra uma pessoa inocente.

Mas a ideia de que robôs com rodas ou pernas, com sensores e armas, possam algum dia substituir ou suplementar soldados humanos ainda é fonte de extrema controvérsia. Como os robôs podem realizar ataques com pouco risco imediato para as pessoas que os operam, os oponentes dizem que os guerreiros robôs reduzem as barreiras às guerras, tornando as nações potencialmente mais dispostas a travá-las e levando a uma nova corrida armamentista tecnológica.

“As guerras começarão muito fácil e com custo mínimo” à medida que a automação aumentar, previu Wendell Wallach, um acadêmico do Centro Interdisciplinar de Bioética de Yale e presidente de seus grupo de estudos de tecnologia e ética.

Os civis correrão maior risco, argumentam as pessoas no campo de Wallach, devido à maior dificuldade em distinguir combatentes e transeuntes inocentes. Esse trabalho é terrivelmente difícil para os soldados em solo. Ele se torna ainda mais difícil quando um dispositivo é operado à distância.

Este problema já ocorre com as aeronaves “Predator”, que encontram seus alvos com a ajuda de soldados no solo, mas são operadas a partir dos Estados Unidos. Como civis no Iraque e Afeganistão morreram em consequência de danos colaterais ou erros de identificação, os “Predators” têm gerado oposição internacional e provocaram acusações de crimes de guerra.

 Mas os combatentes robôs são apoiados por um grande número de estrategistas militares, oficiais e projetistas de armas –e até mesmo alguns defensores de direitos humanos.

“Muita gente teme a inteligência artificial”, disse John Arquilla, diretor executivo do Centro de Operações de Informação da Escola Naval de Pós-Graduação. “Eu ficarei ao lado da minha inteligência artificial contra o seu humano em qualquer dia da semana e direi que minha IA prestará mais atenção às regras de engajamento e criará menos lapsos éticos do que uma força humana.”

Arquilla argumenta que sistemas de armas controlados por software não agirão movidos por raiva ou malícia e, em certos casos, podem tomar melhores decisões no campo de batalha do que os seres humanos.

 Sua fé nas máquinas já está sendo testada.

“Alguns de nós pensam que a estrutura organizacional certa para o futuro é uma que misture habilmente seres humanos e máquinas inteligentes”, disse Arquilla. “Nós achamos que essa é a chave para o domínio das questões militares do século 21.”

A automação provou ser vital nas guerras que os Estados Unidos estão travando. No ar no Iraque e no Afeganistão, aeronaves não tripuladas com nomes como Predator, Reaper, Raven e Global Hawk têm mantido inúmeros soldados de fora de incursões militares. Além disso, os militares agora usam rotineiramente mais de 6 mil robôs telecontrolados para revistar veículos em barreiras, assim como para desarmar uma das armas mais eficazes dos inimigos: o dispositivo explosivo improvisado.

 Mas a mudança para uma guerra automatizada pode oferecer apenas uma vantagem estratégica fugaz para os Estados Unidos. Cinquenta e seis países atualmente estão desenvolvendo armas robóticas, disse Ron Arkin, um roboticista do Instituto de Tecnologia da Geórgia e um pesquisador financiado pelo governo que argumenta que é possível projetar robôs “éticos” que cumpram as leis de guerra e as regras militares de escalada.

Mas as questões éticas estão longe de serem simples. No mês passado na Alemanha, um grupo internacional que inclui pesquisadores de inteligência artificial, especialistas em controle de armas, defensores de direitos humanos e autoridades do governo, pediu por acordos para limitar o desenvolvimento e uso de armas autônomas e telecontroladas.

O grupo, conhecido como Comitê Internacional para Controle de Armas Robóticas, disse que a guerra pode ser acelerada por sistemas automatizados, minando a capacidade dos seres humanos de tomar decisões responsáveis. Por exemplo, uma arma projetada para funcionar sem os seres humanos poderia atirar mais rapidamente em um agressor, sem a consideração do soldado dos fatores sutis no campo de batalha.

“Os benefícios a curto prazo obtidos com os aspectos de robotização da guerra provavelmente serão superados pelas consequências a longo prazo”, disse Wallach, o acadêmico de Yale, sugerindo que as guerras ocorreriam mais prontamente e que uma corrida armamentista tecnológica se desenvolveria.

 Enquanto o debate continua, também prossegue os esforços de automação do Exército. Em 2001, o Congresso deu ao Pentágono a meta de tornar um terço dos veículos de combate terrestres operados por controle remoto até 2015. Isso parece improvável, mas ocorreram passos significativos nessa direção.

 Por exemplo, um dispositivo Lockheed Martin parecido com um vagão e que pode transportar mais de 450 quilos de equipamento e seguir automaticamente um pelotão a até 27 km/h, deverá ser testado no Afeganistão no início do ano que vem.

Para terrenos mais acidentados longe de estradas, os engenheiros da Boston Dynamics estão projetando um robô que anda para carregar equipamento. Previsto para ser concluído em 2012, ele carregará 180 quilos por até 32 quilômetros, seguindo automaticamente um soldado.

Os módulos com quatro pernas têm um senso de equilíbrio extraordinário, podem escalar terrenos íngremes e até mesmo se mover em superfícies congeladas. A “cabeça” do robô tem uma série de sensores que lhe dão a estranha aparência de um cruzamento de besouro e cachorro. De fato, uma versão experimental anterior do robô passou a ser conhecida como Big Dog (cachorrão).

Neste mês, o Exército e militares australianos realizaram uma competição de equipes para desenvolvimento de microrrobôs móveis –alguns não maiores do que miniaturas de carros– que, operando em enxames, podem mapear uma área potencialmente hostil, detectando precisamente uma série de ameaças.

 Separadamente, um cientista da computação da Escola Naval de Pós-Graduação propôs que a Agencia de Projetos de Pesquisa Avançada da Defesa financie um sistema robótico submarino, que controlaria inteligentemente equipes de golfinhos para detecção de minas submarinas e proteção dos navios nos portos.

“Se entrarmos em um conflito com o Irã, a probabilidade de tentarem algo no Estreito de Hormuz é alta”, disse Raymond Buettner, vice-diretor do Centro de Operações de Informação na Escola Naval de Pós-Graduação. “Uma mina terrestre explodindo um navio e estrangulando o fornecimento mundial de petróleo paga por todo o programa de mamíferos marinhos da Marinha e seu programa robótico por muito tempo.”

Esses programas representam um ressurgimento do desenvolvimento de sistemas autônomos, após os caros fracassos e o cancelamento do programa mais ambicioso do gênero pelo Exército em 2009. A estimativa era de que esse programa custaria mais de US$ 300 bilhões e forneceria ao Exército uma série de veículos tripulados e não tripulados ligados a uma rede de informação futurista.

 Agora, a mudança para o desenvolvimento de sistemas menores, mais leves e menos caros é clara. Os defensores dizem que é uma consequência do esforço de causar menos baixas civis. A aeronave “Predator”, por exemplo, está sendo equipada com armas menores e mais leves do que o tradicional míssil Hellfire de 100 libras, com um raio de mortes menor.

Ao mesmo tempo, os tecnólogos militares afirmam que robôs autônomos e semiautônomos telecontrolados são a melhor forma de proteger as vidas das tropas americanas.

 Unidades das Forças Especiais do Exército compraram seis robôs do tamanho de tratores cortadores de grama –do tipo exibido no Rodeio de Robôs– para missões secretas, e a Guarda Nacional pediu para que mais dezenas deles sirvam como sentinelas em bases no Iraque e no Afeganistão. Essas unidades são conhecidas como Sistema Robótico Avançado Modular Armado, ou Maars (na sigla em inglês), e são produzidos por uma empresa chamada QinetiQ North America.

 Os robôs “Maars” atraíram o interesse dos militares como sistema defensivo durante um exercício dos Rangers do Exército realizado aqui, em 2008. Usado como sentinela noturno contra infiltradores equipados com sistemas de termovisão, a unidade “Maars” alimentada por bateria permaneceu invisível –ela não tinha a assinatura de calor de um ser humano– e podia “atirar” nos invasores com uma arma de mira laser sem ser detectado, disse Bob Quinn, vice-presidente da QinetiQ.

O “Maars” é um descendente de um sistema experimental anterior desenvolvido pela QinetiQ. Três protótipos armados foram enviados ao Iraque e criaram uma breve controvérsia após apontarem uma arma do modo impróprio, por causa de um bug no software.

 Mas os executivos da QinetiQ disseram que a falha real do sistema foi o fato de ter sido rejeitada pelos oficiais legais do Exército por não seguirem as regras militares de engajamento –por exemplo, usando alertas de voz e então atirando gás lacrimogêneo antes de disparar as armas de fogo. Como consequência, o Maars foi equipado com um alto-falante e um lançador, para que possa emitir alertas e disparar granadas de gás lacrimogêneo antes de disparar sua metralhadora.

Sistemas controlados remotamente como a aeronave “Predator” e o “Maars” dão mais um passo na direção das preocupações com a automação da guerra. O que acontece, perguntam os céticos, quando os seres humanos são retirados da tomada de decisão de disparar armas? Apesar da insistência dos oficiais militares de que um dedo humano sempre permanecerá no gatilho, a velocidade do combate está rapidamente se tornando rápida demais para os tomadores de decisões humanos.

