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terça-feira, 2 de julho de 2013

Europeus fazem mais questão da privacidade do que os americanos

É uma prática dos serviços secretos: entre amigos, "trocam-se informações" pelo menos o mesmo tanto que se "monitora". Um pouco ingenuamente, a vice-presidente da Comissão Europeia e comissária para Justiça, Viviane Reding, garantiu no domingo (30) que "entre amigos, não se espiona"…

Porém, as informações reveladas pela "Der Spiegel", que ninguém em Washington desmentiu, são graves. Segundo o semanário alemão, cuja fonte provavelmente foi o ex-agente dos serviços secretos americanos Edward Snowden, que tentou fugir para a Rússia e foi retido no aeroporto de Moscou, o Prism, programa de espionagem da Agência de Segurança Nacional Americana (NSA), também visava a União Europeia (UE).

Seus consulados em Washington e em Nova York estavam repletos de escutas e suas redes informáticas foram infiltradas. Pior: os europeus são apontados nesses documentos como "alvos a atacar", algo incompreensível para aliados. Ainda de acordo com esses documentos, a Alemanha é alvo de atenções especiais, com 500 milhões de conexões telefônicas e de internet registradas a cada mês.

Vários dirigentes europeus, inclusive franceses, ficaram indignados e exigiram explicações. As autoridades americanas informaram que responderiam "de maneira apropriada" à União Europeia, por vias diplomáticas. Mas não é o suficiente.

Embaraçada há um mês nas revelações em cascata sobre a extensão de seus programas de monitoramento eletrônico, a administração Obama deve, de uma vez por todas, dizer a verdade não somente para os cidadãos americanos, mas também a seus aliados. Os europeus fazem mais questão da proteção de dados privados do que os americanos. E eles ficaram ainda mais abalados com essa agressão por esta ter sido cometida pelos serviços de inteligência de um país que deveria protegê-los.

Reding tem ainda mais razões para protestar porque teve de aceitar, pressionada pelos gigantes do Vale do Silício, uma diluição da legislação europeia sobre a proteção dos dados privados. Essa questão é um dos pontos de litígio das negociações sobre um tratado de livre-comércio entre a UE e os Estados Unidos que começarão na semana que vem.

Os Estados Unidos aceitaram, a partir do 11 de setembro de 2001, uma expansão de sua política de segurança que hoje parece totalmente descontrolada e contrária a seus próprios valores. Considerado por alguns como traidor, Snowden, na verdade, prestou um grande serviço a seu país ao revelar a extensão dos excessos dessa política.

Integrado a nossas vidas, o universo digital os expõe permanentemente à ingerência dos governantes e dos gigantes da internet. As agências americanas evidentemente estão aproveitando isso ao máximo. Gostaríamos de ter certeza de que nossos serviços secretos não estão fazendo o mesmo em nossos países.

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