Putin e Obama |
As relações da Rússia com o Ocidente estão novamente piorando. Desta vez, o motivo é a repressão no país e a reação do Ocidente a ela. Da última vez, foi a invasão da Geórgia, em 2008, e antes disso, foi a expansão da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) em direção ao leste. A menos que o Ocidente desenvolva uma estratégia duradoura e resistente em relação à Rússia, a deterioração dos laços pode se mostrar prolongada.
O apoio popular ao presidente Vladimir Putin e seu regime semi-autoritário está diminuindo. No final de 2011, ele começou a enfrentar grandes manifestações contra seu governo. Pesquisas realizadas pelo respeitado Levada Center mostram que, apesar de 64% dos inquiridos apoiarem Putin, 55% querem que ele deixe o cargo em 2018, quando seus terceiro mandato acabará. O chefe do Comitê Nacional de Combate à Corrupção diz que as ações corruptas custam cerca de US$ 300 bilhões anualmente à Rússia.
Aparentemente irritado com a oposição, Putin está reagindo com repressão. Em maio do ano passado, a polícia bateu nos participantes de um protesto realizado em Moscou. Temendo por mais uma "revolução colorida" democrática – como as que ocorreram na Geórgia e na Ucrânia em meados da década de 2000 –, Putin promulgou uma lei que exige que grupos da sociedade civil sejam registrados como "agentes" estrangeiros. As autoridades russas estão invadindo os escritórios desses grupos.
Em dezembro passado, uma lei norte-americana instituiu sanções contra os responsáveis pela punição e morte na prisão de Sergei Magnitsky, advogado russo que estava investigando a corrupção oficial na Rússia, e contra outras graves violações dos direitos humanos no país. Putin, então, proibiu as adoções de crianças russas por cidadãos norte-americanos, deixando milhares de órfãos abandonados.
Os julgamentos políticos, uma relíquia da era soviética, também parecem estar sendo retomados na Rússia. Esta semana, Alexei Navalny, líder da oposição russa, foi a julgamento por acusações forjadas de desvio de madeira de uma empresa estatal. Os manifestantes que participaram do protesto do último dia 6 de maio estão sendo ameaçados com vários anos de prisão ou com confinamento psiquiátrico, outra punição típica da era soviética.
Os retrocessos de Putin mascararam problemas mais profundos. As elites bem-informadas se afastaram do governo devido a sua virada em direção a um regime autoritário – apesar de ainda não terem organizado uma oposição democrática eficaz.
A discriminação contra as minorias muçulmanas e étnicas é um câncer. E Putin só faz crescer as preocupações ao se aproximar da Igreja Ortodoxa Russa. Com a perspectiva de declínio da população da Rússia, a economia do país precisa de um número crescente de trabalhadores imigrantes provenientes da Ásia Central e do Cáucaso – mas esses imigrantes têm enfrentado maus tratos frequentes. No ano passado, de acordo com o Centro Sova, em Moscou, o nível de xenofobia e nacionalismo radical na Rússia manteve-se elevado: ataques de ódio deixaram 19 mortos e 187 feridos.
A nacionalização realizada por Putin em alguns setores-chave da economia, combinada com sua postura antiamericana, corrói o clima para os investimentos. A economia russa está em risco devido à elevada dependência das exportações de petróleo e gás, setor cujos lucros podem cair à medida que a produtividade recua nos campos de petróleo mais antigos da Sibéria Ocidental e que a concorrência pelos mercados de exportação de gás é aguçada em meio à crescente produção mundial. É necessário estimular o comércio e os investimentos ocidentais na Rússia.
E as dificuldades da Rússia com o Ocidente estão se espalhando. Na semana passada, centenas protestaram durante a visita de Putin à Alemanha, e a chanceler Angela Merkel proferiu palavras duras sobre os direitos humanos no país. Durante a crise bancária de Chipre, o Ocidente não se mostrou disposto a aliviar as dificuldades enfrentadas pelos depositantes russos, muitos dos quais eram suspeitos de lavagem de ganhos ilícitos.
Como será possível estabilizar as relações do Ocidente com a Rússia? A resposta reside na implementação de políticas consistentes e sustentáveis.
A cooperação pragmática deve continuar. Os exemplos em prol dessa postura cooperativa estão fazendo diminuir os perigos nucleares, ajudando na operação da Estação Espacial Internacional e auxiliando no desenvolvimento do Ártico. O conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Thomas Donilon, que esteve em Moscou esta semana, demonstrou seu desânimo em relação aos abusos dos direitos humanos praticados no país, mas, ao mesmo tempo, incentivou o progresso dos interesses comuns.