 “Se as decisões são tomadas por um ser humano que mantém seus olhos no alvo, se ele está sentando em um tanque ou a quilômetros de distância, a principal salvaguarda ainda está lá”, disse Tom Malinowski, diretor em Washington do Human Rights Watch, que monitora crimes de guerra. “O que acontece quando essa decisão é automatizada? Os defensores dizem que seus sistemas apresentam apenas vantagens, mas isso não me tranquiliza.”

domingo, 28 de novembro de 2010

Documentário - Rio de Janeiro: Segurança em Jogo

Pela primeira vez na História, em 2016, os Jogos Olímpicos acontecerão na América do Sul. A cidade escolhida: o Rio de Janeiro, que também sediará a partida final da Copa do Mundo de 2014. O tempo corre e uma pergunta permanece: a Cidade Maravilhosa é segura o bastante para abrigar tais eventos?

 


sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Exército só aceita participar se assumir comando da ação!

Caso contrário, ação de militares do Exército ficará restrita à logística e à comunicação

Submissão do Exército ao comando da PM do Rio seria considerada quebra de hierarquia e teria entraves legais


Apesar da entrada da Marinha contra a violência no Rio, o Exército alega restrições legais e impõe uma condição para participar: assumir o comando da operação.

Caso contrário, a sua colaboração com a ofensiva contra criminosos, se ocorrer, deverá ficar restrita à logística e à comunicação, descartando uma atuação direta. Isso exclui usar efetivo para subir os morros ou cercar uma determinada área.

A Folha apurou que os generais dizem que não há hipótese de o Exército ser comandado pela Polícia Militar, porque isso seria uma inversão de hierarquia, ferindo a lei 97 de 26 de junho de 1999 (sobre uso militar para garantia da lei e da ordem) e podendo causar dificuldades futuras na Justiça.

Caso um militar em tiroteio com bandidos atingisse um civil, por exemplo, ele não poderia alegar em juízo que cumpria ordens do governador ou do comandante da PM. O Exército só atende ordens do Ministério da Defesa e da Presidência.

Autorização
Não ficou claro, nem mesmo para a Marinha, o motivo de o governador Sérgio Cabral ter pedido e a Defesa ter autorizado a integração apenas da Marinha no confronto com os criminosos.

A justificativa oficial é que a Força Naval dispõe dos tipos de veículo adequados à operação, por serem menores e de mais fácil tráfego em ruas estreitas e tortuosas como as dos morros.
Em nota, a Marinha disse que se trata de veículos militares envolvidos apenas no transporte de policiais.

Para o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, os blindados foram fundamentais para que a polícia pudesse ocupar a favela da Vila Cruzeiro.

"Os blindados permitiram que as tropas atravessassem a linha de fogo. Com esse equipamento, a tomada do território foi feita até com uma certa facilidade. Mais uma vez está provado que o Estado unido, organizado, entra em qualquer lugar."

O comandante do Exército, general Enzo Martins Peri, determinou duas providências: estado de alerta, para o caso de convocação do Ministério da Defesa, e reforço da segurança das unidades do Exército no Estado.

Ele estava ontem no Rio, mas para a formatura de novos oficiais pelo IME (Instituto Militar de Engenharia).
Hoje, haverá uma nova coincidência: o deslocamento de tropas no Rio, mas por causa do Campeonato Mundial Militar de Tiro, que reúne representantes de cerca de 40 países e é uma preparação para os Jogos Mundiais Militares de 2011 no Rio.

As delegações estrangeiras vão se deparar com um cenário de guerra, pois os estandes das provas de tiro estão distribuídos por vários pontos da cidade. A maior concentração em Deodoro, na zona norte.

Capitão Nascimento

Ontem foi dia de a realidade imitar a arte. Foi dia de torcer pelo Capitão Nascimento de Tropa de Elite, que todos nós vimos em ação, ao vivo e a cores, nas reportagens das emissoras de televisão. Que o personagem de Wagner Moura tenha se tornado o novo herói nacional é um sinal dos tempos, não necessariamente um bom sinal.

Ontem entraram em ação centenas de capitães Nascimento encarnados em cada um dos soldados do BOPE, que o personagem do filme de José Padilha se orgulha de ter transformado em “uma máquina de guerra”.

E quando essa máquina de guerra conseguiu colocar em disparada várias dezenas de bandidos em fuga pela mata, em direção ao Morro do Alemão, houve comemoração do cidadão comum que assistia à TV Globo como se acompanhasse um filme de aventura em que os mocinhos eram os policiais.

Ou como se aquelas imagens em tempo real fizessem parte de um game em que o telespectador poderia interferir manejando os comandos.

Mas foi também dia de a população como um todo tomar consciência da gravidade da situação, que muitas vezes só é sentida na carne pelas comunidades mais carentes.

A ação de terrorismo distribuída por toda cidade, que já vinha sendo revelada com os arrastões na Zona Sul nos últimos dias, evidenciou que essas facções criminosas continuam ativas e bem armadas, com capacidade de levar o pânico a qualquer ponto.

O ponto positivo foi ver a reação policial, que deu a sensação de ter sido bem coordenada e comandada com extrema cautela para não colocar em risco a população. E mesmo assim eficiente.

É claro que a realidade lá fora mostrava uma cidade apavorada, quase deserta, com as pessoas escondidas dentro de casa.

Nas localidades envolvidas diretamente na guerra, era possível ver vez por outra lençóis brancos sendo acenados em pedidos desesperados de paz, enquanto as ações de guerrilha continuavam na Vila Cruzeiro, que acabou sendo dominada pelas forças públicas.

Essa verdadeira operação de guerra que se desenvolveu durante todo o dia na região da Penha mostrou uma grande ofensiva policial feita por 150 policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e 30 fuzileiros navais com rostos pintados, colocando várias dezenas de bandidos em fuga, permitindo que a polícia ocupasse o alto da Vila Cruzeiro, aonde não conseguiam chegar a anos.

E tudo mostrado ao vivo pelos helicópteros das televisões, que deixaram os telespectadores espantados com o poder de fogo dos bandidos, e a quantidade de pessoas envolvidas nessa guerra.

Foi um reality show em tempo real que, ao mesmo tempo em que colocou em cada um de nós um sentimento de horror com a constatação da dimensão do problema que a cidade enfrenta, deu-nos também a certeza de que é preciso apoiar a ação do governo, que não há mais volta nesse combate contra o tráfico de drogas.

O fato de que pela primeira vez no combate aos traficantes foram usados Urutus da Marinha de Guerra é “histórico”, como definiu o secretário de segurança José Mariano Beltrame, ao mesmo tempo em que todos ficamos espantados com a insinuação do secretário de que o Exército não parece disposto a colaborar.

A participação dos Urutus da Marinha, e de Fuzileiros Navais na operação foi mais um elemento emocional positivo para a ação da polícia.

A cada barreira que um Urutu ultrapassava, parecia uma vitória da sociedade sobre a bandidagem.

Mesmo que a Secretaria de Segurança não planejasse a ocupação da Vila Cruzeiro, ela se tornou inevitável depois que a TV Globo mostrou aquelas imagens, na quarta-feira, de bandidos chegando aos magotes de tudo quanto é lado, para se esconderem na favela que se transformou no bunker da direção da maior facção criminosa do Rio, que comanda as ações terroristas dos últimos dias.

A sensação dos especialistas é de que os policiais montaram uma operação dentro da lógica antiga de responder com uma ação direta no núcleo da bandidagem, para mostrar força, mas para entrar e sair da favela.

E a reação política da sociedade está mostrando que o avanço da polícia foi sentido de maneira tão positiva pela população que vale mais pelo lado intangível do sentimento de vitória do que pela propriamente pela ação em si.

As forças públicas não poderão sair tão cedo de Vila Cruzeiro, mesmo que não venha a ser instalada lá pelo momento uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), como chegou a ser anunciado.

Essas unidades pacificadoras estão se revelando um ativo político importantíssimo, com ampla aceitação pela população, mesmo que falte a essa política uma imprescindível ação de planejamento para combater as conseqüências da retirada dos bandidos dos territórios que dominavam.

Está se produzindo um fenômeno político que é a reação da sociedade de unidade em torno da ação do governo.

Se as forças públicas saírem da Vila Cruzeiro, ficará a sensação de que foram derrotados.

A reação dos bandidos de tocar o terror na cidade foi extremamente negativa para eles, por que conseguiram provocar uma grande unidade na sociedade, não entenderam que em certas circunstâncias o Estado não pode recuar.

O sinal de que estão descontrolados foi o ataque até a uma ambulância, com doente dentro, que conseguiu sair antes que o veículo pegasse fogo.

Os protagonistas no Rio são as milícias

Estamos assistindo ao fim de um período e ao provável ingresso em outro patamar, que exigirá instrumentos mais amplos que as UPPs

Policiais ficam em posição durante tiroteio com traficantes na favela da Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro
A interpretação oficial corrente sobre os eventos no Rio de Janeiro tem atribuído à reação dos traficantes às UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) a explicação para o impressionante surto de violência.

Trata-se de argumento simplificador, que desconhece o complexo processo que vem se desenvolvendo ao longo de quase duas décadas e que agora ingressa em um novo patamar de organização da atividade criminosa.

Atividades criminosas têm-se estruturado seguindo uma lógica bastante similar nos grandes centros urbanos brasileiros. Iniciam-se com atividades de gangues de bairros em ambientes urbanos deteriorados e assolados por péssimas condições econômicas e sociais.

