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segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Der Spiegel: Cidade na Áustria não sabe o que fazer com casa de Hitler

Hitler com seu cão

O prédio, no momento, está vazio. Mais recentemente, ele foi usado como uma oficina administrada por uma organização de caridade para pessoas com deficiência. Mas o grupo se mudou há um ano e, desde então, pouco aconteceu no Salzburger Vorstadt 15.

Esta semana, porém, o local esteve no centro de um debate acalorado sobre seu futuro. A estrutura, afinal, está localizada na pequena cidade de Braunau am Inn, na fronteira da Áustria com a Alemanha. E é o lugar onde Adolf Hitler nasceu em 20 de abril de 1889.

O vai-e-vem foi desencadeado na semana passada, quando o prefeito de Braunau, Johannes Waidbacher, sugeriu numa entrevista para o jornal austríaco Der Standard que ele era a favor de usar a propriedade apenas como edifício residencial. "Certamente seria mais fácil transformar o local em apartamentos", disse ele.

Waidbacher não parou por aí. Dizendo estar "aberto a muitas idéias", acrescentou: "Devemos também questionar em geral se faz sentido criar mais um memorial do Holocausto uma vez que já existem tantos na região. Já somos estigmatizados. Hitler passou os três primeiros anos de sua vida aqui na nossa cidade. E certamente não foi a fase mais formativa de sua vida. Como tal, nós em Braunau não estão preparados para assumir a responsabilidade pela eclosão da 2ª Guerra Mundial.”

Os comentários de Waidbacher não foram universalmente bem recebidos, o que não causa muita surpresa. Políticos locais, desde então, exigiram que o local fosse transformado numa espécie de memorial e a reação do exterior também deixou claro que simplesmente ignorar a história do prédio não seria muito bem aceito.

'Um tópico difícil'
De fato, a reação foi tamanha que Waidbacher desde então voltou atrás em relação à sua preferência por transformar o prédio num complexo de apartamentos. Ele disse ao diário alemão Frankfurther Allgemeine Zeitung esta semana que "haverá por fim uma proposta que seja aceita por todos os envolvidos", admitindo que se trata de "um tópico difícil”.

Durante anos, foi um tema fácil de ignorar. O edifício, de propriedade privada, é alugado pelo Ministério de Interior austríaco e sublocado para a cidade de Braunau. Por causa do assassinato sistemático de Hitler de pessoas com deficiência durante o Terceiro Reich, muitos sentiram que seria adequado que sua terra natal se dedicasse a ajudar pessoas com deficiência. Pareceu haver pouca necessidade de lançar um debate sobre a transformação da estrutura de três andares num museu.

Agora que a organização se mudou, no entanto, muitos estão se voltando para uma proposta feita há vários anos pelo historiador local Andreas Maislinger, que ajudou a fundar a Sociedade Braunau de História Contemporânea em 1993. Em 2000, ele apresentou um plano para estabelecer o que ele chama de uma "Casa de Responsabilidade" no local. Ele vislumbra uma exposição histórica junto com uma instalação de serviços sociais e projetos para promover a compreensão intercultural.

"O prefeito diz que apoia a ideia, mas ele tem estado um pouco hesitante", diz Maislinger. "É normal que as pessoas em Braunau não queiram pensar o tempo todo sobre Hitler. Se você observar Berlim, as pessoas lá nem sempre pensam sobre o fato de Hitler ter tomado suas decisões na cidade. É uma cidade grande. Mas, em cidades menores, como Dachau, por exemplo, é mais difícil. E Braunau é ainda menor que isso. Pode-se entender, mas ainda assim, há muitas pessoas que concordam com o meu conceito”.

“Algo tem que acontecer”
E o edifício, que faz parte de uma coleção de antigas estruturas que tem status de proteção desde o início do século 20, não vai a lugar nenhum, apesar das propostas periódicas de simplesmente derrubá-lo e acabar com ele.

Na época do nascimento de Hitler, o prédio era uma pensão, e seu pai Alois e sua mãe Klara não ficaram lá por muito tempo, mudando-se para Passau em 1892. Após a anexação da Áustria pela Alemanha, no entanto, o partido nazista se interessou pelo edifício. Em 1938, o secretário particular de Hitler Martin Bormann comprou-o na esperança de, eventualmente, transformá-lo num monumento semelhante aos locais de nascimento de Stalin e Mussolini. Depois da guerra, os EUA quiseram transformá-lo numa exposição sobre os horrores do Holocausto.

Mas em 1952, o prédio foi comprado de volta pela família que o tinha vendido em 1938 – e este continua sendo o principal obstáculo para quaisquer planos para seu futuro. A família, simplesmente, não mostrou interesse em vender a propriedade. Na verdade, como Maislinger admite, o debate atual provocado pelo prefeito permanece teórico até que o prédio mude de mãos.

Maislinger, no entanto, está otimista de que isso finalmente aconteça. "Algo precisa acontecer com a casa. Ela não pode simplesmente ficar lá vazia durante os próximos dez anos", diz ele. "Ser dono de uma propriedade é também uma responsabilidade. E se há uma ligação histórica, não importa que tipo de conexão que seja, essa responsabilidade é ainda maior."

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