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quinta-feira, 11 de julho de 2013

Crescimento sem desenvolvimento

Chefes de Estado dos Brics posam para foto oficial do encontro, realizado em Durban, na África do Sul. Da esquerda para a direita: premiê da Índia, Manmohan Singh, presidente da China, Xi Jinping, presidente da África do Sul, Jacob Zuma, presidente do Brasil, Dilma Rousseff, e presidente da Rússia, Vladimir Putin

A desaceleração do crescimento dos Brics -Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul- pode estar impedindo a expansão da economia global. No Brasil, surgiu uma onda de insatisfação pela estagnação no padrão de vida. Mas um problema mais grave talvez esteja espreitando por trás das manchetes: o crescimento meteórico das economias emergentes pode não ser mais possível.

Os indícios disso vêm de pelo menos quatro direções. Primeiro: as máquinas podem realizar cada vez mais funções na indústria e, às vezes, até nos serviços. Isso dificulta que os países emergentes compitam via salários baixos. Segundo: as cadeias de suprimento estão atualmente espalhadas pelos países. O sucesso em uma parte da cadeia não acarreta sucesso em outras, o que beneficiaria a economia de forma mais ampla. A Tailândia, por exemplo, cortejou com sucesso as montadoras de automóveis, mas as autopeças geralmente vêm do exterior.

Richard Baldwin, professor de economia internacional no Instituto de Pós-Graduação, em Genebra, vê um novo mundo com "enclaves de desenvolvimento", em que determinadas partes dos países se tornam avançadas, sem transformar o resto.

Outra barreira é a dificuldade de sustentar um esforço de equiparação econômica. A ascensão econômica da Coreia do Sul exigiu sacrifícios de milhões de pessoas em termos de horas trabalhadas, poupança e investimentos educacionais. Muitas das nações mais pobres da atualidade parecem estar a mais de 20 anos de distância dos líderes globais. Esse longo caminho pode desencorajar alguns.

Finalmente, muitos países de renda mais baixa ficarão velhos antes de ficarem ricos. A população da China, por exemplo, está envelhecendo rapidamente, por causa da política governamental do filho único e do declínio nas taxas de natalidade que acompanha a ascensão da renda. O que é menos sabido é que as taxas de fertilidade em grande parte do Oriente Médio e norte da África também estão caindo rapidamente. Populações que encolhem e envelhecem, naturalmente, limitam o crescimento econômico futuro.

Os padrões de vida das nações mais pobres não precisam se estagnar. Elas podem melhorar as condições para alguns cidadãos, pelo menos, por meio da venda de serviços, como na Índia, com os call centers de Bangalore. As chances de progresso permanecem, mas essas nações talvez nunca fiquem iguais aos países desenvolvidos. Havia algo de especial na fórmula de empregos industriais bem pagos do século 20, que criou uma classe média que assumiu controle significativo do governo.

A ideia de equiparação econômica mudou, o que significa que a política das nações em desenvolvimento pode mudar também. Nações que recentemente passaram a crescer se veem em um mundo mais estratificado, sem desenvolver histórias igualitárias que fortaleçam as instituições políticas ou as expectativas econômicas.

O caminho dos países em desenvolvimento pode ser muito diferente do que costumava ser. Os próximos vencedores dos mercados emergentes poderão manter enormes bolsões de pobreza. Embora Seul atualmente se pareça bastante com Los Angeles, é possível que La Paz, Acra e Dacca nunca fiquem muito parecidas com Seul.

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