O aprisionamento desses membros cria um novo patamar de organização, que se estrutura inicialmente no interior das prisões, com formação de coalizões, tendo como objetivo inicial sua proteção e, posteriormente, associação para fins criminais. Essa é a origem de PCC (Primeiro Comando da Capital), Comando Vermelho, ADA (Amigos dos Amigos) ou Terceiro Comando.

Nesse estágio, inaugura-se também um período de intensa competição entre grupos, com uso maciço de armas de fogo e a introdução crescente de mecanismos de corrupção. O amplo domínio territorial desses grupos é a marca desta fase.

Este arranjo se desmorona e o que estamos assistindo são os estertores desse período.

Seus protagonistas encontram-se crescentemente acuados: de um lado, por estratégias do governo estadual que são bastante distintas do padrão vigente; por outro, temos emergência de grupos mais voltados para uma lógica empresarial e com padrões de eficiência criminal mais elevados.

Há uma expansão das atividades comerciais, que agora não se limitam apenas ao tráfico de drogas, mas se estendem a diversos outros tipos de atividades ilegais, tais como a venda informal de serviços e bens públicos por meio de "gatos", provisão de bens e serviços, como gás, transporte e segurança, e até mesmo exploração de prostituição.

No lugar do violência, a cooptação, o ingresso no mundo da política e a infiltração institucional. Os protagonistas centrais deste processo no Rio têm sido as milícias, para quem o espetáculo exuberante da etapa anterior não é mais funcional para os negócios.

Por sua vez, o Estado do Rio de Janeiro tem atuado firmemente em estratégias visando o restabelecimento da ordem, buscando a erradicação das armas de fogo e a retomada de territórios.

Estamos assistindo ao fim de um período e ao provável ingresso em outro patamar, que exigirá instrumentos e políticas mais amplos e profundos que a bandeira das UPPs. Estas, aliás, devem se multiplicar e deveriam ser parte de um projeto sistêmico e com perspectiva mais estratégica.

Propaganda de guerra

Policial corre em busca de proteção contra tiros durante operação na favela da Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro
Já no início da madrugada de ontem, o "Jornal da Globo" procurava atualizar os números da guerra civil carioca: tantas pessoas mortas, tantos presos, pelo menos cinco carros queimados depois das oito da noite... O balanço do dia era devastador: escolas sem aula, comércio fechado, pessoas aflitas ou em pânico correndo para se refugiar em casa.

Veio então o intervalo comercial. E, com ele, a propaganda de uma empresa de blindagem de automóveis. Anunciava "proteção ao seu alcance", a partir de R$ 18.950, um precinho supostamente "popular" para os padrões do serviço.

Tratava-se de uma autêntica propaganda de guerra, do tipo "adapte seu carro aos novos tempos" de terror urbano. Não deixa de ser mais um capítulo, cruelmente irônico, de uma tradição brasileira: problemas públicos, soluções privadas.

Mas deixemos de lado a proteção fantasiosa do anúncio comercial. Há outra propaganda de guerra nas ruas. Ela parte do governo fluminense e ecoa em toda a mídia: a onda de violência e caos que tomou o Rio não passa de uma reação desordenada, um sintoma de desespero do tráfico, que começou a ser desarticulado e desalojado pelas UPPs.

Deve-se mesmo acreditar nisso?

O governador Sérgio Cabral é antes de tudo um grande marqueteiro. Diante de tudo o que estamos vendo, à luz das cenas de uma cidade conflagrada, é preciso no mínimo desconfiar do discurso do êxito da política de segurança. Sua conexão com a realidade parece bem tênue.

O uso de blindados da Marinha para ajudar a polícia a "subir o morro" certamente impressiona. Se alguém ainda hesitava em chamar isso de guerra, às favas com o pudor. A população, exausta ou aterrorizada, aprova tais operações militares.

Porém, no dia em que as Forças Armadas se envolverem no combate ao tráfico, serão inevitavelmente contaminadas por ele. Estaremos então mais próximos de um cenário colombiano de narcobarbárie ou de uma cidade, enfim, pacificada?

Com a palavra o Coronel José Vicente da Silva Filho

Ex-Secretário de Segurança fala sobre possibilidade de bandidos cariocas migrarem

José Vicente da Silva falou sobre os ataques que estão acontecendo no Rio de Janeiro e sobre a possibilidade de os bandidos cariocas migrarem para São Paulo.

4º BPChq: Batalhão de elite comemora 2 anos e resultados positivos

O 4º Batalhão de Polícia de Choque (4º BPChq), que centraliza três importantes unidades da Polícia Militar – o Comando de Operações Especiais (COE), o Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) e o Canil –, comemora o seu segundo aniversário. Durante solenidade realizada na manhã desta quinta-feira (25) na sede do batalhão, localizado na Vila Maria, zona norte da Capital, foram destacados os resultados positivos no combate à criminalidade.

O secretário da Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto, disse que as atividades desenvolvidas pelos policiais militares do 4º BPChq são de extrema importância para a corporação. “O 4º Batalhão de Choque é responsável por um policiamento de relevância, feito pelo Comando de Operações Especiais, pelo Gate e pelo Canil, e nós confiamos na competência e no esmero da tropa”.

Ao 4º BPChq são atribuídas missões de contra-guerrilha urbana e rural, patrulhamento em locais de alto risco como favelas, resgate de reféns, ocorrências que envolvam explosivos, salvamento de pessoas perdidas na mata, localização de drogas, entre outras funções. A unidade ainda apoia operações de controle de rebeliões e na segurança em eventos de grande porte. Além disso, promove cursos de especialização em suas áreas de atuação, com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento profissional.

Batalhão recém-formado
Criado a partir do desmembramento do 3º BPChq, em 27 de novembro de 2008, dentro de um programa de reestruturação da Polícia Militar, o 4º BPChq conta com um efetivo de 391 policiais, divididos entre o COE, Gate e Canil da PM, que utilizam 45 viaturas. Deste total de profissionais, 38 são policiais femininas. A unidade mais antiga do batalhão é o Canil, com 60 anos de existência – o COE tem 40 anos e o Gate surgiu há 22.

Para Ferreira Pinto, a centralização das três unidades em um único batalhão trouxe benefícios para a Polícia Militar. “A concentração facilita em termos de inteligência, treinamento, entrosamento, planejamento e comando, ou seja, isso veio para aprimorar o serviço da Tropa de Choque”.

Operações de sucesso
O secretário da Segurança Pública destacou que o 4º BPChq também foi responsável pelo enfrentamento do crime organizado como, por exemplo, nas edições da Operação Saturação por Tropas Especiais (Oste).

A Operação Divisa, realizada na região de Presidente Prudente, também foi citada por Ferreira Pinto como exemplo de sucesso. Ele parabenizou a atuação dos policiais militares. “Esses policiais ficaram longe do convívio dos familiares por um longo período naquela região. É uma tropa abnegada, destemida e pronta para qualquer missão, é um orgulho para a Polícia Militar”.

Iniciada em 18 de setembro deste ano, a Operação Divisa tem o objetivo de coibir o contrabando, descaminho – crime contra a ordem tributária –, tráfico de drogas, armas e munições, furtos e roubos. A ação contou com uma média diária de 57 policiais militares rodoviários, 171 do Choque e 229 do Comando de Policiamento do Interior 8 (CPI-8), responsável pela região. Eles trabalharam na divisa de São Paulo com o Mato Grosso do Sul.

Até o final de outubro foram realizadas 136 prisões de procurados da Justiça, apreensão de quatro armas, oito ocorrências de contrabando e 16 de tráfico, com 677 quilos de maconha e 11,8 quilos de cocaína apreendidos.

O comandante geral da Polícia Militar, coronel Álvaro Batista Camilo, se mostrou satisfeito pela atuação dos policiais militares. “Parabenizo em nome do Comando Geral todos os integrantes do 4º de Choque pelas grandes operações realizadas no Estado de São Paulo, pela diferença e pelo grande trabalho que fizeram nas nossas Operações Saturação no enfrentamento ao crime organizado”.

Medalha Cinquentenário do Canil
Na solenidade, convidados foram condecoradas com a Medalha Cinquentenário do Canil. A homenagem é destinada a personalidades civis, militares, instituições públicas ou privadas, que tenham contribuído com o trabalho do 4º BPChq ou que, de algum modo, prestaram relevantes serviços ao estado.

Além disso, foi inaugurado o retrato do ex-comandante do 4º Batalhão de Choque, coronel Antonio Marin, que esteve à frente da unidade de operações especiais de 14 de janeiro a 23 de maio de maio deste ano. Atualmente, o coronel Marin comanda o Comando de Policiamento de Área Metropolitano 3 (CPA/M3), responsável pela zona norte de São Paulo. Agora quem está à frente do 4º Batalhão de Choque é o tenente-coronel Flávio Jari Depieri.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Medvedev afirma que a qualidade dos UAVs russos melhorou notavelmente

O presidente russo, Dmitri Medvedev, ao participar de um Plenário com comandantes das Forças Armadas Russas, disse que a qualidade dos aviões não-tripulados russos melhorou notavelmente graças a cooperação com empresas estrangeiras.

“Tínhamos encontrados problemas com aparatos não-tripulados. Nos vimos obrigados a tomar uma decisão de adquirir aparatos no exterior. Como resultado, a qualidade de nossos aviões não-tripulados melhorou substancialmente, porque os fabricantes russos temem perder esse mercado”, disse o presidente.