O apoio ocidental à segurança dos países vizinhos da Rússia reduz os riscos dos efeitos desestabilizadores dos excessos cometidos pelo Kremlin. Depois de um "ciber-ataque" russo à Estônia, em 2007, a Otan instaurou um grande centro de ciber-defesa no país. No ano passado, quando Moscou advertiu que a instalação de defesas antimísseis da Otan na Polônia faria com que a Rússia instalasse novos mísseis nucleares em Kaliningrado, o Ocidente se opôs e tranquilizou a Polônia em relação a seu apoio.
O apoio consistente do Ocidente aos direitos humanos e às liberdades políticas é fundamental. O Ocidente deveria expor os julgamentos políticos, encontrar maneiras criativas para ajudar os grupos da sociedade civil que estão sitiados e auxiliar os usuários da internet a burlar a censura do governo russo.
O Ocidente deveria continuar apoiando o engajamento da Rússia na economia internacional, como no caso da adesão do país à OMS (Organização Mundial do Comércio) – mas segundo as mesmas bases que utilizam para os outros países. Fazer a Rússia aderir aos padrões aceitos e, ao mesmo tempo, proporcionar assistência técnica para o país, irá enviar o sinal certo.
O Ocidente deverá passar por um período difícil em sua relação com a Rússia. E deve combinar princípios ao realismo. Os russos vão determinar o ritmo de sua evolução democrática, mas o Ocidente pode ajudar, fomentando a colaboração enquanto se mostra leal àqueles que buscam uma Rússia mais aberta.
*Denis Corboy, pesquisador sênior visitante do Kings College, em Londres, atuou como embaixador da Comissão Europeia para a Armênia e a Geórgia. William Courtney foi embaixador dos EUA no Cazaquistão e na Geórgia e assistente especial do presidente para a Rússia, a Ucrânia e a Eurásia. Kenneth Yalowitz atuou como embaixador dos EUA em Belarus e na Geórgia.
Estranho!? Quatrocentas e tantas bases militares EUA/OTAN cercando a Rússia, agora cercando a China, pressão sobre o Irã, C do Norte, Síria, Cuba, Venezuela, Equador, Bolívia. Então isso quer dizer que bombardeios a Korea and China 1950-53 (Korean War), Guatemala 1954, Indonesia 1958, Cuba 1959-1961, Guatemala 1960, Congo 1964, Laos 1964-73, Vietnam 1961-73, Cambodja 1969-70, Guatemala 1967-69, Granada 1983, Lebanon 1983, 1984 (both Lebanese and Syrian targets), Libya 1986-2012, El Salvador 1980s, Nicaragua 1980s, Iran 1987, Panama 1989, Iraq 1991 (Guerra do Golfo), Kuwait 1991, Somalia 1993, Bosnia 1994, 1995; Sudan 1998, Afghanistan 1998 até hoje, Yugoslavia 1999, Yemen 2002 até hoje foram para salvar esses países dos infernos, ... e coisa não para por aí porque vem mais. E como vem! Quantos mortos hein! Qtas famílias hein! rsrsrs ...
ResponderExcluirEntão dá confiar no tal de OCIDENTE? Ocidente esse que ao término da 2ªWW disse que a Rússia ia destruir o mundo e que aquilo era uma Cortina de Ferro, isto tudo depois de mortos 26 milhões de russos e um país DEVASTADO; pois a Wehrmacht arrasou tudo que pode no seu recuo. Agora anti-mísseis instalados nos iludidos "ex-Cortina de Ferro", agora viraram "Cortina de Ternura Americana". Se nada disso tem valor e nem os 8 milhões de mortos nestes bombardeios dos EUA (só no século 20), então o PUTIN é o QUÊ? O QUÊ ele deveria ser? Pois é Michel os textos do Ocidente Maravilha só dão arrepios de horror, como se isso tudo não bastasse, os rapazes que colocaram as bombas em Boston a rede globo alardeia pelos quatro cantos que os bombistas eram RUSSOS. Putin tõ contigo e não abro!
Concordo com tudo que o anônimo ai de cima falou, quanto as bombas de Boston os adversários dos americanos que abram o olho porque seus exércitos saíram do Iraque estão saindo do Afeganistão, os políticos e generais americanos precisam garantir suas gordas comissões e a industria de armamentos manter suas linhas de produção abertas, todos precisam lucrar, novas guerras precisam ser travadas e as ações para isso já começaram.
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