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sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Crise mostra elo promissor de EUA e Egito


Obama e Morsi conversaram diversas vezes durante confronto de Gaza, o que pode ser base para novas parcerias

Presidente americano viu colega egípcio como líder pragmático, de acordo com os relatos de assessores da Casa Branca

Khaled Mashaal (esq.), líder do Hamas e o presidente do Egito, Mohammed Morsi
O presidente Barack Obama decidiu recusar a sobremesa depois de um longo jantar em uma conferência de cúpula no Camboja para voltar correndo ao seu hotel.

Já eram mais de 23h30, e ele estava mais preocupado com os foguetes em Gaza do que com a diplomacia asiática. Apanhou o telefone e ligou para o líder egípcio, Mohammed Morsi, o novo coringa no jogo diplomático do Oriente Médio.

Por 20 minutos, Obama e o presidente Morsi discutiram maneiras de pôr fim à mais recente erupção de violência, uma conversa que convenceria o presidente norte-americano a enviar sua secretária de Estado, Hillary Clinton, para representá-lo na região.

O cessar-fogo intermediado entre Israel e o Hamas serviu como anúncio oficial dessa nova e improvável parceria geopolítica, que pode ajudar a estabilizar a região, mas acarreta riscos consideráveis para os dois envolvidos.

Depois de um começo espinhoso de relacionamento, Obama decidiu que investiria pesadamente em um líder cuja eleição causou preocupação devido aos seus elos com a Irmandade Muçulmana, optando por ver Morsi como intermediário que poderia ajudá-lo a conquistar progresso mais amplo no Oriente Médio.

Os registros telefônicos da Casa Branca revelam parte da história. Obama conversou com Morsi três vezes em 24 horas e seis vezes nos últimos dias, uma quantidade incomum de contatos pessoais diretos entre presidentes.

Obama disse a assessores estar impressionado com a pragmática confiança de seus colega egípcio. Sentiu nele a precisão de um engenheiro, e surpreendentemente pouca ideologia.

O mais importante, disse Obama aos assessores, é que vê Morsi como parceiro leal, que cumpre o que promete e não promete o que não será capaz de realizar.

"O que mais atraiu o presidente foi o fato de que as conversações se provaram muito práticas -a situação é essa, as questões que nos preocupam são aquelas", disse um importante assessor de Obama. "Ele provou ser alguém cujo foco é resolver problemas."

O lado egípcio também vê a colaboração positivamente. Essam el-Haddad, assessor de política externa do presidente egípcio, descreveu a singular parceria em desenvolvimento entre Morsi, que é o mais importante aliado internacional do Hamas, e Obama, que desempenha essencialmente o mesmo papel no caso de Israel.

"Sim, eles estão expressando o ponto de vista israelense, mas também compreendem o outro lado, o lado palestino", disse Haddad no Cairo enquanto o cessar-fogo estava sendo finalizado, anteontem. "Sentimos que existe uma vontade sincera de buscar uma solução. A sinceridade e compreensão foram muito úteis".

PARCERIA INCERTA
A parceria incipiente, formada sob a pressão dos acontecimentos da semana passada, pode se provar efêmera, um momento único de cooperação nascido da necessidade e propelido por interesses nacionais que por acaso coincidiam, e não de uma afinidade de pensamentos.

Alguns veteranos observadores do Oriente Médio alertaram contra qualquer exagero na avaliação do ocorrido, apontando que a Irmandade Muçulmana de Morsi é irmã ideológica do Hamas, mesmo que tenha renunciado à violência antes de se tornar o partido governante.

"Eu acautelaria o presidente a não acreditar que Morsi tenha se distanciado de suas raízes ideológicas", disse Robert Satloff, diretor do Instituto Washington para a Política do Oriente Médio.

"Mas se o presidente extrair do processo a lição de que podemos afetar o comportamento do Egito pelo uso engenhoso de nossas ferramentas de assistência, ele terá aprendido algo de útil. O comportamento de Morsi pode ser moldado, mas não sua ideologia".

Outros veteranos na política do Oriente Médio concordam com esse ceticismo, mas veem as sementes de um acordo mais amplo.

"Trata-se realmente de algo que teria o potencial de estabelecer uma nova base para a diplomacia na região", diz Teresa Cofman Wittes, que foi secretária assistente de Estado para assuntos do Oriente Médio no governo Obama até alguns meses atrás e agora dirige o Centro Saban para a Política do Oriente Médio, na Brookings Institution em Washington.

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