Rússia gastará com a defesa 2,8% do seu PIB até 2020, afirma Medvedev

O presidente da Federação Russa, Dmitri Medvedev, declarou hoje que o financiamento dos programas militares se manterá em 2,8% do PIB no próximo decênio.

“A partir desse ano até 2020, o volume anual de investimentos na defesa nacional se preservará em 2,8% do PIB”, disse Medvedev ao se reunir com os comandos militares na província de Nizhny Novgorod.

O presidente agregou que o Estado teve que “introduzir correções notáveis para os pressupostos” e “até cortar alguns programas” para garantir esse financiamento e assim dotar as Forças Armadas como novos equipamentos e resolver os problemas sociais que têm os militares.

O presidente fez essa declaração em visita ao polígono Gorodetsky, onde observou uma série de exercícios em que o Exército de Terra efetua desde o dia 15 de novembro.

É a primeira vez que o presidente russo assistem manobras militares desde que a defesa concluiu uma reforma do controle de tropas e criou quatro comandos estratégicos (Centro, Oeste, Este e Sul) em substituição de seis distritos militares que a Rússia herdou da União Soviética.

Pyongyang se prepara para testar seu novo míssil de médio alcance Musudan, diz imprensa japonesa

Dois IRBM Musudan
A Coréia do Norte se prepara para efetuar nos próximos meses testes com seu novo míssil balístico de médio alcance, Musudan, supostamente capaz de transportar ogivas nucleares, informa hoje o jornal japonês Sankei, que menciona fontes da inteligência japonesa.

O Musudan tem alcance médio de até 3.000 km e é uma versão modernizada do míssil soviético para o uso naval R-27. A Coréia do Norte exibiu o míssil Musudan pela primeira vez em outubro passado, durante o desfile militar. O desfile militar faz parte das comemorações para o 65º aniversário da fundação do Partido dos Trabalhadores da Coréia do Norte.

Fontes consultados pelo jornal Senkei sugerem que técnicos iranianos ajudaram os seus colegas norte-coreanos nos preparativos para o teste do míssil.

O alcance do novo projétil norte-coreano é suficiente para alcançar a ilha de Okinawa, que fica ao sul do arquipélago japonês. O míssil também pode alcançar a ilha de Guam, onde se encontra a zona ocidental do Pacífico e que pertence aos EUA.

Japão e EUA observaram o teste com o Musudan de perto. A base naval japonesa de Sasebo, perto de Nagasaki, já abriga o navio americano USNS Observation Island, cuja a missão é monitorar o lançamento de mísseis balísticos.

Rússia autoriza passagem de blindados da Otan por seu território

Decisão é parte de acordo de trânsito firmado entre Moscou e a aliança que luta no Afeganistão

A Rússia vai permitir que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) envie através do seu território veículos blindados ao Afeganistão, como parte da ampliação de um acordo de trânsito, disse nesta quinta-feira, 25, o ministro de Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov.

O acerto permitirá aos EUA e aliados reduzirem sua dependência do instável Paquistão. "O trânsito se aplica a veículos blindados com proteção antiminas", afirmou Lavrov, durante uma entrevista à imprensa ao lado do chanceler afegão, Zalmau Rasul.

O acordo não autoriza a passagem de armas para a missão da Otan no Afeganistão, onde a então União Soviética travou uma guerra desastrosa que custou a vida de cerca de 15 mil soldados soviéticos.

Rasul disse que o presidente afegão, Hamid Karzai, está planejando uma visita a Moscou em janeiro de 2011.

Karzai tem procurado melhorar as relações entre os dois países. Em sua última visita à Rússia, em agosto, ele pediu ao presidente russo, Dmitry Medvedev, ajuda para impor a paz e a estabilidade ao Afeganistão.

Rússia cogita novas bases navais no exterior

O presidente da Rússia, Dmitry Medvedev, disse na quinta-feira que seu país cogita instalar novas bases navais no exterior, a fim de ampliar o alcance global das suas Forças Armadas.

Nas décadas de 1970 e 80 - durante a era soviética -, Moscou possuía dezenas de bases navais na Europa, América Latina, África e Sudeste Asiático. Com a crise econômica que se seguiu ao fim da URSS, suas forças ficaram praticamente restritas a bases domésticas.

Vladimir Putin começou a reconstruir o poderio militar russo ao assumir a presidência do país, em 2000. No ano passado, fontes militares informaram à agência Itar-Tass que Moscou havia decidido estabelecer bases navais na Líbia e no Iêmen, além de ampliar suas instalações no porto sírio de Tartus.

"Eu não faria segredo de que temos certas ideias sobre o tema (de bases no exterior)", disse Medvedev numa reunião com militares, mostrada pela TV. "Mas eu não as citaria em voz alta, por razões óbvias."

Jobim deve permanecer na Defesa

Apesar de ter tido embates com a presidente eleita, atual ministro tem apoio de Lula e Palocci e é nome mais cotado para o cargo

Nelson Jobim
Condutor do delicado e bilionário processo de aparelhamento das Forças Armadas e com fama de bons serviços prestados ao governo Lula, Nelson Jobim é o nome mais cotado para permanecer à frente do Ministério da Defesa. Na quarta-feira da semana passada, Jobim recebeu para um almoço o deputado Antonio Palocci (PT-SP), um dos coordenadores da transição do novo governo.

No cardápio, a consulta a Jobim se concordaria em continuar à frente do Ministério da Defesa no governo da presidente eleita Dilma Rousseff. A conversa, no entanto, não foi conclusiva e será retomada assim que Dilma fechar o desenho que deseja para o Planalto e a equipe econômica.

O convite a Jobim é do interesse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O presidente enumera várias razões para sua permanência. Primeiro, a dificuldade de encontrar pessoas com perfil específico para comandar a área militar, uma pasta com enorme complexidade. Jobim também está no meio da condução do processo de verdadeira instalação do Ministério da Defesa e está conduzindo o embate que ainda poderá ocorrer em torno do Plano Nacional de Direitos Humanos, que se encontra no Congresso.

Enviado pela presidente eleita, Palocci, que também defende a permanência de Jobim no cargo, começou a conversa perguntando ao atual ministro se ele "teria interesse em permanecer no cargo". Ouviu do ministro da Defesa que "quem tem de demonstrar interesse em ele permanecer ou não no cargo é o novo governo e não ele". O diálogo foi interpretado por alguns segmentos como delicado. Mas a Defesa e a equipe de transição asseguram que não houve nenhuma trombada.

Ao justificar porque considerava que o sinal da consulta estava invertido, Jobim contou a Palocci quais as circunstâncias que o levou a aceitar o convite de Lula e assumir o Ministério da Defesa. Na época, o País vivia a crise aérea e Lula estava decidido a tornar a Pasta uma realidade, o que não tinha acontecido até então. Jobim acrescentou que, se houver interesse por sua permanência por parte do governo, gostaria de saber quais seriam as condições para ele permanecer.

Jobim não tem comparecido a festividades do governo e cerimônias em que a presidente eleita esteja presente para não parecer que está se apresentando. Tem também evitado a imprensa, limitando-se a dar declarações sobre assuntos restritos à pasta.

Embates

O ministro já teve alguns embates com Dilma, quando ela era ministra-chefe da Casa Civil, principalmente em relação a questões da Infraero. Ela também não gostou quando viu uma declaração do ministro, em abril deste ano, dizendo que a popularidade do presidente Lula não garantia o sucesso de Dilma na corrida eleitoral. Em outra ocasião, comunicou ao presidente Lula que não poderia apoiar e colaborar na candidatura Dilma porque era amigo íntimo do candidato tucano, José Serra, com quem tinha dividido apartamento em Brasília e de quem tinha sido padrinho de casamento.

Este ponto, que alguns consideraram negativo, depois foi visto como sinal de lealdade ao presidente Lula porque Jobim não se envolveu em nenhuma das duas campanhas e passou a maior parte do tempo viajando.

Os interessados na permanência da Jobim lembram que ele demonstrou uma "fidelidade constitucional" ao presidente, necessária a quem exerce uma função de Estado e não política. Avaliam como positivo ainda o fato de Jobim ter poder sobre os militares e ser respeitado por eles, podendo, com isso, negociar questões delicadas, como o Plano de Direitos Humanos, e vencer qualquer tipo de resistência que possa existir contra a presidente, que foi guerrilheira.

Diante do regime de Pyongyang, Seul oscila entre firmeza e moderação

A política de aproximação conduzida até 2008 pela Coreia do Sul com sua vizinha Coreia do Norte não produziu resultados. Mas a linha dura adotada desde então também mostra seus limites

Reina uma tranquilidade não isenta de incerteza na península sul-coreana, no dia seguinte ao tiro de artilharia entre as duas Coreias que causou a morte de dois soldados sul-coreanos, de pelo menos dois civis, e cerca de 15 feridos.

As duas partes se acusam mutuamente de terem começado esses bombardeios – um dos mais graves incidentes desde a assinatura do armistício de 1953 – e ameaçam uma à outra com “represálias severas”. Ao mesmo tempo em que chamam os tiros norte-coreanos de “ato belicista”, Seul e Washington procuram evitar uma escalada.

Segundo Pyongyang, esses tiros de uma centena de peças de artilharia foram a resposta a manobras militares do Sul, próximas a sua costa. Depois de ter enviado diversas mensagens pedindo a interrupção desses exercícios, a artilharia norte-coreana abriu fogo sobre a pequena ilha de Yongpuong situada no Mar Amarelo (Mar do Oeste), a cerca de dez quilômetros de seu litoral. Segundo o “New York Times”, o vice-ministro da Defesa sul-coreana, Lee Yong-gul, reconheceu que exercícios de tiro realmente eram feitos pelas forças sul-coreanas na área. Essas manobras mobilizam 70 mil homens.

