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sexta-feira, 16 de novembro de 2012

El País: África se prepara para libertar Mali


Os países do oeste da África fizeram a lição de casa passada pelo Conselho de Segurança da ONU em meados de outubro. Os líderes da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao) aprovaram no último domingo (11) em Abuja (Nigéria) a formação de um contingente de pelo menos 3.300 homens para libertar o norte de Mali do jugo islâmico a que está submetido há oito meses.

Apesar de importante, sua decisão provoca reservas e ceticismo por parte de especialistas. "É uma construção política que salva as suscetibilidades dos africanos, mas que poderá carecer da eficácia operacional necessária", escreve em seu blog o general francês aposentado Jean-Bernard Pinatel.

Três grupos armados, o ramo magrebino da Al Qaeda (AQMI), sua filial, conhecida como Movimento para a União da Jihad na África Ocidental (MUYAO) e os tuaregues radicais do Ansar Dine se apoderaram no final de março da faixa setentrional de Mali, com 830 mil quilômetros quadrados.

Depois de várias hesitações, o novo governo de Mali pediu a intervenção militar para recuperar sua integridade territorial, e o Conselho de Segurança deu aos africanos até o fim deste mês para que lhe enviassem um plano de reconquista do norte.

A cúpula de Abuja aprovou a criação do contingente, durante um ano, que terá homens de Nigéria, Níger, Senegal, Burquina-Fasso, Togo, Gana, etc. Mas a Cedeao quer que outros países que não pertencem a essa comunidade - Chade, Mauritânia e África do Sul, por exemplo - também contribuam para alcançar um total de 5.500 soldados.

Eles terão de enfrentar vários milhares de jihadistas, alguns dos quais se incorporaram recentemente aos movimentos terroristas, mas só cerca de 2.500 possuem experiência de combate, segundo o ministro da Defesa francês, Jean-Yves Le Drian.

Os líderes africanos também deixaram claro que não seriam os desacreditados militares malineses que encabeçariam o contingente internacional. A decisão não agradará ao governo de Mali, mas seu exército entregou o norte do país sem lutar e está destroçado.

O ramo mais moderado dos tuaregues, o Movimento Nacional de Libertação do Azawad, que foi expulso do norte de Mali em julho, se ofereceu para colaborar com a intervenção "e poderá ser útil porque conhece a fundo o terreno", explica Moussa Ag Assarid, um de seus chefes.

Para preparar e realizar sua ofensiva, os exércitos africanos contarão com o apoio da União Europeia (UE). Os ministros das Relações Exteriores e da Defesa de França, Espanha, Alemanha, Itália e Polônia se reunirão nesta quinta-feira (15) em Paris para refinar a proposta que levarão à UE. O grosso do esforço europeu recairá sobre Paris, mas o financiamento deverá ser custeado pelo conjunto da UE.

"Aos instrutores militares que serão enviados a Mali para formar seu exército, será preciso acrescentar uma ajuda em inteligência que os africanos não podem desenvolver por si sós porque carecem de meios", explica por telefone Jean-Charles Brisard, que foi o principal investigador contratado pelas vítimas do atentado de 11 de Setembro nos EUA.

"Não se transforma um exército derrotado e com maus oficiais em um exército vencedor apenas formando-o e fornecendo-lhe material", adverte o general Pinatel.

Se os prazos forem cumpridos, a reconquista do norte deverá começar "quando se aproximar a primavera", prossegue Brisard. Deve ser "rápida e maciça para evitar o risco de que o contingente africano se abrigue", acrescenta. É preciso evitar que os jihadistas se retirem das cidades e se dispersem pelo deserto.

Por enquanto, os grupos terroristas já abandonaram os edifícios públicos das cidades que controlam, sobretudo Gao e Tombuctu, para se instalar em lugares menos vistosos, segundo fontes locais.

Não está claro até onde chegará o apoio aéreo europeu ao contingente da Cedeao. Os aviões teleguiados dos EUA (e dentro de pouco tempo os franceses) já sobrevoam o norte de Mali para seguir a pista dos terroristas. Os "drones" irão disparar em março contra os chefes jihadistas, ou os caça-bombardeios franceses Rafale atacarão as colunas de combatentes que fugirem, por exemplo, de Tombuctu para se refugiar nas montanhas setentrionais de Tegharghar? Ainda não se sabe.

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