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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Soldado que revelou segredos para o WikiLeaks passa por julgamento militar


Bradley Manning é escoltado
até a corte para julgamento em
Maryland, nos EUA

O soldado americano Bradley Manning, julgado por subtrair e entregar 700 mil documentos secretos dos EUA ao portal WikiLeaks, recusou declarar-se culpado ou inocente, no primeiro dia de seu julgamento militar, no qual é acusado de alta traição.

Aproveitando um ardil legal, a equipe de advogados de Manning pediu à juíza militar mais tempo para aceitar ou rejeitar uma declaração de culpa, coisa que ainda deixa a porta aberta para ele chegar a um acordo com o Pentágono e com o governo dos EUA, que também investigam o WikiLeaks e seu fundador, Julian Assange, pela via civil.

No primeiro dia de audiência preliminar, em dezembro, o advogado civil de Manning, David Coombs, já havia dado indícios de que o governo poderia ter oferecido ao soldado um pacto para combinar as acusações e reduzir a pena máxima, que por enquanto é de prisão perpétua.

"O Departamento de Justiça poderia oferecer a meu cliente que se declarasse culpado, para chegar a um pacto pelo qual a condenação seja reduzida se ele depuser contra Assange", havia dito Coombs. Posteriormente, o advogado pediu que as 22 acusações apresentadas sejam combinadas em três, e que a pena máxima seja reduzida para 30 anos.

Desde o ano passado, um júri da Virgínia está investigando pela via civil os vazamentos do WikiLeaks que afetaram os Departamentos da Defesa e de Estado. Uma das pessoas interessadas nessas pesquisas é Assange, o fundador do WikiLeaks, que se encontra em prisão domiciliar em Londres à espera de uma decisão judicial sobre um pedido de extradição da promotoria da Suécia, que quer julgá-lo por agressão sexual.

No primeiro dia do conselho de guerra de Manning, na quinta-feira, o exército revelou a identidade da juíza que instrui o caso. Trata-se da coronel Denise Lind, ex-professora da Universidade Nacional de Defesa. À diferença da audiência preliminar, a defesa não questionou sua imparcialidade. Em 2010 Lind presidiu o julgamento do coronel Terry Lakin, que se negou a ser mobilizado no Afeganistão por considerar que seu comandante-em-chefe, Barack Obama, não havia nascido nos EUA, uma opinião comum na extrema-direita americana. A juíza condenou Lakin a seis meses de prisão e a ser expulso das fileiras.

Das 22 acusações que a promotoria militar apresentou contra Manning, a mais grave é a de alta traição ou ajuda ao inimigo. Na audiência preliminar o Pentágono apresentou como prova uma série de materiais propagandísticos da Al Qaeda na Península Arábica que citam os documentos do WikiLeaks como documentação crucial para o planejamento e a execução de ataques terroristas contra os EUA.

A defesa não refutou em nenhum momento que Manning tivesse vazado os documentos. Pelo contrário, se concentrou em retratar o recruta como uma pessoa instável e atormentada por sua bissexualidade, que deveria ter sido afastada das fileiras por seus superiores, antes de efetuar os vazamentos. Em abril o próprio presidente Obama disse em um ato eleitoral que Manning "violou a lei", declaração que gerou polêmica por ter sido efetuada antes de se realizar o julgamento.

O crime de alta traição é punido habitualmente com a pena de morte. No entanto, quando o exército, ao qual está filiado o recruta Manning, definiu a data de quinta-feira para o início do conselho de guerra, decidiu substituí-la pela prisão perpétua a pedido da promotoria. Se for condenado, Manning passará o resto de seus dias na prisão militar de segurança máxima de Fort Leavenworth, no Kansas, por onde passaram criminosos de guerra como Charles Graner, condenado pelos abusos na prisão iraquiana de Abu Ghraib.

O soldado Manning foi preso em maio de 2010 no Iraque, depois de confessar ao hacker americano Adrian Lamo que, em seu posto de analista de inteligência, havia subtraído documentos secretos das redes SIPRNet e CIDNE e os havia entregado ao WikiLeaks. Lamo delatou Manning ao FBI, que por sua vez alertou o exército. A juíza Lind deve decidir agora quando começarão a comparecer as testemunhas no julgamento. A defesa pediu que seja no máximo em junho. A acusação propôs agosto. Manning completou nesta quinta-feira 635 dias de prisão preventiva.

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