O Norte não contesta a soberania do Sul sobre o cordão de ilhas que inclui Yongpyong, mas não reconhece a linha marítima norte que estende até o mar a zona desmilitarizada que separa as duas Coreias, a qual foi traçada unilateralmente pelo comando das Nações Unidas em 1953.

Após a cúpula entre Coreias de 2007, os dois países haviam concordado em criar uma “zona de pesca de paz” nessa parte do Mar Amarelo. Com a chegada ao poder em 2008 do presidente Lee Myung-bak, que adotou uma linha dura frente a Pyongyang, esse projeto nunca teve continuidade. Ocorreram confrontos com mortes entre a marinha dos dois países em 1999, 2002 e 2009.

Para Seul, o Norte bombardeou deliberadamente a ilha de Yongpyong, cuja população civil (1.500 pessoas) é constituída de pescadores. Cerca de mil soldados estão estacionados nesse pequeno território que, em sua costa norte, está repleto de peças de artilharia e de bunkers. É uma violação do armistício de 1953, avalia a Coreia do Sul.

“Política perversa”

Como não houve a intervenção de nenhum tratado de paz na sequência, as duas Coreias estão tecnicamente em estado de guerra. Não se sabe quais foram os danos causados ao Norte pelo tiro de resposta do Sul. O presidente Lee deu ordens de atingir a base norte-coreana de mísseis próxima da costa diante da ilha de Yongpyong, em caso de nova provocação.

Apesar dos riscos de deslizes e de um arroubo da imprensa conservadora que pede por uma prova de firmeza “frente a um cachorro louco” (no jornal “Dong-A”) e considera o bombardeio norte-coreano um “crime de guerra” (no jornal “Chosun”), a população sul-coreana não parece estar  mais preocupada do que o normal: há décadas ela vive sob a ameaça de repetidos incidentes, de maior ou menor gravidade, com o Norte. Por enquanto, as represálias do Sul parecem descartadas em razão da escalada que ela causaria (perdas materiais e perdas de vidas humanas). Como no caso do naufrágio, em março, do navio sul-coreano Cheonan (46 mortes), torpedeado pelo Norte segundo os resultados de uma investigação internacional – não endossados pela China nem pela Rússia, e rejeitados por Pyongyang – , a Coreia do Sul e seus aliados americanos e japoneses não têm muitas opções.

Condenações e sanções quase não têm efeito sobre um regime que já é banido da comunidade internacional. E mais uma vez se levanta a questão: é mais eficaz pressionar um regime isolando-o, ou é preciso buscar negociar sobre bases aceitáveis? O presidente Lee Myung-bak escolheu a primeira opção. E a administração Obama praticamente não mostrou nenhuma iniciativa sobre a questão.

Em seu último Livro Branco sobre a diplomacia, Seul condena a política de aproximação Norte-Sul adotada de 1998 a 2008 pelos governos de centro-esquerda, que é considerada “perversa”, pois o Norte não fez nenhuma concessão apesar da ajuda do Sul. No entanto, há aqueles no Sul que pedem por uma política se não mais conciliadora, pelo menos mais eficaz em termos de prevenção de riscos de conflito.

Koroliov vs von Braun: Rivais cósmicos

Dois gigantes da ciência se enfrentaram, sem se conhecer pessoalmente, em uma tarefa que hoje, apesar dos avanços científicos, não foi concluída: A conquista do espaço. O alemão Wernher von Braun e o soviético Sergei Pavlovich Korolev deram os primeiros passos quando o espaço parecia inalcançável.

Índia testa míssil com capacidade para alcançar Paquistão

Agni-I
A Índia testou com sucesso nesta quinta-feira seu míssil de curto alcance com capacidade de transportar ogivas nucleares, lançado de base balística no leste do país, segundo informaram fontes da Defesa do país.

Com capacidade para atingir um alvo a 700 km de distância, o Agni I foi lançado por membros do Exército às 10h10 do horário local (2h40 de Brasília) da ilha de Wheeler, situada no estado de Orissa, segundo as agências Ians e PTI.

O míssil balístico terra-terra pesa 12 toneladas, mede 15 metros e tem capacidade para carregar ogivas nucleares de até uma tonelada.

Em março coorreu o último lançamento de ensaio com o Agni I - já incorporado ao arsenal das Forças Armadas -, mas a Defesa indiana realiza novos testes de tempos em tempos.

O míssil faz parte de uma família de versões com diferentes alcances: o Agni I está preparado para a defesa contra o Paquistão (entre 700 e 800 quilômetros de alcance), enquanto o Agni II e o Agni III (entre dois mil e três mil quilômetros de alcance, respectivamente) alcança a China.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Afeganistão quer mordenizar os arsenais de suas Forças Armadas

Tanque T-62M do Exército Afegão
O Ministério da Defesa do Afeganistão quer incluir nos arsenais das Forças Armadas do país modernos caças, aviões de reconhecimento, blindados e foguetes, informou hoje em uma coletiva de imprensa o porta-voz o Ministério da Defesa Afegão, o tenente-general Zahir Azimi.

Azimi indicou que a modernização dos arsenais deve ser realizada antes de 2014, ano que as Forças Armadas do país deverão assumir a responsabilidade pela segurança do país.

“A situação em matéria de segurança no Afeganistão e a tensão na região ditam a necessidade de lutar contra o terrorismo em estreita cooperação com as forças da OTAN. As Forças Armadas Afegãs necessitam ter em seus arsenais materiais de alta tecnologia”, disse ele.

Segundo combinado anteriormente, as Forças Aéreas Afegãs receberão nos próximos cinco anos, 154 aviões, mas isso não basta para defender a soberania e integridade territorial do país, segundo Azimi. Necessitamos também de aviões de transporte, de caças de combate, caças interceptadores e de reconhecimento, assim como radares e um sistema eficaz de defesa anti-aérea.

Para defender as fronteiras e a integridade territorial, o Afeganistão necessita de blindados, em particular de carros de combate, sistema de artilharia de alta precisão, afirma Azimi.

Exército dos EUA lança o maior satélite espião da história

O Exército Americano lançou o maior satélite espião do mundo, afirmam as mídias americanas.

O satélite NROL-32 foi lançado com êxito no domingo da base militar de Cabo Canaveral em um foguete Delta IV, informou a United Lauch Alliance (ULA) em um comunicado.

Poucos detalhes puderam ser dados, visto que se trata de uma operação secreta, mas sabe-se que NROL-32 é um satélite geoestacionário, cuja a missão é dar apoio a defesa nacional.

O satélite leva uma grande antena coletiva, útil para espionagem eletrônica, isso faz NROL-32 o maior satélite posto em órbita.

Rússia fornecerá armas à China por um valor de US$ 1,3 bilhão

A Rússia fornecerá armas e equipamento militar à China nos próximos 3 anos por um valor de US$ 1,3 bilhão, informou o diretor do Centro de Análises de Comércio Mundial de Armas (CACMA), Igor Korotchenko.

“Em conformidade com os contratados pelas partes para o período de 2010/2013, a Rússia fornecerá à China armas pela bagatela de US$ 1,3 bilhão”, disse Korotchenko.

Segundo Korotchenko, a cooperação técnico-militar entre Moscou e Pequim tem boas perspectivas, apesar da China produzir alguns sistemas de armas e equipamentos militares sem permissão da Rússia.

Korotchenko destacou que no períoso de 2002/2009, as exportações de armamento para o país asiático ultrapassou o montante de US$ 14 bilhões.

China quer comprar da Rússia sistemas S-400 e motores Klimov 117C

S-400 Triumf em preparativos para a Parada Militar na Praça Vermelha desse ano
A China enviou à Rússia uma solicitação de compra de modernos sistemas de defesa anti-aérea S-400 Triumf e motores de avião Klimov 117C, informou uma fonte do Ministério da Defesa da Rússia.

Entretanto, Pequim expressou interesse nos aviões russos de transporte Il-476.

Segundo o jornal “Vedomosti”, as negociações para o fornecimento dos motores 117C e dos aviões Il-476 poderiam começar em breve, enquanto as exportações do sistema S-400 Triumf só será factível depois de 2017. Isso se deve ao fato da empresa Almaz, fabricante do sistema, não ter capacidade de produção em massa no momento desses complexos sistemas, que primeiro terão que suprir as necessidades das Forças Armadas Russas.

As autoridades russas planejam construir num futuro próxima, três novas plantas especializadas, para tornar a fabricação do S-400 Triumf mais fácil e rápido. Materializando-se esses projetos, a solicitação da China para aquisição dos S-400 Triumf poderá ser examinada até 2017.

Irã testa com sucesso o sistema Mersad

Comissão quer R$ 4 bilhões do Orçamento para estratégia de defesa

Heráclito Fortes (DEM-PI) quer implantar Estratégia Nacional de Defesa.
Senadores Suplicy, Flexa e Azeredo também apresentaram propostas.

Uma comissão do Senado aprovou na manhã desta quarta-feira (24) emenda ao Orçamento para destinar R$ 4 bilhões para que o Ministério da Defesa implemente a Estratégia Nacional de Defesa. A decisão foi tomada hoje na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) e ainda precisa de aprovação no plenário.

