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terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Ataque ao Irã desafiaria aviação de Israel


Acima um caça israelense F-15I "Ra'am", dito como o melhor caça do país nos dias de hoje

Caso Israel decida lançar um ataque contra o Irã, seus pilotos teriam de atravessar mais de 1.600 km de espaço aéreo hostil, reabastecer em pleno voo, enfrentar as defesas antiaéreas do Irã, atacar múltiplos locais subterrâneos simultaneamente - e usar pelo menos cem aviões.

Essa é a avaliação de autoridades americanas de defesa e analistas militares próximos ao Pentágono, segundo os quais um ataque israelense contra o programa nuclear iraniano seria uma operação enorme e altamente complexa. Eles descrevem-na como algo bem diferente dos ataques "cirúrgicos" de Israel a reatores nucleares da Síria, em 2007, e do Iraque, em 1981.

"A todos os gurus que dizem 'Ah, sim, bombardeiem o Irã': não vai ser tão fácil", disse o brigadeiro David Deptula, ex-chefe de inteligência da Força Aérea dos EUA, que planejou as campanhas aéreas de 2001 no Afeganistão e, de 1991, na Guerra do Golfo.

As especulações sobre um ataque israelense ao Irã se intensificaram nos últimos meses, acompanhando a escalada nas tensões entre os países. Num sinal da crescente preocupação americana, o assessor de Segurança Nacional Tom Donilon reuniu-se no dia 19 com o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, em Jerusalém, e o chefe do Estado-Maior dos EUA, general Martin Dempsey, alertou pela CNN que um ataque israelense ao Irã no atual momento seria "desestabilizador".

Mas um porta-voz israelense em Washington, Lior Weintraub, reiterou que Israel, embora continue defendendo sanções mais firmes ao Irã, "está mantendo todas as opções sobre a mesa", assim como os EUA.

Os possíveis contornos de um ataque israelense motivam debates em Washington, onde alguns analistas questionam até mesmo se Israel teria capacidade militar para executá-lo. Um temor é que os EUA sejam sugados para terminar o trabalho - tarefa que, mesmo com a superioridade militar americana, poderia levar várias semanas, segundo analistas de defesa. Outro temor é uma retaliação iraniana.

"Eu não acho que você irá encontrar alguém que diga: 'Aqui está como vai ser feito -um punhado de aviões, ao longo de uma noite, chegando e saindo'", disse Andrew Hoehn, ex-funcionário do Pentágono e hoje diretor do Projeto Força Aérea da Rand Corporation, que faz pesquisas para a Aeronáutica americana.

Michael Hayden, diretor da CIA entre 2006 e 2009, afirmou categoricamente em janeiro que ataques aéreos capazes de prejudicarem seriamente o programa nuclear iraniano estão "além da capacidade" de Israel, em parte por causa da distância que os aviões precisariam percorrer, e da dimensão da tarefa.

Uma vez que Israel desejaria atacar as quatro principais instalações nucleares do Irã, analistas militares dizem que o primeiro problema seria chegar lá. Há três rotas possíveis: pelo norte, sobre a Turquia; pelo sul, sobre a Arábia Saudita; ou por uma rota central, cruzando a Jordânia e o Iraque.

O trajeto sobre o Iraque seria o mais direto e provável, segundo analistas, porque o Iraque, na prática, não tem defesas antiaéreas, e os EUA, após sua retirada em dezembro, não têm mais a obrigação de defender os céus iraquianos.

Supondo que a Jordânia tolere o sobrevoo israelense, o próximo problema seria a distância. Israel tem caças-bombardeiros F-15I e F-16I, de fabricação americana, cujo alcance é inferior à viagem de ida e volta, com 3.200 km.

Israel precisaria usar aviões de reabastecimento em voo, mas o país supostamente não os possui em número suficiente.

Scott Johnson, analista de defesa da consultoria IHS Jane's e líder de um grupo que prepara um seminário on-line sobre as possibilidades de ataque israelense ao Irã, disse que Israel tem oito aviões-tanque KC-707, mas que não está claro se todos estão em operação.

O Irã poderia reagir com mísseis capazes de atingir Israel, abrindo uma nova guerra no Oriente Médio, embora algumas autoridades israelenses argumentem que as consequências serão piores se o Irã obtiver uma arma nuclear.

Outro grande obstáculo é o arsenal israelense de bombas capazes de penetrar na instalação de Natanz, que está enterrada sob nove metros de concreto reforçado, e na usina de Fordo.

Supondo que não use uma arma nuclear, Israel tem à sua disposição bombas americanas GBU-28, de 2.200 kg, capazes de destruir esse tipo de bunker, embora não esteja claro até que profundidade elas possam ir.

Caso os EUA se envolvam -ou decidam atacar por conta própria -, analistas militares dizem que o Pentágono teria capacidade para realizar grandes ataques.

"Só há uma superpotência no mundo que pode fazer isso", disse Deptula. "Israel é ótimo em um ataque seletivo aqui e acolá."

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