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segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Para mídia alemã, Obama terá um caminho duro pela frente

Da esquerda para direita: Michele Obama, Barack Obama, Joe Biden (vice-presidente dos EUA) e Jill Tracy Biden

A reeleição do presidente americano, Barack Obama, foi amplamente divulgada na quinta-feira (8) na Alemanha sob o título de "Uma segunda chance".

Essa segunda chance, segundo os comentaristas alemães, incluiria a oportunidade para que Obama, sem o medo de mais uma campanha à reeleição, assuma uma liderança mais forte nos EUA e no exterior.

Os jornais alemães na quinta-feira (8) estavam cheios de fotos do recém-reeleito presidente e sua família, sorridentes. Também houve uma cobertura considerável de como a raça e a etnia influíram na disputa e o que isso significa para o futuro dos dois principais partidos americanos.

Vários comentários nos grandes jornais alemães assumiram uma visão pessimista da perspectiva de romper o impasse em Washington entre o governo e a Câmara de Deputados controlada pelos republicanos. Mas eles também escreveram que agora Obama deve usar seu cargo para se envolver mais ativamente no mundo, reforçando os laços com a Alemanha e a Europa, mas especialmente no Oriente Médio.

Seguindo essas linhas, o ministro das Relações Exteriores alemão, Guido Westerwelle, pediu na quinta-feira (8) um novo impulso "para superar o impasse no processo de paz no Oriente Médio ou em apoio às mudanças no mundo árabe", segundo o jornal conservador "Die Welt". Westerwelle também disse esperar que no segundo mandato Obama faça ainda mais progressos no desarmamento nuclear, e apontou para o discurso de Obama em Praga em 2009, em que ele delineou a meta de buscar um mundo livre de energia nuclear.

Os desafios que aguardam o presidente "não são para tímidos", escreve um comentarista. Aqui está uma amostra do que outros tinham a dizer:

O diário conservador "Frankfurter Allgemeine Zeitung" escreve:

"Há muito para Obama e a chanceler [Angela Merkel] discutirem. Sob o primeiro 'presidente pacífico', as relações entre os EUA e a Europa foram cada vez mais negligenciadas, enquanto durante a campanha elas não tiveram qualquer influência. O estabelecimento de uma área de livre comércio transatlântica seria importante não apenas por razões econômicas, mas também simbolizaria a união do Ocidente em um mundo em rápida transformação. Os dois lados devem tomar cuidado para não continuar se distanciando em meio à luta contra as crises financeiras e da dívida. Obama não era amigo da linha de consolidação orçamentária de Merkel, mas provavelmente atingirá os limites de sua própria política de dívida na luta com o Congresso sobre as finanças de seu país. É por isso que Washington também pedirá que a Europa, com a Alemanha na liderança, se envolva mais na gestão da crise política, financeira e militar ao redor do mundo."

"Desta vez as expectativas sobre Obama são significativamente menores que em 2008. E isso também deveria ser libertador para o presidente enquanto trabalha. Obama não é mais um messias. Agora ele precisa ser apenas um bom político."

O "Süddeutsche Zeitung", de centro-esquerda, escreve:

"O presidente recentemente reeleito na verdade tem bastante a fazer em casa, mas não pode continuar negligenciando a arena internacional. Isto não é apenas o antigo lamento aqui na Alemanha de que os EUA estão se afastando da Europa. A Síria, o programa nuclear iraniano, a política de retaliação de Netanyahu, a região de crise entre a Tunísia e o Afeganistão - tudo isso exige mais que uma abordagem de esperar para ver, ou mesmo de tranquilização. Em suas viagens ao exterior, Romney deu a impressão de como os EUA poderiam fazer coisas do modo errado. Em seu segundo mandato, Obama deve ser mais ativo ao se relacionar com o mundo muçulmano e a China. E deve liderar não apenas em Washington, mas em todo o mundo."

Para o "Die Tageszeitung", de esquerda,

"Obama deve mostrar que pode demonstrar coragem e firmeza, e não apenas com a morte de Osama bin Laden. Em seu segundo mandato, ele deve levar a sério suas próprias promessas. Deve arriscar tudo para fechar Guantánamo, mesmo que afinal ele fracasse devido às condições nos EUA."

"Quanto ao conflito no Oriente Médio, há muito tempo ele está na beira do que é possível. Seus antecessores mostraram que um presidente americano também pode fazer fortes exigências a Israel."

"O maior desafio, porém, será distribuir os poucos recursos financeiros que há, de modo a não decepcionar os que o elegeram de novo. Isso seria fatal. Porque a maior força dos EUA é a crença dos cidadãos nas possibilidades. Obama prometeu ser o guardião de seus sonhos. E ele desafiou o país a sonhar de novo."