De acordo com a comissão, a Estratégia Nacional de Defesa tem como objetivo reorganizar as Forças Armadas, reestruturar a indústria brasileira de material de defesa e melhora a política de composição dos efetivos das Forças Armadas.

A CRE  também aprovou outras três emendas ao Orçamento da União para 2011. O relator das emendas foi o senador Heráclito Fortes (DEM-PI), autor da emenda destinada à implantação da Estratégia Nacional de Defesa.

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) destinou R$ 100 milhões a operações de assistência especial no exterior. Flexa Ribeiro (PSDB-PA) reservou R$ 872,4 milhões à modernização operacional do Exército e Eduardo Azeredo (PSDB-MG), presidente da comissão, destinou R$ 50 milhões a programas de alimentação militar.

Operação une três países contra o tráfico na Amazônia

Tropas do Exército Brasileiro na área fronteiriça se unem às forças peruanas e colombianas
para combater a expansão do narcotráfico
Forças Armadas do Brasil, Colômbia e Peru fazem uma ação de 'guerra' na tríplice fronteira do Amazonas.O Exército Brasileiro participa com 250 homens do 16ª BIS, de Tefé.

Forças Militares do Brasil, Peru e Colômbia iniciaramnesta terça-feira uma ação de ‘guerra’ em combate ao narcotráfico e guerrilheiros da Força Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) na tríplice fronteira entre os países. no extremo oeste do Amazonas.

Cerca de 3 mil militares participam da operação batizada de ‘Colper Amazonia 2010’. Durante três semanas, os militares farão uma ‘varredura’, fortemente armados em toda a região. A operação posta em atividade ontem é destaque na imprensa peruana e colombiana.

O Exército Brasileiro participa com 250 homens do 16ª Batalhão de Infantaria de Selva (Bis), sediado em Tefé (a 520 quilômetros da capital), segundo informou o Comando Militar da Amazônia (CMA). Entre as ações está o patrulhamento na região do Alto Rio Solimões e rio Javari

No lado brasileiro da fronteira, as operações do Exército irão se estender a partir da comunidade de Vila Bittencourt, no município de Japurá,  fronteira com a Colômbia até Palmeiras do Javari, em Atalaia do Norte, próxima à fronteira com o Peru.

“O crime que se instalou nesta região precisa da ação conjunta dos três países. Destruímos cinco laboratórios de processamento de drogas e 200 hectares de cultivo de folha de coca. Além disso, apreendemos 1,5 tonelada de insumos sólidos e  mil galões de insumos líquidos para a elaboração de pasta de coca”, explicou o brigadeiro general Rafael Colón, encarregado da parte colombiana da operação, em entrevista a Agence Frence-Press (AFP).

Do lado colombiano, a ação se desenvolve ao longo dos rios Putumayo e Amazonas, e busca atacar centros de provisões do narcotráfico, cortar corredores de mobilidade das Farcs e impedir as atividades dos criminosos que agem na região, de acordo com a Marinha colombiana em um comunicado.

O exército peruano colabora na operação com sete navios canhoneiros. Rebocadores e embarcações de patrulha pesada, leves e rápidas da Força Naval do Sul reforçam a operação no Peru. No lado colombiano, militares da Sexta Divisão do  Exército realizam operações de vigilância, interdição, segurança e apoio fluvial.

As ações militares ocorrem um mês depois que os ministros da Defesa de Colômbia, Peru e Brasil acertaram, em reunião em Letícia, intensificar a cooperação em suas fronteiras, inclusive com patrulhas nos quais participem os três países ao mesmo tempo, informa a AFP.

Agentes mortos têm missa de Sétimo Dia

Uma Missa de Sétimo Dia foi celebrada quarta à noite na Igreja Matriz da cidade de Tabatinga (distante 1.105 quilômetros de Manaus)  pela morte dos dois agentes da Polícia Federal baleados em um confronto na semana passada no Rio Solimões, no município de Anori (a 195 quilômetros a oeste de Manaus). Policiais federais que atuam na Operação Cobra e agentes da Delegacia da PF daquele município acompanharam a missa.

Os policiais Leonardo Matzunaga Yamaguti e Mauro Lobo foram assassinados durante o confronto ocorrido na última quarta-feira, 17.

A Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) também promete realizar, hoje, um protesto em frente ao Departamento da PF, em Brasília, em memória dos agentes mortos.

"Regime coreano tenta legitimar o sucessor de Kim Jong-il", diz especialista

À beira de uma nova crise de fome como a que matou centenas de milhares de cidadãos na década de 1990, a Coreia do Norte lança um novo desafio militar. O ataque de Pyongyang contra a Coreia do Sul não é só uma demonstração de força para o exterior, mas tem muito a ver com os problemas internos do país, segundo Ben Rhode, pesquisador do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS na sigla em inglês). Rhode, especializado em desarmamento e não proliferação e no conflito entre as duas Coreias, acredita que com esta nova mobilização militar o regime tenta legitimar o provável sucessor de Kim Jong-il, seu filho Kim Jong-un. E o faz porque também "sabe que não enfrentará nenhuma punição severa".

El País: Por que o regime norte-coreano decidiu dar mais um passo em sua escalada militar? Por que agora?
Ben Rhode: Depois da frágil resposta internacional após o afundamento da corveta Cheonan em março passado, o regime compreendeu que é muito improvável que enfrente um castigo severo por suas provocações militares. Parece que o filho de Kim Jong-il, Kim Jong-un, será o novo líder. Foi nomeado "jovem general", ainda não tem 30 anos e não teve qualquer realização real. Essa mobilização de força militar reforça sua legitimidade. O ataque provavelmente está vinculado a outra demonstração de força de Pyongyang: seus avanços na capacidade de enriquecer urânio. A Coreia do Norte quer ser aceita como uma potência nuclear, a par com os EUA nas negociações. Não se pode permitir que isso ocorra.

El País: Como Pyongyang pode justificar essa nova escalada enquanto o país enfrenta um novo surto de fome?
Rhode: É justamente o contrário: os problemas internos fazem que esse tipo de provocação seja mais apetecível. O regime é extremamente brutal com seus cidadãos e quase se alegrou quando centenas de milhares de pessoas morreram durante a fome dos anos 90. Sua preocupação é continuar no poder. Sua legitimidade só é garantida pela força militar. Criar uma crise limitada é uma tentativa de se reforçar.

El País: As sanções parecem ineficazes. Qual é a melhor opção diante da Coreia do Norte?
Rhode: As sanções seriam mais efetivas se alguns países, como a China, se convencessem de que é preciso aplicá-las com rigor. Outra forma de enfrentar a Coreia do Norte, descartando a opção militar, é congelar os ativos bancários de seus líderes (como se fez, embora em um momento não muito acertado, com o Banco Delta Asia em 2005). E também envolver outros países em acordos como a Iniciativa de Segurança contra a Proliferação para evitar que os norte-coreanos possam importar ou exportar material nuclear. Outra possibilidade é sabotar seu programa nuclear, como parece ter ocorrido com o do Irã. Mas é uma tarefa extremamente difícil.

El País: Como o senhor acredita que a China reagirá?
Rhode: A China provavelmente se aborrecerá com a Coreia do Norte por sua nova provocação, mas não fará nada que possa causar um colapso do regime. Seu objetivo estratégico é garantir a estabilidade da península coreana. Até que estas refregas militares possam ser limitadas, Pequim não tomará qualquer decisão contra Pyongyang que possa afetar seriamente o regime. E é importante que Pequim entenda que, apoiando de tal forma o regime da Coreia do Norte, a anima a seguir com essas provocações. E isso não favorece os interesses chineses no longo prazo.

Pirataria na Somália é um problema para o mundo

Dez somalis estão enfrentando um tribunal em Hamburgo, naquele que é o primeiro julgamento de piratas na Alemanha em séculos. É praticamente certo que eles sejam condenados, mas qualquer vitória legal para as autoridades alemãs teria um caráter puramente simbólico. Ao largo da costa da Somália, a pirataria está se tornando cada vez mais sofisticada, com o aumento dos valores dos resgates e emboscadas mais audaciosas.

Em 5 de abril de 2010 o navio cargueiro alemão Taipan encontrava-se a 500 milhas náuticas (926 quilômetros) da região do Chifre da África. A tripulação, 15 indivíduos ao todo, havia se refugiado em uma sala de segurança bem escondida nas profundezas do navio e todos agora estavam agachados no piso.

De lá, eles desligaram os motores e os sistemas elétricos. Agora eles tentavam fazer o maior silêncio possível, por temerem que os piratas que se encontravam a bordo os ouvissem. Os piratas portavam um lança-granadas-foguete (RPG). O capitão tinha presenciado isso com os próprios olhos. E embora a sala de segurança tivesse paredes grossas de aço, supostamente a prova de balas, seriam elas suficientes para suportar o disparo de um RPG? Fazer silêncio parecia ser a melhor tática.

O silêncio só fez com que o barulho que os piratas faziam – a gritaria, os tiros e o som de portas sendo arrombadas a chutes – se tornasse mais alto. Os piratas, sabendo que não haveria pagamento de resgate sem reféns, estavam determinados a encontrar a tripulação. Um deles já estava chamando pelo capitão em inglês e afirmando que todos os piratas haviam sido capturados. Só podia ser um truque, pensaram os tripulantes, e continuaram a fazer silêncio.

