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sexta-feira, 10 de maio de 2013

China coloca o dedo no processo de paz do Oriente Médio

Os presidentes da China, Xi Jinping (à direita), e da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, participam de cerimônia no Grande Salão do Povo

Esta semana, a China deu um passo modesto nas negociações diplomáticas do Oriente Médio, ao atuar como anfitriã das visitas consecutivas de Mahmoud Abbas, líder da Autoridade Palestina, e do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.

Mas essa não foi exatamente uma versão de Camp David promovida pela Cidade Proibida.

O fato de as visitas terem sido cronometrados para que os dois líderes não se encontrassem – Abbas deixou Pequim na terça-feira (7) e Netanyahu chegou na quarta-feira (8), após um dar uma passada em Xangai –, sinalizou que nem eles nem Xi Jinping, o líder chinês, estavam prontos para negociar. Mas Xi apresentou a Abbas uma proposta de paz com quatro pontos, que, apesar de não conterem nenhuma ideia revolucionária, dão a entender que a China está considerando desempenhar um papel mais enérgico – ainda que muito limitado – como mediadora de um dos conflitos mais duradouros do mundo.

"À medida que a economia, a força nacional e o status internacional da China aumentam, os países árabes estão olhando mais para o nosso país", disse Guo Xiangang, vice-presidente do Instituto de Estudos Internacionais da China, em Pequim, que estuda as relações da China com os países do Oriente Médio. "As expectativas que eles depositam na China estão aumentando".

Em sua reunião de quarta-feira à tarde, o primeiro-ministro da China, Li Keqiang, disse a Netanyahu que "a questão palestina é uma questão central, que afeta a paz e a estabilidade do Oriente Médio. Uma solução pacífica alcançada por meio do diálogo e das negociações é a única resposta eficaz", de acordo com a agência de notícias estatal Xinhua.

"Como país amigo de Israel e dos palestinos, a China sempre manteve uma postura objetiva e justa, e está disposta a lutar junto com todos os lados para avançar ativamente do processo de paz no Oriente Médio", disse Li.

A China teve o cuidado de adotar uma posição clara e firme, mas não enérgica demais, sobre a questão de palestinos e israelenses. A China tem cada vez mais laços comerciais com Israel – reportagens oficiais chinesas estimaram que o total movimentado pela relação comercial entre os dois países soma aproximadamente US$ 10 bilhões por ano –, mas apoia um Estado palestino e depende das importações de petróleo do Irã e dos países árabes para atender suas necessidades energéticas. Cerca de metade das importações de petróleo da China são provenientes do Oriente Médio, e essa dependência tende a aumentar.

A parte central do plano de quatro pontos que Xi apresentou a Abbas consiste do estabelecimento de um Estado palestino ao lado de Israel, com base nas fronteiras de 1967, e com Jerusalém Oriental como sua capital. O plano é uma versão formal da posição tradicional da China em relação ao conflito.

Na Organização das Nações Unidas (ONU), onde a China mantém um assento no Conselho de Segurança, Abbas tem pressionado para ampliar o status dos palestinos, o que tem atraído represálias econômicas por parte de Israel e levou a uma redução nas doações de patrocinadores estrangeiros à Palestina. Na terça-feira passada, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying, disse durante entrevista coletiva que Israel precisa suspender a construção de assentamentos em Jerusalém Oriental e na Cisjordânia, acabar com a violência contra civis inocentes e colocar fim ao bloqueio contra a Faixa de Gaza para abrir caminho às negociações de paz.

Mas a posição bem calculada da China em relação ao conflito ficou evidente em alguns dos comentários feitos por Xi durante sua reunião com Abbas. "O direito de Israel de existir e suas preocupações razoáveis relacionadas à segurança devem ser plenamente respeitados", disse Xi, de acordo com a Xinhua.

A posição da China também é complicada devido a seu sólido apoio ao Irã e a vários países árabes. O Irã, com seu programa nuclear, é uma das maiores preocupações para a área de segurança tanto de Israel quanto dos Estados Unidos. A China se alinhou à Rússia para tentar impedir a apresentação de propostas ocidentais que defendessem ações mais enérgicas contra a Síria, que é um aliado próximo do Irã e tem utilizado medidas sangrentas para tentar acabar com os ataques dos rebeldes.

