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terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Rebeldes acusam o regime Assad de instigar as lutas sectárias


Integrantes do Free Syria Army treinam em campo em Idlip, na Síria


Dois membros do Exército Livre da Síria (ELS) vão montados em uma motocicleta, com capuzes e um Kalashnikov pendurado no cinto em Al Qusayr, uma cidade de 40 mil habitantes onde todo mundo se conhece. Aqui, enganar-se de rua pode levar uma pessoa à morte, porque o ELS controla só um terço da cidade e as tropas de Bashar al- Assad dominam o hospital e a prefeitura, com cerca de 20 franco-atiradores que disparam de forma indiscriminada contra a população - homens, mulheres e crianças. No domingo (12) a brigada Al Faruk do ELS conseguiu tomar o quartel-general dos serviços secretos (muhabarat) do regime e matou cinco oficiais que se encontravam no interior.

Nas últimas duas semanas começam-se a viver pequenos capítulos de uma guerra civil a toda regra e de longa duração. Al Qusayr é um microcosmo em que se observa com perfeição como funciona a resistência, o exército e a reação da população. "Basicamente há os que apoiam Assad, os que são contra e os que olham", resume Kasir, o líder da resistência nesta cidade.

Todos os dias há um ou dois funerais, e os mortos são enterrados a toda a pressa em um pequeno cemitério improvisado, longe da zona tomada pelos soldados do regime. Mesmo assim, a resistência continua lutando dia a dia, organizando manifestações com multidões como a de ontem, com cartazes escritos em cirílico nos quais se podia ler "A Rússia está matando nosso povo".

Muitos tentam evitar que se acenda o pavio da violência religiosa nesta localidade, onde estão presentes minorias cristãs que constituem 10% da população. Na semana passada o ELS deteve um dos membros da família Rasuja, de confissão cristã, acusados de colaborar (shabiha) com Assad, e como represália o regime prendeu cinco muçulmanos sunitas, ramo do islamismo a que pertencem 80% das famílias. Alguns jovens enfurecidos saíram à caça de cristãos e apanharam cerca de 20. Kasir teve de mediar entre todos eles para evitar uma explosão de violência sectária.

"É isso que Bashar Assad quer, mas não vamos deixá-lo. Esta é uma revolução política, não tem nada a ver com Deus. Todos queremos a liberdade, sem distinção de crenças." A família Rasuja continua na cidade, "vamos cuidar deles", afirma Kasir.

Dez balas de morteiro atingiram ontem uma só residência de cristãos, mas é difícil comprovar se foram disparadas pelo exército de Assad ou o rebelde, em meio a uma situação de caos em que os rumores contraditórios circulam a toda velocidade pela cidade. Abdulah, cristão, afirma colaborar com a resistência: "Escondi gente em minha casa", afirma.

Na província de Homs foram encontrados, com a ajuda de um cachorro, os cadáveres de cinco pessoas em uma vala comum, como se vê em um vídeo nos celulares de alguns ativistas. É impossível confirmar a identidade das vítimas e a que lado pertenciam.

A população sofreu ontem o impacto de projéteis de morteiro e se refugia nos andares mais baixos, sem luz nem comunicações. Permanece desconectada do mundo. Desde o início das revoltas morreram mais de 70 pessoas nessa cidade. Enquanto os noticiários de todo o mundo concentram a atenção no bombardeio maciço da cidade de Homs, onde morreram centenas de pessoas desprotegidas nos últimos dias e se vive uma situação de emergência humanitária, a revolução se estendeu para outras cidades da província de Homs, e continua em outras áreas do país como Alepo, Ildib, Hama, Deraa, Raka, Hesaka, Zuaida (de maioría drusa) e Deir al Zor, além dos subúrbios de Damasco, a capital.

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