Há apenas uma semana, as iniciativas de exploração espacial da Europa levaram um golpe significativo. Com vários países da União Europeia diante da necessidade de reduzir os gastos por conta da crise do euro, angariar fundos para o pouso proposto no pólo sul da Lua estava se mostrando difícil. E na sexta-feira passada (16), com a Inglaterra, a Espanha e a Itália recusando-se a se comprometer, a Alemanha também recuou. O projeto chamado "Lunar Lander" chegou ao fim.
Na terça-feira (20) à noite em Nápoles, no entanto, a Agência Espacial Europeia (ESA), recebeu um impulso. Depois de difíceis negociações de nível ministerial na reunião da ESA, houve um acordo sobre o futuro da agência, garantindo tanto a continuação do desenvolvimento do foguete Ariane, bem como o envolvimento europeu contínuo na Estação Espacial Internacional (ISS). Como parte desse envolvimento, a ESA deverá cooperar com a NASA na construção da cápsula Orion para transportar pessoas e bens para a ISS.
O novo passo de forma alguma estava garantido às vésperas da reunião. Os orçamentos europeus estão sobrecarregados e muitos temiam que o programa espacial do continente sofreria com isso. Nas primeiras horas da manhã de quarta-feira (21), entretanto, representantes dos 20 Estados membros da ESA aprovaram um orçamento de 10 bilhões de euros (US$ 12,8 bilhões) para os próximos três anos, em sintonia com o orçamento aprovado há quatro anos. O diretor-geral da ESA, Jean-Jacques Dordain, chamou o acordo de um "grande sucesso".
Além das finanças, entretanto, o encontro se concentrou em atenuar as diferenças entre as visões concorrentes dos alemães e franceses para o futuro do foguete Ariane, o transportador seguro da ESA para levar satélites e outras cargas para o espaço.
Mais competitiva
Alemanha queria continuar se concentrando numa nova versão mais forte do Ariane 5 existente, conhecido como o Ariane 5 ME ("Midlife Evolution"), como havia sido acordado em 2008. O foguete atualizado tem a vantagem de poder transportar uma carga útil 20% maior em órbita. Os franceses, por sua vez, preferiram se concentrar na próxima geração, Ariane 6. Embora o novo foguete possa ter uma capacidade de carga menor, espera-se que ele seja mais competitivo no crescente mercado comercial e não exija os 120 milhões de euros em subsídios anuais que são necessários para apoiar o Ariane 5.
No final, os dois países conseguiram o que queriam. O desenvolvimento do Ariane 5 ME vai continuar, uma boa notícia para a empresa aeroespacial Astrium, com sede em Bochum, que fabrica estágios para o foguetes. E o projeto Ariane 6 também vai avançar, embora mais pesquisas precisem ser realizadas antes que a produção possa começar. A esperança é que uma viagem inaugural aconteça em 2021 ou 2022, segundo a ministra de Pequisa francesa Geneviève Fioraso. Grande parte do projeto de pesquisa e desenvolvimento deve acontecer na França.
O compromisso entre Berlim e Paris em relação ao Ariane também abriu o caminho para o envolvimento europeu no projeto Orion da NASA. A agência espacial dos EUA já manifestou interesse na cooperação devido ao seu desejo de incorporar elementos do veículo de carga não tripulado europeu ATV, mas a França estava cética e o financiamento para o novo projeto estava nebuloso.
Para Marte com a Rússia
Na noite de terça-feira (20), no entanto, a França retirou sua oposição. Além disso, a Inglaterra anunciou previamente sua intenção de aumentar o financiamento da ESA em 30% nos próximos cinco anos – incluindo 20 milhões de euros para o projeto Orion – ajudando a reforçar o financiamento. A Inglaterra fornecerá agora cerca de 300 milhões de euros por ano para a ESA, muito abaixo da contribuição total da Alemanha de 2,7 bilhões de euros ao longo dos últimos quatro anos, mas um aumento bem-vindo em relação às rodadas anteriores de financiamento.
A cúpula de Nápoles também teve mais um sucesso para comemorar. Em fevereiro, a NASA havia se retirado de uma missão conjunta, conhecida como ExoMars, para enviar um veículo para coletar amostras da atmosfera de Marte em 2016 e um veículo exploratório de superfície ao planeta em 2018. Desde 2005, cerca de 400 milhões de euros foram investidos na missão. Agora, a ESA tem um novo parceiro. Na quarta-feira, noticiou-se que a Rússia vai unir forças com os europeus.
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Ganha mais a Rússia.. no meu entender..
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depois do fracasso retumbante da sonda russa Phobos-Grunt... bendita Europa... e não é a lua de jupiter...rs
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XTREME