A Síria acusou Israel de realizar ataques aéreos no último fim de semana contra alvos militares fora de Damasco. Hua, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, foi questionada durante a entrevista coletiva de terça-feira se os líderes chineses iriam abordar os ataques aéreos com Netanyahu. "A China e Israel estão em constante comunicação", disse ela.

Apesar dos holofotes colocados sobre as visitas de Abbas e Netanyahu, a China provavelmente continuará sendo um ator político passivo no Oriente Médio, dizem analistas que estudam a região. Pequim acredita que tem pouco a ganhar ao se envolver em disputas distantes e, muitas vezes, aparentemente insolúveis, disse Yin Gang, professor de estudos do Oriente Médio da Academia Chinesa de Ciências Sociais, em Pequim.

"A China fica muito distante do Oriente Médio, e o país não tem sido nem mesmo capaz de chegar a uma boa solução para seus próprios problemas regionais: a Coreia do Norte, as Ilhas Diaoyu, as Filipinas e o Vietnã", disse Yin. "Mesmo que a China se transforme uma superpotência, com uma economia em pé de igualdade com a dos Estados Unidos, o país não vai desempenhar um papel importante no Oriente Médio".

A flexibilidade ideológica da China no Oriente Médio e no Norte da África ficou evidente durante a recente revolução na Líbia. A China se recusou a apoiar o suporte militar liderado pelo Ocidente aos rebeldes que combatiam o coronel Muammar Gaddafi. Em seguida, o país intensificou as suas relações com os rebeldes líbios quando se tornou óbvio que o governo de Gaddafi iria ser deposto.

As conversações entre Netanyahu e os líderes chineses tendem a ser dominadas por questões bilaterais, que incluem os laços econômicos entre os dois países. As posições de ambos os lados sobre o programa nuclear iraniano e sobre o derramamento de sangue na Síria são claras e arraigadas demais para que possamos esperar que quaisquer mudanças venham a emergir dessas negociações, disseram Yin e Guo, os dois acadêmicos.

"A maior preocupação de Israel ainda é o Irã. O país teme que o Irã desenvolva a tecnologia para a produção de armas nucleares, e está acionando a comunidade internacional para intensificar as sanções econômicas e outras formas de pressão", disse Guo. "Mas a posição da China é clara: o país se opõe a ataques militares contra o Irã e defende que as sanções precisam ser bem avaliadas".

A viagem de Netanyahu à China é a primeira realizada por um líder israelense desde 2007. Em Xangai, ele visitou um memorial aos refugiados que chegaram à cidade fugindo do Holocausto na Europa. A agência Xinhua informou que, em sua reunião de terça-feira com o prefeito de Xangai, Yang Xiong, Netanyahu disse: "A cooperação entre Israel e a China nos setores de ciência, tecnologia e produção industrial pode resultar em uma parceria perfeita. A diferença entre cooperar com a China e com outros países é que o efeito pode ser multiplicado por dez, em vez de apenas por um ou por dois".

Um comentário:

  1. Pura tapeação da China, ou seja, só acordarão qdo o Irã cair e não tiverem mais óleo; colocação de grandes bases na Austrália; alianças com o Vietnã, exércícios de guerra dos EUA com a OTASE; espalharem anti-mísseis por toda Ásia ... e assim vai. A China está brincando de guerra logo com quem? EUA. É, parece até que não aprenderam com o descuido da RÚSSIA e agora não têm coragem para falar grosso nem com o que está acontecendo na Síria. Só mandam recadinhos p/EUA-OTAN-iSSrael e para por aí, enquanto os EUA discutem abertamente intervenção militar, bombardeios, zona de exclusão aérea, linha vermelha, ...etc. Vide o que o Ocidente Maravilha fizeram na Sérvia (era mais aliada que a Síria), Líbia, ... e vão fazer o mesmo na Síria e Moscou NÃO VAI FAZER NADA. Adoro ver essa turma querendo aplicar LEIS, DIPLOMACIA, TRATADOS ... etc qdo se trata com EUA/iSSrael, mesmo sabendo que eles não respeitam NADA! Tem bobo pra tudo!

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