Mas o grito soou de novo: “Nós estamos aqui para ajudá-los!”. Ninguém na sala de segurança fez qualquer ruído. “Capitão Eggers, nós somos a Real Marinha Holandesa. Não há mais nenhum pirata aqui”. Novamente, a tripulação não emitiu nenhum ruído. Mas foi então que o capitão, Dierk Eggers, escutou alguém falando em holandês e percebeu que não se tratava de uma armadilha, e que ele e a sua tripulação podiam finalmente sair do esconderijo, já que o problema acabara. Uma unidade de forças especiais da fragata holandesa Tromp havia capturado o cargueiro alemão de 140 metros de comprimento e prendido os piratas. Estes encontravam-se agora algemados em uma fila no convés.

Vitória simbólica

Mas de seis meses se passaram desde então. O resgate do Taipan é tido como um dos maiores sucessos na luta contra os piratas somalis. Promotores em Hamburgo pretendem agora transformar esse sucesso em uma vitória do sistema judicial alemão contra os bandoleiros que atuam no Chifre da África.

O julgamento dos dez piratas somalis, que a Holanda extraditou para a Alemanha, teve início na segunda-feira na sala 337 do Tribunal Regional de Hamburgo. Esse é o primeiro julgamento envolvendo a prática de pirataria conduzido em solo alemão em séculos. O tribunal marcou 14 audiências. O julgamento gira em torno de acusações de sequestro com a intenção de extorquir dinheiro, sob a Seção 239a, Subseção 1 do Código Criminal Alemão, e de ataque contra o tráfego marítimo, sob a Seção 316c, Subseção 1, Número 1b. De forma mais geral, esse é um julgamento a respeito do império da lei. Já ficou claro que se as autoridades alemãs saírem vitoriosas do julgamento, o que acredita-se que ocorrerá, isso não passará de uma vitória simbólica. Ninguém sabe se a batalha mais ampla poderá ser vencida.

Enquanto os preparativos para o julgamento continuavam em Hamburgo nas últimas semanas, a situação ao largo da costa da África deteriorava-se ainda mais. Os piratas capturaram 37 navios de janeiro a outubro deste ano, contra 33 no mesmo período do ano passado. No início de novembro, autoridades alemãs contaram 19 navios, contendo ao todo 440 reféns, ancorados ao largo da costa da Somália, incluindo o MT York, de bandeira cingapuriana, que tem um capitão alemão. Os valores dos resgates estão subindo, e os piratas exigem atualmente em média US$ 12 milhões (8,9 milhões de euros, R$ 20,8 milhões), e os proprietários dos navios têm pago em torno de US$ 10 milhões (R$ 17,4 milhões). Segundo a Clayton Consultants, uma firma de segurança dos Estados Unidos, atualmente as negociações estão se arrastando por um período duas vezes maior do que em 2009.

O território de operações dos piratas também está se ampliando, fazendo com que fiquem cada vez mais impotentes as frotas protetoras internacionais, a missão Atalanta, da União Europeia, e as marinhas norte-americana, russa e indiana. Os poucos piratas que os militares encontram hoje em dia estão ficando cada vez mais espertos, bem como progressivamente mais violentos e perigosos. Por outro lado, há uma indústria crescente que se beneficia com a crise: existem companhias especializadas em armar navios, negociar com os sequestradores e fazer seguros para navios que viajam por rotas de alto risco. A cerca de 6.000 quilômetros de distância do tribunal de Hamburgo, nas áreas de pesca ao largo da costa do leste da África, pouca gente ainda acredita que o problema somali seja apenas um fenômeno temporário.

E, assim, a comunidade global enfrenta mais um problema que é incapaz de resolver, porque para que esse problema fosse resolvido seria necessário melhorar a situação do mundo. Ou pelo menos de uma pequena parte do mundo que já deixou de ser uma nação-Estado e não passa de um país arrasado no qual homens jovens sem nenhuma perspectiva de vida ganham muito e têm pouco a perder com a prática da pirataria. Existe, é claro, a possibilidade de perderem a vida, mas a vida significa relativamente pouco na Somália.

A temporada de caça

Estamos em novembro, e a nova temporada de caça acaba de ter começado. Não é que haja meses sem nenhum ataque, mas no período das monções as ondas são maiores e as pequenas embarcações que os piratas usam nos seus ataques são castigadas pelo mar agitado, fazendo com que os sequestros se tornem mais difíceis, mais perigosos e às vezes até mesmo impossíveis. Isso fez com que alguns piratas deslocassem o seu território de operações para o Mar Vermelho, onde as ondas não são tão grandes. Mas agora as monções acabaram, as nuvens estão altas no céu e o Oceano Índico está liso como uma panqueca – e repleto de mercadorias do mundo inteiro.

Há duas semanas os piratas capturaram o navio petroleiro tunisiano Hannibal II e o cargueiro chinêsYuan Xiang. O navio alemãoBBC Orinoco também ficou brevemente nas mãos dos piratas em 11 de novembro, mas a tripulação escondeu-se na sala de segurança e os invasores partiram.

O secretário geral da Organização das Nações Unidas (ONU) Ban Ki-moon chamou os piratas de “uma calamidade”. Mas ainda que esses piratas escalem as amuradas dos navios descalços, portando armas tão enferrujadas que os investigadores que atuam no caso do Taipan tiveram pouca esperança de obter impressões digitais, não há dúvida de que o negócio dos sequestros é extremamente bem organizado.

Há os apoiadores, ou financiadores, que não precisam se preocupar em molhar os pés neste negócio. Muitos já se mudaram da Somália para o vizinho Quênia, onde investem os milhões que obtiveram com o dinheiro dos resgates. Não foi por acidente que os investigadores alemães encontraram números quenianos armazenados nos telefones celulares dos piratas que atacaram o Taipan. E aqueles eram também os mesmos números que os investigadores rastrearam após o sequestro do cargueiro alemão Hansa Stavanger, em abril de 2009. Um líder de quadrilha que comandou ambas as operações aparentemente mora no Quênia.

Atraídos pelos altos lucros

Os comandantes piratas conseguem até administrar os seus negócios em meio ao caos da Somália. No reduto pirata de Harardhere, pequenas companhias como a Ganfanji coletam capital de risco, que eles utilizam para a compra de lanchas, escadas, combustível e RPGs, e ainda para mandar os piratas para o mar. Quem quiser ser acionista do negócio mas não tiver dinheiro pode comprar a sua participação com armas ou mantimentos.

A situação é vista com bons olhos por investidores que gostam de apostar no risco, e que sentem-se atraídos pela perspectiva de altos lucros – tudo é possível. Mas existe uma outra coisa que eles não esperam ter: problemas com as autoridades. “O distrito recebe a sua parcela do dinheiro dos resgates, e esse dinheiro é empregado na infraestrutura pública, incluindo o hospital e as escolas públicas”, explicou recentemente o vice-secretário de segurança de Harardhere. Atualmente entre os líderes da pirataria estão provavelmente membros graduados das rigorosamente controladas milícias al-Shabab, que dominam vastas áreas da Somália. No passado, esses militantes islâmicos eram conhecidos por punir severamente os piratas, por acreditarem que a pirataria fosse uma atividade antimuçulmana. Agora, no entanto, a al-Shabab parece ter adotado o ponto de vista de que é melhor não decepar as mãos que a alimentam. Líderes de clãs em Harardhere dizem que repartem o dinheiro dos resgates com as milícias. Em troca, segundo um relatório de inteligência canadense, os islamitas oferecem “armas, treinamento com armas e proteção local”.

Cabras vivas a bordo

Os comandantes piratas têm facilidade em encontrar vários homens para irem ao mar. Um dos piratas que foi capturado e submetido a um julgamento no Quênia contou durante o recesso do tribunal como se sentiu feliz quando obteve permissão para participar da próxima missão pirata. Ele sentiu-se dono de uma sorte enorme por ter sido escolhido, e disse que centenas de outros teriam que aguardar na costa por um investidor que tivesse a confiança necessária para aceitá-los no seu barco.

Aqueles que conseguem ingressar na pirataria têm permissão para participar de um modelo de negócios cujo objetivo é gerar renda na forma de resgates. Em um relatório secreto, o Departamento de Polícia Criminal Federal (em alemão, Bundeskriminalamt, ou BKA) identificou uma distribuição fixa de atribuições dos piratas durante a fase de ataque. A equipe de ameaça, homens armados de RPGs e fuzis automáticos Kalashnikov, fica de pé no meio do barco para intimidar a tripulação do navio atacado. Atrás e à frente deles vão as equipes de abordagem, somalis portando pistolas e escadas, que são os primeiros a escalar a amurada.

Assim que capturam o navio, os piratas o levam para um ponto na costa da Somália, onde uma equipe de guarda assume o controle. Essa equipe encontra-se na extremidade final de uma rede de logística bastante funcional que provê alimentos, álcool e a droga khat, que é mastigada e é uma espécie de produto de consumo básico dos bandos de piratas. Quando as negociações para a libertação do Hansa Stavenge tornaram-se muito demoradas, as equipes de suprimentos chegaram a levar cabras vivas a bordo.

Um dos homens mais importantes nessa fase é o porta-voz dos piratas, que negocia com as companhias de navegação. O BKA está convencido de que essa pessoa, que provavelmente tem conhecimentos básicos de inglês e experiência como negociador, é muito valiosa para aventurar-se no mar aberto. Bons porta-vozes são aparentemente uma mercadoria rara, e são muitas vezes contratados por vários bandos de piratas, e em certas ocasiões negociam a libertação de vários navios ao mesmo tempo, concluiu o BKA.

