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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Herdeiro do poder na China estreia nos EUA


Xi Jinping cumprimenta Obama


Em um tempo em que a China se transforma em uma obsessão nacional americana, Barack Obama deu na segunda-feira (13) as boas-vindas ao presidente desse país, Xi Jinping, que cumpre o ritual de que quem está destinado a ser o próximo líder em Pequim se apresente formalmente nos círculos de Washington antes de assumir o poder. É uma visita que salienta a tendência a um mundo bipolar.

O contato pessoal, sem dúvida, é uma parte essencial das relações internacionais, ainda mais quando estas incluem grandes potências com um gigantesco poder de decisão. John Kennedy e Nikita Kruschev se chocaram desde o primeiro minuto em que se viram, e a coisa acabou na crise de Berlim e na crise dos mísseis. Mikhail Gorbachev e Ronald Reagan se conectaram instantaneamente e se acabou a guerra fria.

Muitos outros fatores intervêm, é claro, no desenvolvimento dos acontecimentos mundiais, mas o afeto pessoal entre os líderes é mais importante do que se crê. Se o papel internacional de Obama não foi tão destacado como se esperava, deve-se em parte ao fato de não ter muitos amigos no mundo; especialmente não fez muitos amigos na Europa.

Com a China, as relações melhoraram desde que Obama chegou à Casa Branca, mas também não houve química entre o presidente americano e Hu Jintao, em parte porque este é um personagem rígido e cerimonioso, que não casa bem com o estilo de seu homólogo.
Espera-se uma relação diferente com Xi, que no final do ano será nomeado secretário-geral do Partido Comunista da China e pouco depois presidente do país. Xi é considerado um político mais transparente e comunicativo, dentro dos parâmetros peculiares da cultura e da política chinesas. Enviou sua filha para estudar na Universidade de Harvard, sob um pseudônimo, e ele mesmo dormiu em sua juventude em um lar da Iowa rural para se impregnar do estilo de vida americano. Portanto, é considerado um bom conhecedor dos EUA e uma figura relativamente inclinada a estabelecer vínculos positivos.

Mas tudo isso terá de se comprovar no futuro. Por enquanto, a visita é um desafio para Obama, tanto no plano internacional quanto no nacional. A China acaba de impor seu veto no Conselho de Segurança da ONU à proposta sobre a Síria, e embora Washington culpe mais a Rússia nesse assunto demonstrou que suas prioridades no mundo são diferentes das dos EUA.

Mais grave que isso, a China insiste em uma política monetária que desagrada ao governo americano e persiste em práticas de pirataria industrial sobre as quais já se fizeram queixas públicas. Além disso, no horizonte se vislumbram turbulências na economia chinesa que poderiam ter impacto global.

O mais delicado da viagem é, entretanto, seu efeito na política interna. A China, mais exatamente o receio da China, é um dos grandes protagonistas desta campanha eleitoral. Será difícil explicar que Obama entregue sorrisos a Xi enquanto, de acordo com a demagogia estabelecida, a China rouba os postos de trabalho que pertencem a Michigan.

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