O "Berliner Zeitung", de esquerda, escreve:

"Obama foi reeleito e os problemas não diminuíram muito. Ele está liderando um país altamente endividado, o que é debilitante de muitas maneiras. Os republicanos continuam no controle da Câmara e o Oriente Médio fervilhante precisa desesperadamente de uma estratégia de paz, que só pode ser desenvolvida com a ajuda dos EUA. O mundo espera que Barack Obama, o prêmio Nobel da Paz, mereça sua medalha."

"Estas não são tarefas para tímidos. E embora Obama entre em seu segundo mandato no cargo com menos euforia que quatro anos atrás, ele trará consigo um maior sentido de realismo e mais autoconfiança."

O jornal de circulação de massa "Bild" escreve:

"Na noite da eleição em Chicago, Barack Obama provou mais uma vez que é capaz de mover as pessoas, capturar sua esperança e otimismo com palavras.... Mas desta vez a mudança real deve acompanhar as palavras. Precisamos de uns EUA que tornem o mundo um lugar melhor, e um presidente americano que enfrente corajosamente os problemas mundiais."

O diário econômico "Financial Times Deutschland" escreve:

"Obama tem mais liberdade em seu segundo mandato. Como não pode disputar de novo, não precisa pensar em sua próxima eleição. Sua atenção estará menos nos grupos de eleitores e mais nos livros de história. O que restará da era Obama? Em seu primeiro mandato ele concentrou todas as suas energias na histórica reforma da saúde e em evitar o colapso econômico, e ambos foram amplamente concluídos."

"A próxima coisa na lista é limpar as finanças públicas. Se o presidente e o Congresso não evitarem o 'precipício fiscal' (provocando aumentos automáticos de impostos e cortes em programas, ao deixar de aceitar um orçamento em breve), ele ameaça prejudicar a economia já abalada. Poderia haver um cabo-de-guerra entre Obama e sua oposição semelhante ao que houve no ano passado sobre o aumento do teto da dívida, quando uma crise financeira devastadora foi evitada no último minuto. Na época, os republicanos esperaram tirar Obama do cargo com suas táticas de bloqueio. Os resultados desta eleição deveriam ter apagado essas esperanças, e portanto aberto a porta para o compromisso."

O diário financeiro "Handelsblatt" escreve:

"É preciso uma quantidade substancial de fé em Deus para acreditar que Barack Obama agora poderá realizar o que não conseguiu nos últimos quatro anos: um entendimento com a oposição. Primeiro, porque ele lida com um partido que ficará lambendo suas feridas durante muito tempo. E porque esse partido ainda reluta em financiar cortes de gastos no orçamento com aumentos de impostos. Isto é complicado pelo fato de que o presidente ainda deve negociar esse problema com o velho Congresso."

"Também há a questão de como Obama encontrará a mistura certa de emoção, perícia e uma qualidade pé-no-chão na abordagem das frentes adversárias. O presidente de 51 anos careceu disso no passado.... Para tanto, Obama terá de se reinventar. Se o conseguirá, depende de como interpreta a vitória - como prova de sua inviolabilidade porque não teme mais uma eleição, ou como uma libertação de restrições, sejam políticas ou pessoais. Mas, como a situação política entre a Casa Branca democrata e o Congresso dividido não mudou realmente, as coisas dependem mais do presidente agora do que quatro anos atrás. Como vencedor, Obama deve aproveitar a ocasião e ser flexível - e rápido."

O jornal conservador "Die Welt" aborda a situação do Partido Republicano depois da derrota:

"Tornar-se moderado, adaptar-se, ou mesmo explorar as fraquezas de Obama? A batalha pela alma do Partido Republicano não será conduzida dessa forma europeia. Diferentemente do modo como as coisas se desdobrariam na Alemanha, ninguém pode impor ordens de marcha às diferentes facções do partido.... A impressão de que um bloqueio republicano no Congresso poderia ameaçar as chances do partido na eleição de 2016 provavelmente deverá causar reflexões. Mas para muitos conservadores nesse vasto país bloquear projetos que eles acreditam que traem o legado da América é um objetivo honroso."

"Ainda assim, será um feito enorme para os sucessores de Mitt Romney impedir que o partido se desintegre em vários grupos. Essas pessoas serão observadas com grande interesse pelos democratas, é claro.... Mas existem muitos tipos diferentes de pessoas no partido de Abraham Lincoln, e seus muitos ramos provavelmente precisarão de alguém como ele para evitar o colapso sob o peso do esgotamento político."

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