François Hollande |
Missão cumprida. Se ele fosse ler os jornais no dia seguinte ao seu discurso, algo que ele evita, François Hollande teria dificuldade em esconder sua satisfação. Com sua longa coletiva de imprensa, na terça-feira (13), a primeira de seu mandato, o chefe do Estado seduziu os jornalistas. A imprensa, que até poucos dias atrás o vilipendiava, descobriu na terça-feira um presidente responsável, sereno e determinado, um chefe à vontade em seu novo papel, que defende com seriedade a coerência da ação de seu governo, que determina sem remorso seu plano de ação (a desistência do voto dos estrangeiros, por exemplo) e que não hesita, se necessário, em atacar um membro de sua equipe (Manuel Valls, desta vez), maneira de mostrar que está acima das querelas, que o chefe é ele. Aqueles que viam em Hollande um novo Queuille, incapaz de tomar decisões, agora evocam ninguém menos que Churchill ou Mendès France! Na verdade, ele voltou a ser ele mesmo: um socialdemocrata europeu partidário de um “socialismo da oferta” (é preciso produzir antes de distribuir), o que ele era antes da campanha.
Na terça-feira ele quis recolocar em perspectiva o caminho percorrido desde o dia 6 de maio por seu governo. Embora às vezes possa haver algumas diferenças entre as declarações feitas no salão de festas de Tulle e as feitas no salão de festas do Eliseu, em compensação na administração que ele vem garantindo há seis meses não haveria “nem reviravoltas, nem guinadas”. Os decretos de emergência de julho (aposentadoria aos 60 anos, aumento do salário mínimo), o rigor e o choque fiscal de setembro (o orçamento e seus 3%), o pacto de competitividade de novembro (o crédito de imposto às empresas): cada uma das etapas desse percurso é assumida por François Hollande – ele é o pai delas, ele diz, disposto até a reivindicar as decisões que irritam a esquerda, como o aumento do IVA.
Ele tem certeza de que é esse caminho ainda inexplorado que deve levar à recuperação do país. O chefe do Estado não esconde as dificuldades: o desemprego continuará a aumentar nos doze próximos meses! “Não trabalho por uma próxima eleição, trabalho para a próxima geração”, ele se defende, afetando indiferença à impopularidade do momento. Os próximos compromissos já foram feitos: haverá a esperada “negociação histórica” entre sindicatos e patronatos sobre o contrato de trabalho, e depois a reforma do Estado. Pela primeira vez, o presidente falou demoradamente a favor de uma redução maciça dos gastos públicos. Apesar de uma argumentação forte e vigorosa, ele continuou vago quanto à maneira como conseguirá isso.
Questionado no final para saber se qualquer estratégia econômica não constituiria, para a esquerda, “uma revolução copernicana”, segundo a expressão usada por um de seus ministros, Pierre Moscovici, a respeito do pacto de competitividade, François Hollande preferiu se esquivar. Apesar de sua vontade de falar clara e sinceramente, provavelmente é cedo demais para reconhecê-lo.
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