Xi Jinping |
A visita do vice-presidente da China, Xi Jinping, a Washington na semana que vem oferece uma oportunidade única para avaliar o homem que liderará a China pela próxima década.
Apesar de Xi ter percorrido o mundo desde que foi ungido como sucessor de Hu Jintao em 2007, ele não esteve nos Estados Unidos durante esse período de preparação (ele visitou antes, como uma autoridade provincial).
Essa será uma boa oportunidade para Xi se familiarizar com os Estados Unidos e vice-versa. Como ele não é muito conhecido fora da China e é enigmático até mesmo dentro do país, os observadores procurarão por pistas sobre a orientação doméstica e internacional de Xi.
Aqui estão 10 perguntas que os observadores da China gostariam de saber sobre Xi Jinping:
1. Xi recolocará o Partido Comunista Chinês em um caminho politicamente reformista?
Desde o final de 2009, o partido se reentrincheirou significativamente –parando e revertendo as reformas do antecessor de Xi, Zeng Qinghong. Xi seria capaz de enfrentar as poderosas instituições conservadoras que bloquearam as reformas –o aparato de segurança do Estado, os militares, o sistema de propaganda do partido e as grandes empresas estatais –ou se sentirá em dívida com elas, como Hu Jintao? Reformistas como Li Yuanchao, Wang Yang, Bo Xilai, Wang Huning e Liu Yandong serão promovidos aos altos cargos do Politburo juntamente com Xi, no 18º Congresso do Partido em outubro?
2. Será que Xi e o próximo primeiro-ministro (os candidatos seriam os vice-primeiros-ministros Li Keqiang e Wang Qishan) conseguirão transformar a retórica de “reequilíbrio” econômico em realidade?
Muitos discursos oficiais foram feitos nos últimos dois anos pedindo por uma reorientação da economia, com um deslocamento do setor de exportação para o consumo doméstico e das regiões costeiras para o interior, como base para um modelo de crescimento novo e mais sustentável para a China. Até o momento, a realidade do investimento não condiz com a retórica.
3. Será que Xi será capaz de elaborar uma política mais humana em relação ao Tibete e Xinjiang, onde os distúrbios étnicos têm aumentado constantemente desde 2008 e atingiram um pico nas últimas semanas?
As forças de segurança do governo responderam com mão pesada, resultando em perda de vidas e aumento da instabilidade. Uma nova abordagem mais branda é necessária. Mas Xi terá a força política para enfrentar o aparato repressivo e implantar condições para uma coexistência mais estável entre os grupos étnicos rebeldes e o Estado chinês?
4. Xi e o aparato do partido conterão o nacionalismo que está levando o governo a adotar posições extremas em disputas territoriais com os vizinhos da China, a “enfrentar” os Estados Unidos e a se comportar de modo agressivo internacionalmente?
5. Xi será suficientemente confiante para promover um relaxamento dos fortes controles sobre a mídia, redes sociais, Internet e as instituições de ensino?
6. Xi conseguirá conter os militares, que têm demonstrado uma tendência preocupante nos últimos anos de promover ações que provocam os vizinhos da China e, aparentemente, agir de modo independente do controle civil do partido?
7. Xi autorizará uma política externa com mais substância do que retórica?
As trivialidades diplomáticas da China se tornaram cada vez mais incrédulas em um mundo perigoso, onde uma ação real é necessária por parte de Pequim. Um indicador esperançoso neste sentido foi um discurso feito por Xi na Escola Central do Partido no final de 2009, no qual criticou explicitamente a tendência predominante de criação de slogans na política doméstica e exterior, argumentando que os slogans precisam ser substituídos por substância e trabalho árduo.
8. Como Xi lidará com o crescente descontentamento na África, Oriente Médio e América Latina em relação às políticas de energia, ajuda e comércio predatórias e mercantilistas da China?
9. Xi e o governo chinês começarão a assumir papéis mais ativos e menos passivos, de maior apoio e menor obstrução, na governança global? A China continuará se posicionando ao lado da Rússia no Conselho de Segurança da ONU, contra a vontade da maioria dos outros países em questões como a Síria e o Irã –e se tornar parte da solução em vez de parte do problema?
10. Xi terá a antevisão estratégica de investir no avanço do relacionamento com os Estados Unidos?
Não há relacionamento mais importante para ambos os países no mundo atualmente, mas a desconfiança estratégica permeia o relacionamento atual. A promoção do relacionamento exige o engajamento ativo do próximo líder da China –e do presidente americano– para desenvolvimento da confiança estratégica entre os dois países.
Como a visita de Xi provavelmente não fornecerá respostas para estas 10 perguntas, o tempo dirá se ele será um líder “transformador”, que abraça e molda mudanças positivas para a China em casa e no exterior, ou será outro burocrata com aversão a risco.
Nenhum comentário:
Postar um comentário