Ainda mais longe da costa

Até o momento, nem um único navio patrulha operado pela força protetora internacional ousou se aventurar no ninho dos piratas em Harardhere. Entretanto, os interceptadores estão também concentrando suas forças. Uma esquadra de 40 belonaves de 30 países patrulha atualmente a costa da Somália. A flotilha está gradualmente ganhando controle sobre essas águas, pelo menos no Golfo de Aden, o gargalo geográfico que conduz ao Canal de Suez.

Mas será que isso ajuda em algo? Os piratas não estão mais partindo com as suas embarcações diretamente de vilas na costa. O que eles fazem agora é contratar embarcações maiores que transportam os seus barcos, que são lançados ao mar bem longe da costa – bem distantes da força internacional de proteção. E quando não contam com uma embarcação de transporte própria, eles simplesmente usam barcos capturados como o navio japonês Izumi. Os piratas estão também começando a atacar a costa da Tanzânia, e eles chegaram a abordar navios ao largo de Durban, na África do Sul.

É por isso que os donos de navios deixaram de confiar na força protetora internacional, e passaram a preferir transformar os seus navios em fortalezas. Isso se aplica especialmente aos alemães, que são donos da terceira maior frota comercial do mundo. O equipamento básico atual de um navio que navega nas rotas da África inclui rolos de arame farpado extremamente afiado em volta do navio, placas de aço para cobrir as escadas nas amuradas, barras de ferro nas janelas do convés e espuma lubrificante nas escadas. Traços de sangue foram encontrados no navio Beluga Fortune, que os piratas capturaram em outubro e a seguir libertaram rapidamente porque a tripulação se escondeu muito bem e não pôde ser encontrada. Os piratas aparentemente escorregaram e caíram devido à espuma lubrificante.

Alguns proprietários de navios colocam manequins de tamanho real usando uniformes do exército alemão no convés dos seus navios (cada manequim custa dois mil euros, ou R$ 4.600). Outros instalam canhões sonoros, inspirados no exemplo do navio de cruzeiro Seabourn Spirit, que usou esses dispositivos para repelir piratas somalis em 2005. Poderosos focalizadores de laser são às vezes utilizados para cegar os atacantes. Canhões de água conectados a sensores de movimentos estão atualmente sendo testados. Mas atacar os piratas dessa forma provavelmente só fará com que os sequestradores fiquem mais dispostos a atirar. E eles não estão atirando com água, som ou luz, mas sim com Kalashnikovs e RPGs.

Refúgio na “cidadela”

Por esse motivo, a mais importante forma de proteção no Oceano Índico é a “cidadela”, conforme é conhecida a sala oculta de segurança dos navios. Ela é reforçada com placas de aço, de preferência é à prova de sons para que a tripulação não possa ser escutada e deve ficar localizada em uma parte estreita do navio de forma que não haja espaço suficiente para que os piratas disparem contra ela com um RPG. Três piratas que tentaram essa proeza à curta distância no navio cargueiro Go Trader em 30 de outubro foram nocauteados e ficaram seriamente feridos devido à detonação da granada.

Quando as tripulações conseguem escapar para uma sala de segurança, onde podem desligar os motores e emitir o pedido de socorro por rádio, os piratas geralmente fogem antes da chegada das fragatas. Mais recentemente, no entanto, piratas conseguiram capturar navios dotados de cidadelas, como o navio de transporte de produtos químicos Marida Marguerite. “Nós estávamos encolhidos como porcos-espinhos”, conta Falk Holtmann, diretor da companhia de navegação Shipcare, em Haren an der Ems, no norte da Alemanha. Havia arame farpado por toda parte, as escotilhas foram soldadas e as escadas removidas. O sistema de extinção de incêndio foi reconfigurado de forma a poder lançar água sobre as laterais do navio de maneira a inundar embarcações que estivessem lá embaixo.

Mas nenhuma dessas precauções ajudou quando os piratas chegaram em 8 de maio. Um marinheiro não ouviu o alarme com antecedência suficiente e não chegou à sala de segurança a tempo. Agora o Marida Marguerite, com a sua tripulação, está ancorado ao largo da costa da Somália.

Armados com fuzis de franco-atiradores

Depois disso, Holtmann, o diretor da companhia de navegação, incluiu seguranças armados em todos os seus navios, e ele não é o único a adotar esse procedimento. Uma outra companhia está pagando a uma empresa do sul da Alemanha US$ 40 mil (R$ 69 mil) por mês por segurança, o que é US$ 10 mil (R$ 17 mil) a menos do que custaria seguir a rota mais longa em torno do Cabo da Boa Esperança.

A proprietária do Taipan, a companhia de navegação Komrowski, com sede em Hamburgo, contratou especialistas britânicos em segurança, colocando quatro homens em cada navio. “Eles têm fuzis de franco-atiradores e atiram com muita precisão”, afirma o diretor da empresa, Roland Höger. Primeiro os guardas atiram em frente à proa da embarcação pirata, mas, se necessário, eles atirarão contra o barco dos invasores.

Embora armas sejam proibidas em navios alemães, a maioria dos proprietários alemães registrou as suas embarcações em outros países – o que significa que eles podem continuar a se armar contra os piratas. Mas ex-soldados e policiais não são a única forma de proteção. Uma indústria inteira atualmente lucra com a pirataria, incluindo as companhias de seguro, que cobram uma taxa extra de US$ 10 mil a US$ 50 mil (R$ 87 mil) por viagem.

Um problema relativo aos julgamentos

Enquanto todos esses solucionadores de problemas lucram com a situação, os países que participam da frota protetora internacional, incluindo a Alemanha, deparam-se com um problema fundamental. Existe uma coisa no universo da pirataria somali para a qual não existe uma solução clara: a questão do que fazer com os piratas capturados. A maior das questões é determinar onde eles deveriam ser julgados.

Antigamente o Quênia era a resposta para isso. Os navios da União Europeia tinham acabado de enviar os seus primeiros navios de guerra na missão Atalanta quando chegaram a um acordo com o governo queniano em 2009. Segundo o acordo, a União Europeia pagaria pela modernização de prisões arruinadas. Em troca, o Quência julgaria todos os piratas capturados durante as missões da União Europeia.

Esse arranjo funcionou por algum tempo. Por exemplo, existe atualmente um julgamento em andamento no Quênia contra nove piratas que atacaram o cargueiro Courier em março de 2009 e que foram presos no seu barco pela marinha alemã. Mas os quenianos cancelaram o acordo em outubro, alegando que estavam sobrecarregados. Agora estão sendo mantidas negociações com a Tanzânia e Maurício, mas o único país com o qual ainda existe um acordo de transferência de prisioneiros são as Seychelles. E até mesmo as Seychelles querem se esquivar.

Para piorar a situação, há duas semanas um tribunal queniano ordenou que os piratas que atacaram o Courier fossem libertados. O tribunal argumentou que o Quênia não possui jurisdição nem sobre os nove piratas nem sobre os outros bandidos somalis de alto-mar. Se o supremo tribunal do país concordar com essa decisão, os piratas poderão ser de fato soltos, bem como todos os seus compatriotas que estão presos no Quênia.


Sem desejo por mais julgamentos

Sob o ponto de vista dos advogados de defesa alemães, isso poderá ser até uma boa decisão. Dois deles entraram com uma petição em nome dos piratas que atacaram o Courier junto ao tribunal administrativo de Colônia. Eles desejam transferir o caso do Quênia para a Alemanha, porque foram soldados alemães que prenderam os piratas e também porque, argumentam os advogados, não se pode confiar nos tribunais quenianos no que se refere a atender aos padrões legais alemães.

Eles não são os únicos a pensar dessa maneira, mas se há algo que o governo alemão não deseja é mais um julgamento de piratas. Isso poderia significar ainda mais condenados passando anos em prisões alemãs, e depois disso até a possibilidade de eles permanecerem no país porque a deportação para a Somália é algo de irrealista.

É por isso que o governo alemão não quis o julgamento relativo ao caso do Taipan. Mas ele foi inevitável, porque o Taipan navegava com bandeira alemã e tinha dois tripulantes alemães. Acima de tudo, porém, os piratas não atacaram o navio no território patrulhado pela força Atalanta. Os holandeses só tiveram permissão para interferir porque o seu próprio governo lhes deu carta branca. E eles imediatamente abordaram os alemães devido à promessa destes de lidar com os piratas.

Cada advogado designado para o caso custa 263 euros (R$ 611 euros) por dia de julgamento. Se o julgamento se arrastar por muito tempo, essa cifra poderá subir para 479 euros (R$ 1.111) por dia. Multipliquemos essas quantias por dez, e é esse o preço que o sistema judiciário alemão tem que pagar por uma vitória simbólica. É de se presumir que a sentença será dura – pelo menos cinco anos de prisão, caso os réus sejam considerados culpados – e que ela satisfará aos padrões de justiça europeus.

Mas existe algo que sem dúvida esse julgamento não será capaz de fazer: deter a ação dos piratas. E ele certamente não mudará em nada a situação.

RJ: A Mogadíscio do Brasil

Matéria do Jornal Hoje da Globo mostra a real situação do RJ no dia de hoje. A matéria contém imagens de uma intensa troca de tiros entre traficantes e policias na Vila Cruzeiro. Qualquer semelhança com países que vivem guerra civil não é mera coincidência.