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quinta-feira, 11 de julho de 2013

Partido satírico invade eleição alemã e quer "fascismo humanista"

Martin Sonneborn, presidente do partido "Die Partei"
Em uma tentativa de sacudir a tediosa campanha eleitoral da Alemanha, o partido satírico Die Partei planeja desafiar a chanceler Angela Merkel com um duro manifesto. Ele envolve colocá-la em uma jaula, realizar 'fracking' no principal ministro dela e construir um muro em torno do país, em uma busca ominosa do "fascismo humanista".

Há apenas uma forma da chanceler Angela Merkel, contando com uma vantagem imensa nas pesquisas de opinião, perder na eleição geral em 22 de setembro: ela teria que contratar a equipe de campanha do desafortunado rival social-democrata, Peer Steinbrück, diz o líder do Die Partei (O Partido), um pequeno partido político irreverente que promete animar aquela que está se tornando a eleição geral mais maçante em uma geração.

Em uma entrevista para a "Spiegel Online", o presidente do partido, Martin Sonneborn, 48, coeditor da "Titanic", uma revista satírica, disse que colocaria Merkel em julgamento em uma jaula se chegasse ao poder, por sua suposta contribuição para a queda do Muro de Berlim. É um tema muito importante para ele porque o Die Partei, fundado em 2004, já fez campanha com a plataforma de reconstrução do Muro. "Nós já retiramos essa política de nosso manifesto, mas ela continua popular", disse Sonneborn.

Na sexta-feira passada, o Die Partei foi aprovado oficialmente pela agência responsável por supervisionar as eleições federais alemãs como um dos 38 partidos que podem concorrer. Seu maior sucesso eleitoral até o momento ocorreu em maio, quando um de seus membros foi eleito para o conselho municipal de Lübeck, uma cidade no norte. Foi a primeira vez que ele saboreou o poder desde que um membro de conselho municipal pelo Partido de Esquerda, na cidade de Leverkusen, desertou para o Die Partei.

Sem debate e nenhum no horizonte
"Nós somos o partido que deseja conquistar o poder como qualquer outro partido, mas estamos tentando conseguir isso em parte com métodos satíricos", diz Sonneborn. O Die Partei envolve uma organização plena com diretórios regionais, um tesoureiro e nada menos que oito candidatos a chanceler. Ele conta até mesmo com uniformes para seus membros --"ternos cinza C&A, à venda por 49 euros".

Pode ser que a campanha ainda decole, é claro, mas ela carece até o momento tanto de valor como de entretenimento quanto de um discurso político firme. Não há nenhuma batalha real, e nenhuma no horizonte, a menos que o escândalo da Agência de Segurança Nacional americana exploda na face de Merkel.

A sagaz chanceler empurrou sua União Democrata Cristã (CDU) para a esquerda, se apropriando de muitas das políticas favoritas do Partido Democrata Cristão (SPD). E os principais partidos concordam de modo geral em como lidar com a crise do euro. Ela também está bem à frente de Steinbrück em termos de popularidade pessoal. Os alemães a consideram uma aposta segura e eles apreciam a forma como ela conduziu a Alemanha em meio à crise do euro sem impor-lhes um fardo financeiro excessivo.

A CDU conta com 16 pontos percentuais de vantagem sobre o SPD na mais recente pesquisa de intenção de voto. Mas ela pode ter dificuldade em formar uma coalizão estável. Na verdade, a composição de seu governo é no momento a única incógnita, porque seu atual parceiro, o Partido Democrático Livre (FDP), pró-empresas, perdeu dramaticamente apoio desde a última eleição em 2009. Ainda assim, poucas pessoas acreditam seriamente que Merkel não conquistará o terceiro mandato.

