Os protestos que ocorreram no Brasil em junho foram um vívido lembrete dos perigos de investir nos mercados emergentes. Manifestantes encheram as ruas de São Paulo, do Rio de Janeiro e de outras cidades, instigados parcialmente pelo aumento do custo de vida e pela desaceleração da economia. Houve carros queimados e bombas de gás lacrimogêneo. A Bolsa de Valores também caiu.
O Brasil foi um dos países mais apreciados pelos investidores na última década.
Sua economia chegou a crescer a um índice superior a 5% ao ano. Na maioria dos anos, a Bolsa brasileira subiu dois dígitos -em 2009, chegou a dar retorno de mais de 100%, segundo o índice de ações MSCI Brazil. Milhões de pessoas ingressaram na classe média e as empresas brasileiras, como a exploradora de petróleo Petrobras, conquistaram proeminência mundial.
Mas, nesta década, a Bolsa brasileira tem decepcionado. Ela teve queda acumulada de 25,3% nos últimos três anos e arrastou consigo os fundos de investimento em ações da América Latina. No primeiro semestre de 2013, os fundos latino-americanos acompanhados pela Morningstar perderam quase 17%, em média.
No entanto, a longo prazo, eles ainda se saíram melhor entre os fundos regionais de mercados emergentes seguidos pela Morningstar, com retorno de 16,7% anualizados na última década.
Will Landers, do fundo BlackRock Latin America, disse: "O Brasil tem que apresentar um crescimento do PIB acima de 2,5% ou os investidores ficarão afastados".
Como indicador de tendências das Bolsas sul-americanas, o Brasil enfrentou problemas que afetam os investidores de toda a região. As ações brasileiras representam quase 60% do MSCI Emerging Markets Latin America, portanto, a mesma quantidade nos fundos negociados na Bolsa que seguem esse índice, como o iShares MSCI Emerging Markets Latin America.
"Você está investindo no Brasil se participa de um fundo latino-americano", disse Andres Calderon, diretor do fundo Natixis Hansberger Emerging Latin America. As ações brasileiras recentemente compunham cerca de dois terços dos ativos dos fundos de Calderon e de Landers.
Contabilize o México, a outra grande economia da região, e os fundos latino-americanos poderão parecer apostas concentradas em poucos países. As empresas mexicanas recentemente representavam 25% do índice MSCI, 22% dos ativos do fundo BlackRock e 22% dos ativos do fundo Natixis. Os países restantes no índice MSCI são Chile, Colômbia e Peru. Mas o tamanho relativamente pequeno das economias e mercados de valores desses países -com um PIB combinado de cerca de US$ 250 bilhões- pode impedir que eles sejam de muita ajuda para grandes portfólios.
Ainda assim, os gerentes de portfólios veem promessas nesse trio, particularmente no Peru. "O Peru é o país de maior crescimento na América Latina", disse Luis Carrillo, principal diretor do fundo JP Morgan Latin America. "Seu PIB está crescendo há seis ou sete anos como índices chineses: 7% a 8% anualmente."
Os administradores de fundos na América Latina costumam advertir que a região continua volátil.
Assim, Adam J. Kutas, diretor do fundo Fidelity Latin America, sugere que um fundo como esse não deveria representar mais que 5% a 10% de uma carteira diversificada típica.
David Snowball, editor do boletim on-line Mutual Fund Observer, disse que os investidores no varejo deveriam ficar longe de qualquer fundo voltado para uma única região emergente.
No entanto, Kutas comentou que um número crescente de pessoas nos EUA tem conhecimento de primeira mão sobre a América Latina: "Se você tiver uma conexão pessoal, ela poderá ajudá-lo a compreender os riscos que vai assumir".
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