quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012
Ilha de sonhos traz relíquias da Segunda Guerra
A Segunda Guerra Mundial destruiu a pequena ilha de Peleliu em 1944, enquanto forças americanas e japonesas se chocavam em uma das mais ferozes batalhas da campanha do Pacífico. Tanques enferrujados, aviões destroçados e obuses vivos espalhados pela ilha continuam atraindo turistas de campo de batalha para este belo, mas perigoso lugar.
Os visitantes não podem dizer que não foram advertidos. A placa no porto diz "Bem-vindos a Peleliu - Terra Encantada", mas quando o barco se aproxima do cais uma segunda placa torna-se visível: "Lembre-se de que munições da Segunda Guerra são perigosas e podem ferir ou matar!"
A água brilha em graus variados de turquesa, a areia das praias é fina como pó e uma brisa balsâmica atenua o calor tropical. Mas a beleza é ilusória. A "Terra Encantada", que pertence à ilha-nação de Palau, foi o cenário de uma das batalhas mais sangrentas do Pacífico na Segunda Guerra Mundial. Granadas e rifles enferrujados ainda estão espalhados pela ilha. Aviões destroçados e tanques espreitam entra a vegetação luxuriante. Ninguém os moveu depois que o tiroteio cessou. Grande parte dos destroços de batalha continuam mortíferos.
"Os americanos pousaram aqui na praia Orange em 15 de setembro de 1944", diz Des Matsutaro. O guia de 36 anos apanhou o grupo de turistas junto ao cais e os levou à praia. Sua empresa, a Peleliu Adventures, oferece excursões à Segunda Guerra Mundial. Ele tranquiliza os visitantes de que estarão seguros se ficarem perto dele.
Matsutaro aponta para o oceano e mostra uma foto em preto e branco da praia coberta de fumaça espessa, com veículos anfíbios se aproximando do litoral. "Os americanos foram apanhados em um forte fogo cruzado dos japoneses", ele explica. "A batalha por Peleliu deveria levar apenas alguns dias, mas a luta durou quase três meses."
Afinal os americanos venceram. Um total de 10.700 soldados japoneses e 2.300 fuzileiros navais americanos foram mortos na batalha por essa pequena ilha tropical. As estimativas variam ligeiramente. A ilha era um alvo estratégico por causa de sua pista de pouso.
O grupo de Matsutaro não é o único. Vários japoneses também estão aqui. Um homem idoso com um aparelho auditivo enche uma garrafa plástica de areia, com as mãos trêmulas. Uma mulher com um grande chapéu, agachada à sombra de uma palmeira, olha fixamente para o mar. Veteranos americanos e seus descendentes também vêm aqui para participar de serviços memoriais, por exemplo.
De volta à estrada principal, Matsutaro freia. "Todo mundo para fora", ele diz. O asfalto está cercado de mato. O guia desaparece por uma brecha. O grupo o segue até um monte de metal enferrujado a 5 metros da estrada. Os vestígios de uma fuselagem de avião podem ser vistos, juntamente com o trem de pouso e a tinta vermelha na carcaça. O velho avião de guerra não é perigoso, mas as munições espalhadas ao seu redor são.
"Hoje, quase 60 anos depois, os mecanismos de segurança estão lentamente enferrujando", adverte Steve Ballanger. O ex-soldado britânico dirige uma equipe de descarte de munições chamada Clear Ground Demining, que trabalha duro em Peleliu. Desde o final de 2009 a equipe removeu cerca de 6.500 armas e outras munições - 9 toneladas ao todo. Ballanger adverte os turistas para não saírem andando pela selva.
Um caminho limpo leva a 300 metros pelo Vale da Morte até a Serra do Nariz Sangrento, onde houve as baixas mais pesadas. No morro, um membro da equipe de Ballanger, um americano chamado David McQuillen, diz: "Meu tio morreu bem aqui, em um ataque de morteiros". Ele disse que decidiu se unir à equipe em memória de seu tio.
Para os moradores, a Segunda Guerra é um evento abstrato e distante que aconteceu há três gerações. Quase não restaram testemunhas visuais aqui. Para McQuillen, isso dá aos destroços de batalha uma importância ainda maior. "Quando estou em Peleliu, sinto a guerra. É impossível compreender a batalha a menos que você tenha vindo a esta selva", ele diz.
Os habitantes foram evacuados antes da batalha e não reconheceram sua terra quando voltaram. A vegetação estava totalmente queimada, as aldeias arrasadas. "A marinha americana distribuiu óculos escuros porque as rochas nuas refletiam a luz com força", diz o ex-fuzileiro McQuillen.
Os moradores que voltaram, na maioria pescadores, receberam como alimentação atum e carne enlatados. Eles levaram muito tempo para retomar a agricultura, porque a luta tinha retirado todas as placas e demarcações rurais, e não estava claro quem era dono do quê. As disputas pela propriedade da terra continuam até hoje.
No início os moradores venderam relíquias de guerra. Motores e peças de aviões foram depenados, misturados com concreto e usados para construir um muro no cais. E antes que fosse ilegal retirar artefatos da ilha turistas japoneses e americanos saíam com todo tipo de artigos em sua bagagem. Alguns moradores decoraram suas casas com antigo equipamento de guerra.
Hoje o enfoque não é apenas para tornar a ilha segura para seus 500 habitantes e os visitantes, ou demonstrar tanques enferrujados como atrações turísticas. As autoridades querem preservar Peleliu como um memorial e um museu a céu aberto. E gradualmente gerações mais jovens começam a demonstrar mais interesse pela história da ilha, diz McQuillen, que é voluntário em uma escola primária local.
Matsutaro levou seu grupo de turistas de volta à segurança junto ao cais. A equipe da Clear Ground Demining veio junto e acena enquanto o grupo parte. As palmeiras recuam na distância e cardumes de peixes voadores saltam ao lado do barco, fazendo parecer que esta ilha tropical é realmente encantada.Mas as praias muito brancas e o pôr de sol glorioso não podem esconder os horrores de seu passado.
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para quem gosta de história de armamentos como eu seria um sonho levar pra casa porem nossas leis contráditórias não permitem que tenhamos um ferro velho destes mas permite que traficantes e pessoas abastadas possuam em casa apartamentos etc rifles ak-47 e ar-15 ultimo modelo..
ResponderExcluirSe você provar que é colecionador, é claro que você pode ter tudo isso.
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