''Ela representa ainda menos posições do que nós"
Quando lhe é pedido para explicar o segredo do sucesso dela, dada a ausência quase total de grandes políticas ou reformas em seu atual mandato, sua inclinação por guinadas radicais, sua frequentemente criticada falta de liderança ou visão, e as recentes revelações de que ela foi uma secretária para "Agitação e Propaganda" na organização jovem FDJ na Alemanha Oriental comunista, Sonnenborn disse: "Ela representa ainda menos posições do que nós. E isso diz algo."

Além disso, nem mesmo o próprio partido de Steinbrück parece acreditar que ele tem alguma chance. O único destaque real da campanha até o momento ocorreu em junho, quando Steinbrück, conhecido como um cavalo de guerra político, calejado e que fala sem rodeios, chegou perto das lágrimas quando sua esposa, Gertrud, em uma conferência do SPD, disse a todos para que parassem de atacá-lo. A mídia tem criticado duramente o candidato propenso a gafes, cuja frase mais memorável até o momento foi a exigência de melhores salários para os chanceleres.

Logo, se você quiser uma controvérsia séria, é preciso recorrer ao Die Partei, ao que parece. Sonneborn está disposto a fazer sua parte.

Manifesto controverso
"Frau Merkel faz parte da gangue perigosa de três alemães orientais que são responsáveis pela abertura do Muro. O plano deles era dominar o país e transferir todo nosso dinheiro para o Leste", disse Sonneborn. Os outros dois são o presidente Joachim Gauck e Matthias Sammer, o diretor de esportes do clube de futebol Bayern de Munique. Sonneborn não elaborou nas acusações. Em vez disso, ele esboçou outras promessas de campanha:

- Construir um muro em torno da Alemanha para enfrentar a globalização, a turbulência no mercado financeiro e a crise do euro.

- Limitar o salários dos diretores a 25 mil vezes o salário do trabalhador comum.

- Usar o controverso método de mineração por fratura hidráulica, ou "fracking", em Peter Altmaier, o corpulento ministro do meio ambiente da Alemanha, para liberar os "tremendos recursos de energia" dentro dele.

- Proibir as maratonas de bares por turistas estrangeiros nas cidades interioranas alemãs.

- Complicar ainda mais o sistema tributário alemão, para que as grandes empresas não possam mais encontrar brechas para economizar dinheiro.

- Seguir o exemplo da Grécia e fechar emissoras públicas como a "ARD" e a "ZDF", fazê-las pagarem retroativamente suas taxas de licença e pedirem desculpas por sua programação.

- Levantar 5 milhões de euros por meio de crowdfunding para financiar a dinamitação do palácio municipal barroco de Berlim assim que for reconstruído. E para erguer em seu lugar um grande "Palácio do Die Partei", supostamente em estilo comunista, ou uma grande piscina. "Nós promoveríamos um concurso de ideias para isso", explicou Sonneborn.

- Reduzir para 10 anos a idade de término da escola para resolver o problema demográfico de uma sociedade em envelhecimento.

- Reduzir a idade de votar visando estimular o apoio eleitoral ao Die Partei.

"Fascismo humanista"
Mas o Die Partei só tornará seu manifesto plenamente conhecido após a eleição, diz Sonneborn. Ele reconhece que algumas medidas seriam dolorosas, insinuando vagamente para os planos de nacionalização forçada e expropriação de bancos, assim como uma redistribuição radical da riqueza.

"Só é possível enfrentar as multinacionais e os bancos de uma posição de força", diz Sonneborn, que segue uma ideologia que ele descreve como "fascismo humanista" ou "ditadura com uma face humana". O sistema político da Alemanha, ele diz ominosamente, precisa ser "modificado".

Ele desdenhou o Partido Pirata pró-internet e o novo partido antieuro Alternativa para a Alemanha como carentes de seriedade, apontando que o Die Partei é bem mais estabelecido, por ter sido fundado há nove anos.

"Esta campanha eleitoral está tão tediosa porque ainda não estamos participando dela", disse Sonneborn. "Nós vamos mudar isso."

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