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terça-feira, 16 de julho de 2013

EUA não dependerão de bases e autorizações no exterior para operar drones em missões secretas

Um avião não tripulado da marinha americana realizou na última quarta-feira a primeira aterrissagem em um porta-aviões de maneira totalmente autônoma, sem ser pilotado remotamente por um ser humano. O acontecimento é de extrema importância, não só pelas dificuldades técnicas de pousar sobre o convés de um navio, como pelas novas possibilidades que se abrem para os EUA de ampliarem seu programa de drones. Agora o país poderá utilizá-los sem necessidade de contar com a autorização de governos estrangeiros e usar suas bases para realizar operações no exterior.

O secretário da Marinha dos EUA, Ray Mabus, salientou essa importância diante da mídia no porta-aviões George H. W. Bush, onde aterrissou o drone X-47B. "Vocês acabam de assistir à próxima geração da aviação naval e às extraordinárias possibilidades que isso poderá nos conferir", salientou Mabus.

O aparelho decolou da base aeronaval de Patuxent, em Maryland, e depois de se deslocar por quase 170 quilômetros, escoltado por dois F-18, pousou na nave, diante da costa da Virgínia. À diferença dos aviões não tripulados empregados pela CIA, o Predator e o Reaper, que são controlados remotamente por pessoas, o modelo empregado pela marinha realizou seu voo de maneira completamente autônoma, guiado unicamente por um satélite de navegação, um software de voo avançado e uma rede de conexões de alta segurança.

O X-47B é somente um modelo experimental, com uma réplica, fabricado pela companhia Northrup Grumman, fruto de um programa de US$ 1,4 bilhão. Apesar de se tratar de um protótipo, esse drone ajudará a marinha a transformar a aviação naval, permitindo desenvolver porta-aviões mais versáteis e vitais para a estratégia militar dos EUA no Oriente Médio, norte da África e Pacífico.

O voo demonstrou que os porta-aviões podem se transformar em bases permanentes e pistas de pouso dos aviões não tripulados para enviar, diretamente de seu convés, missões de vigilância e prevenção antiterrorista, sem precisar depender de bases em solo estrangeiro, como ocorre hoje com os drones com que sobrevoam o Iraque, Afeganistão, Paquistão e Iêmen.

A aterrissagem foi concluída com sucesso no mesmo dia em que o secretário da Defesa, Chuck Hagel, enviou uma carta ao Congresso para alertar sobre o impacto que a entrada em vigor do corte maciço de gastos públicos, em março passado, teve no exército, e suas consequências se for prorrogado em outubro.

"Seremos obrigados a comprar menos navios e aviões e destinar menos recursos à pesquisa da nova geração de armamentos", advertiu Hagel. A marinha já aposentou vários porta-aviões por causa de seu elevado custo de manutenção e, como o resto das armas militares, quer demonstrar com testes como o do X-47B sua importância no esquema de defesa do Pentágono.

A ampliação de seu programa de drones chega em meio a uma crescente polêmica, dentro e fora do país, devido a seu uso secreto. O presidente Barack Obama anunciou em maio uma diminuição do número de operações com drones no estrangeiro e uma maior transparência.

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