segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
Pré-sal exige maior vigilância de área costeira
Com uma área que se estende por 4,5 milhões de km 2, quase metade do território nacional, a chamada Amazônia Azul ganhou relevância no cenário internacional após a descoberta da camada de pré-sal, que deverá converter o Brasil em um dos maiores exportadores mundiais de petróleo.
A área total vai da linha costeira até o limite exterior da plataforma continental, hoje em 200 milhas náuticas da costa. O governo, contudo, já se articula para pleitear à Organização das Nações Unidas (ONU) a extensão desse limite para 350 milhas náuticas em 2013, por conta da exploração de óleo e gás. Hoje as reservas existentes na camada pré-Sal respondem por 2% da produção da Petrobras, mas deverão pular para 18% em 2015 e para 40% em 2020.
Nesse contexto, ganha destaque o Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SisGAAz), um conjunto de satélites, sensores, radares, câmeras e outros equipamentos para monitorar a costa brasileira. Sua intenção é rastrear embarcações e identificar riscos às plataformas de petróleo. "Os limites jurisdicionais marítimos são linhas imaginárias sobre o mar, elas não existem fisicamente; portanto, o que as define são as patrulhas que fazem o monitoramento", diz o almirante de esquadra João Afonso Prado Maia de Faria.
Em 2011, a Marinha do Brasil contratou a Atech para elaborar a arquitetura do SisGAAz, cuja conclusão está prevista para o segundo semestre de 2013, informa o contra-almirante Paulo Maurício Farias Alves. Ele observa que ainda não há valores de investimento definidos sobre o projeto.
A Marinha emprega o Sistema Naval de Comando e Controle (SisNC²) como principal ferramenta para monitorar a costa brasileira. O SisGAAz, ao incorporar novos sistemas e integrá-los aos existentes, proporcionará à Marinha a possibilidade de modernizar a sua estrutura de comando e controle, reduzindo o tempo de transmissão e processamento de dados entre os subsistemas e agentes envolvidos. Haverá aumento da capacidade de proteção das instalações marítimas, em particular as plataformas de petróleo e gás.
As prioridades do sistema são a faixa litorânea que vai de Santos a Vitória e a área da foz do Rio Amazonas. O projeto ainda está na fase de concepção. Seguindo a Estratégia Nacional de Defesa, diretriz anunciada em 2008 pelo governo federal, a prioridade para fornecer bens e serviços será dada a empresas que buscarem produzir localmente.
Em paralelo, a Marinha também busca ampliar sua capacidade operacional. Hoje o país dispõe de uma brigada, localizada no Rio de Janeiro. Uma ideia em estudo é constituir uma segunda, que poderia ficar no Norte ou Nordeste. Novas embarcações também estão sendo encomendadas para ampliar a vigilância. Outro passo é o programa do submarino nuclear, que visa à construção do primeiro submarino de propulsão nuclear, o que faria o Brasil integrar um seleto grupo de países que detém a tecnologia, como Estados Unidos, França, Inglaterra, Rússia e China.
O submarino não permite só a ampliação das ações da Marinha em águas profundas e distantes da costa, mas poderá representar inovações em uma série de áreas, como em remédios, já que pode ter impacto sobre a produção de radiofármacos no Brasil. Hoje esses medicamentos, usados no tratamento de câncer, são na maioria importados, enquanto uma pequena parcela é fabricada em um reator da década de 50 na Universidade de São Paulo (USP).
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