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sexta-feira, 12 de julho de 2013

Para porta-voz da Frente de Salvação Nacional, queda de Mursi "não foi um golpe"

A Frente de Salvação Nacional, uma coalizão de 11 partidos laicos e progressistas liderada pelo prêmio Nobel da Paz Mohamed el Baradei, está em uma situação delicada. Convocou manifestações contra o presidente deposto Mohammed Mursi em 30 de junho e apoiou o golpe de Estado posterior. Agora vê o presidente escolhido pelos militares, Adli Mansur, emitir um decreto no qual se atribui poderes quase absolutos e marca prazos eleitorais sem consultá-lo. Khaled Daud é um dos líderes do Partido da Constituição e porta-voz da Frente.

El País: A Frente afirma que o que aconteceu na semana passada não é um golpe. O que é?
Khaled Daud: Não é um golpe. É o reflexo da vontade da cidadania do Egito. Pelo menos 20 milhões de egípcios saíram às ruas exigindo que o presidente Mohammed Mursi saísse e convocasse eleições, porque levou o país a um grande desastre. Estávamos à beira de uma guerra civil, a economia em colapso. Não buscamos o controle militar. Há um presidente civil que emite um decreto constitucional que marca prazos claros para as eleições.

El País: Mas é o exército que apoia o atual governo, já que anulou a Constituição.
Daud: Sim, mas em 3 de julho o ministro da Defesa [Abdel Fatah al Sisi] chamou as forças nacionais para negociar. El Baradei representou a Frente. Veio o partido salafista Nur. Havia uma maioria de representantes da cidadania egípcia. Os únicos que não compareceram foram os da Irmandade Muçulmana.

El País: Mas vocês estão aliados com o Nur, um partido mais radical que a Irmandade.
Daud: Discordo. São mais honestos e diretos. Aprecio que tenham se unido ao processo político em 3 de julho, quando compareceram às conversações de reconciliação. Naquele momento estávamos à beira da guerra civil. A Irmandade Muçulmana a buscava.

El País: O presidente Mansur emitiu um decreto constitucional que estabelece prazos eleitorais. Sua coalizão o rejeitou, para suavizar sua posição posteriormente. Os militares os pressionaram?
Daud: Não. Foi um erro meu. Não me comuniquei bem com os demais líderes. Enviei à mídia um rascunho não finalizado. Mas a mensagem é a mesma: temos nossas reservas sobre o decreto.

El País: Quais são?
Daud: O presidente não nos consultou antes de emiti-lo. Há artigos que, para satisfazer os salafistas, incluem uma definição muito reduzida da sharia. Queremos menos poderes para o presidente interino. E por último, que haja eleições presidenciais antes das legislativas, ao contrário do que está programado.

El País: Aceitariam esse decreto como foi proposto, com poderes quase absolutos para o presidente?
Daud: Não. Estamos negociando com a presidência. E nos prometeu que vai considerar nossos pedidos.

El País: Que tipo de governo querem, depois desse processo?
Daud: Um governo democrático. Ganhar nas urnas não dá o direito de emitir uma declaração constitucional, como fez Mursi, que viola direitos humanos e princípios democráticos. Ter a legitimidade não significa violar as normas da democracia.

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