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quinta-feira, 4 de abril de 2013

Reeleição de Khaled Meshaal reforça sua influência sobre o Hamas


A reeleição de Khaled Meshaal, na segunda-feira (1º), como líder político do Hamas – pela quarta vez consecutiva – poderia ter sido algo trivial, não fosse precedida da incerteza quanto à sua intenção de se recandidatar, e sobretudo porque ela terá grandes consequências para o futuro do movimento palestino.Como as deliberações internas do Movimento da Resistência Islâmica são secretas, continua desconhecido o desenrolar da votação dentro da shura, a assembleia deliberativa que reúne cerca de 60 delegados que representam os militantes de Gaza, da Cisjordânia, dos campos de refugiados na Síria, na Jordânia e no Líbano, bem como os detentos nas prisões israelenses.

Meshaal, que era o único candidato oficial, sai fortalecido desse processo eleitoral iniciado há quase um ano. Seus dois adjuntos serão Ismail Haniyeh, líder do governo do Hamas em Gaza, e Moussa Abou Marzouk, que era o "número dois" do braço político. Esses dois são considerados seus principais rivais. O primeiro continuará encarregado do movimento em Gaza, ao passo que o segundo, que reside no Cairo, terá a responsabilidade do grupo no exílio. Quanto a Meshaal, é provável que ele continue em Doha, no Qatar, onde ele se expatriou desde que saiu de Damasco, em fevereiro de 2012, como consequência de seu divórcio político com o regime do presidente sírio Bashar al-Assad.

Posições políticas mais moderadas há um ano
Embora tivesse anunciado, em janeiro de 2012, sua intenção de não se recandidatar, Meshaal mudou de ideia após pressões exercidas sobre ele por diversos países árabes como a Jordânia, o Egito e o Qatar, para quem sua mudança política pragmática é uma garantia de reconciliação com o Fatah, o principal partido da Autoridade Palestina.

A outra razão é que esse homem de 56 anos, que dirige o Hamas desde 2004 e acaba de obter um novo mandato de quatro anos, é o único a representar o Movimento da Resistência Islâmica no plano internacional. Além disso, ele recebeu o apoio de diversas capitais árabes. Próximo do Egito e da Irmandade Muçulmana – confraria de onde saiu o Hamas - , Meshaal melhorou nitidamente suas relações com o rei Abdallah 2o da Jordânia, não hesitando em incitar a Frente de Ação Islâmica (braço político da Irmandade Muçulmana), que é a principal força de oposição ao regime do soberano hachemita, a adotar moderação.

Embora ele tenha encarnado por muito tempo a ala radical do Hamas, para quem um Estado palestino deve ser estabelecido em todo o território da Palestina histórica, Meshaal adotou posições políticas mais moderadas há cerca de um ano. Ele se declarou disposto a "dar uma chance" às negociações com Israel, a considerar o princípio de dois Estados vivendo lado a lado, ao mesmo tempo em que se pronuncia a favor da "resistência popular" (não-violenta), sem no entanto abandonar o princípio da luta armada.

Dessa forma ele se reaproximou de Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina, com quem teve inúmeros encontros para obter avanços na reconciliação palestina, difícil de concretizar apesar de um acordo que remonta a 27 de abril de 2011. No entanto, Meshaal não nega mais a intenção que lhe atribuem de disputar a sucessão de Abbas à frente da Organização de Libertação da Palestina. "Se o Hamas me apontar para dirigir a OLP, é direito deles", ele afirmou, segundo a agência de notícias palestina Ma"an.

Uma má notícia para Mahmoud Abbas
Sua reeleição como líder do Hamas não é uma boa notícia para Mahmoud Abbas, que está duplamente fragilizado: antes da visita de Barack Obama a Israel e Palestina, ele freou o processo de reconciliação palestina ao qual os americanos se opõem. Apesar disso, ele não obteve nenhum encorajamento político do presidente americano. A reconciliação palestina se torna ainda mais incerta pelo fato de que o Hamas é muito reticente em aplicar o acordo que prevê que Abbas dirigirá um governo provisório, encarregado de preparar a eleição presidencial. Mahmoud Abbas anunciou diversas vezes sua vontade de não se recandidatar, ou até de pedir demissão, sem nunca fazê-lo.

Em caso de eleição presidencial, Mahmoud Abbas, Ismail Haniyeh e Khaled Meshaal não estariam em posição de vencê-la enfrentando Marwan Barghouti, carismático líder do Fatah preso em Israel desde 2002, onde cumpre uma pena de prisão perpétua. A perspectiva de uma candidatura presidencial de Barghouti, figura emblemática da Segunda Intifada, popular tanto na Cisjordânia quanto em Gaza, enfraqueceria politicamente Khaled Meshaal. Sua possível vitória criaria uma situação complicada para Israel, que teria dificuldades em justificar junto à comunidade internacional por que manteria na prisão o novo presidente da Autoridade Palestina.

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