Kim Jong-un se reúne com altos oficiais do Exército Norte-coreano |
Kim Jong-un, o jovem líder norte-coreano, é um alvo perfeito para os chargistas. Não somente por sua aparência – roliço e com o cabelo raspado atrás das orelhas - , mas também em razão das ameaças nucleares e bravatas de seu regime, que apresenta a originalidade de ser a primeira dinastia comunista da História.
A Coreia do Norte, onde vivem mais de 24 milhões de habitantes, tem poucos aliados, sendo o principal a China, a grande potência vizinha. E muitos inimigos, pelo menos nas diatribes da propaganda oficial. Na linha de frente dos adversários desprezados figuram a Coreia do Sul e os Estados Unidos. É uma herança da Guerra Fria, quando dois blocos ideológicos disputavam o controle do mundo, um liderado pela União Soviética, a "ditadura do proletariado", o outro pelos Estados Unidos, a democracia liberal, "paraíso do capitalismo".
Após a Segunda Guerra Mundial, assim como a Alemanha, a península coreana, colonizada pelos japoneses desde 1905, foi dividida. Ao norte do Paralelo 38, um regime comunista fundado pelo avô de Kim Jong-un, Kim Il-sung (1912-1994); ao sul, um governo anticomunista apoiado pelos Estados Unidos. Em 1950, a Coreia do Norte, decidida a conduzir a reunificação à força e apoiada pela China e pela URSS, lançou um ataque contra o irmão inimigo do Sul, que podia contar com a ajuda dos americanos e da ONU. O conflito durou três anos e custou a vida de dois milhões de pessoas, civis e militares. Ainda que um armistício tenha sido assinado, não houve nenhum tratado de paz depois.
Na prática, a península coreana ainda vive nessa indefinição: nem guerra nem paz, entre períodos de abertura e de diálogo e momentos de grande tensão, como vem ocorrendo desde o final de março. Pyongyang tem feito cada vez mais ataques verbais e ameaças desde que a ONU decidiu sancionar o país após um terceiro teste nuclear no dia 12 de fevereiro, violando resoluções anteriores das Nações Unidas. A Coreia do Norte também ameaça atacar as bases americanas de Guam e do Havaí, bem como a costa oeste americana. Washington enviou recursos militares para a região, entre outras coisas para interceptar mísseis lançados a partir do Norte, e declarou que defenderia seus aliados sul-coreanos e japoneses em caso de ataque norte-coreano.
Para sobreviver, a dinastia dos Kim está conduzindo uma política impiedosa de repressão dentro do país – segundo as organizações de direitos humanos, até 200 mil pessoas estariam detidas em campos de trabalho forçado – e de confronto com o exterior. Para a maioria dos especialistas, seu objetivo principal é obter garantias de segurança por parte dos Estados Unidos e, sobretudo, abrir negociações para conquistar um reconhecimento diplomático. Ao mesmo tempo, Pyongyang conseguiu se munir da arma nuclear, apesar das tentativas da China, dos Estados Unidos, da Coreia do Sul, da Rússia e do Japão, desde 2003, de convencer o regime norte-coreano a abandonar o projeto nuclear em troca de ajuda.
Desde que chegou ao poder, há mais de um ano, o jovem Kim Jong-un também se comprometeu a melhorar o nível de vida dos habitantes. Isso porque, embora a ditadura norte-coreana tenha tido sucesso no domínio militar e nuclear, ela fracassou no plano econômico. Nos anos 1990, após a queda do bloco comunista, o país viveu um período desastroso com crises de fome que custaram a vida de dois milhões de habitantes, ou seja, 10% da população. Hoje, ela depende em grande parte da China. Mas Pequim tem se preocupado cada vez mais com as provocações de seu incômodo aliado.
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