Evita Perón (esq.) |
O Banco Central foi obrigado a emitir um comunicado na segunda-feira em que ameaçava punir aqueles que a rejeitassem e dava um endereço de correio eletrônico e um telefone de ligação gratuita para denunciar os que não a aceitassem.
Como se não bastasse, detalhava as características do novo papel: "Imagem latente dentro do motivo central (flor de eritrina em cor púrpura); roseta em tinta que muda de cor ao mover-se, variando do verde ao azul, situada na parte inferior da marca d'água...".
Cristina Kirchner sempre acreditou que por trás das vicissitudes que a nota atravessava houvesse algo mais profundo, algo que tinha mais a ver com política do que com questões técnicas. "Até com a maravilhosa nota... que não entra, que é pequena, que não encaixa, que o olho, que isto, que aquilo... Não era a nota, sabemos o que era: Evita e nós, essa é a verdade, o que lhes incomodava era Evita", declarou em um discurso em 30 de julho do ano passado.
A presidente do Banco Central, Mercedes Marcó del Pont, explicou então que era preciso adaptar "o software dos caixas" e que o processo se desenvolveria com "absoluta normalidade". Mas a desconfiança foi se instalando na sociedade. O penúltimo capítulo da odisseia da nota chegou no último dia 9, aniversário da independência argentina. Nessa noite, Kirchner comentou no Twitter que estava se realizando na Colômbia a 2ª Conferência Latino-Americana de Prensas de Alta Segurança. E que a presidente da Casa da Moeda argentina, Katya Daura, havia telefonado de lá.
Há em circulação cerca de 40 milhões de unidades com o rosto de Evita, 2% do total de notas de 100 pesos, que já chegam aos 2,15 bilhões de unidades. As notas de 100 representam 70% de todo o papel moeda em circulação. Trata-se do bilhete com denominação mais alta, mas devido à inflação seu uso se estendeu a quase todo tipo de operação. Desde pagar uma viagem de táxi até transações muito maiores. Exatamente por seu amplo uso, sua vida útil encurta, obrigando a Casa da Moeda a emitir mais.
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