Acordo do governo brasileiro com a França envolve embarcações mais modernas do que as vendidas ao Paquistão
A DCNS, novo nome da Direção de Construções Navais (DCN), estaleiro envolvido na venda de armas ao Paquistão, é o mesmo que constrói submarinos no Rio de Janeiro e fornecerá a tecnologia para futuras embarcações nucleares da Marinha brasileira ao custo de R$ 6,7 bilhões. A empresa mudou ao longo do tempo, mas alguns dos personagens são os mesmos da venda ao Brasil.
Como no caso paquistanês, o governo brasileiro também enfrentou a dúvida entre os submarinos alemães e franceses. Graças a promessas de transferência de tecnologia, Paris e a DCNS venceram a disputa, apesar do preço mais elevado do contrato. Pesou na decisão o fato de a Alemanha não deter o conhecimento de navios nucleares.
Quando fecharam o acordo, causou surpresa a seleção da construtora Odebrecht como parceira da DCNS . O Ministério da Defesa do Brasil disse que a escolha era uma prerrogativa da DCNS, não dos governos.
Pelo menos duas personalidades francesas envolvidas no caso Karachi estão no primeiro plano político agora: o presidente Nicolas Sarkozy e Alain Juppé, ex-premiê de Jacques Chirac e atual ministro da Defesa.
Apesar das coincidências, a legislação francesa já não é a mesma dos anos 90. Conceder "comissões" - ou propinas - a autoridades estrangeiras durante a disputa de contratos, antes um procedimento legal, tornou-se proibido.
Questionada pelo Estado, a DCNS informou que não comentará o caso Karachi. Sobre o contrato com o Brasil, afirmou que "as negociações para o fornecimento de sistemas navais foram assinadas sob princípios morais estritos".
Especialista em Defesa, Jean-Jacques Kourliandisky, cientista político do Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas, diz que os mecanismos de controle foram aprimorados na última década. "Antes, era possível o pagamento de comissões. Agora, só os políticos responsáveis podem dizer."
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