Antes que estourasse a revolta na Síria, uma pequena ponte de pedra ligava Qasr, na região libanesa de Hermel, até Qusair, na Síria. Essa passagem entre as duas cidades separadas por pouco mais de dez quilômetros foi destruída pelo exército sírio. Mas a guerra ameaça ultrapassar a fronteira, uma vez que, há quase duas semanas, tem havido uma disputa acirrada na Síria pelo controle de Qusair.
No domingo (21), foguetes lançados pelos rebeldes sírios atingiram mais uma vez vários vilarejos de Hermel, entre eles Qasr. Essa região, situada no nordeste do Líbano, é um bastião do Hezbollah, aliado do regime sírio.
Os ataques só causaram danos materiais. Mas uma semana antes, um ataque de artilharia dos insurgentes havia matado dois civis libaneses nessa mesma área. E na terça-feira (23) as escolas fechariam pela segunda vez consecutiva nos vilarejos próximos da fronteira síria.
A rebelião acusa o Hezbollah de apoiar o exército sírio em sua ofensiva contra Qusair e seus arredores e ordenou diversas vezes que o partido xiita armado se retirasse da Síria. Ela afirmou, após os tiros fatais de 14 de abril, que estava retaliando os ataques proveninentes do Líbano e que havia visado posições militares. No entanto, civis é que foram atingidos, afirmam os habitantes. "Eles querem que fiquemos com medo porque apoiamos o Hezbollah", acredita Hassan, um residente de Hermel.
Nessa parte do Líbano, na segunda-feira, ouvia-se o barulho dos combates vizinhos nos arredores de Qusair. Damasco quer retomar "a qualquer preço" esse vilarejo dominado há quase um ano pelos insurgentes. Militantes anti-regime relataram violentos bombardeios, ao passo que o exército sírio dizia estar apertando o cerco depois de ter tomado vários vilarejos periféricos.
Uma zona estratégica em mais de um sentido
O Hezbollah, que possui campos de treinamento nas montanhas de Hermel, continua a negar qualquer engajamento militar ao lado do regime de Bashar Assad; um envolvimento que Georges Sabra, o líder interino da oposição, chama de "declaração de guerra contra o povo sírio". Mas o Partido de Deus agora considera como "dever nacional e moral", segundo um de seus representantes, o xeque Nabil Qauq, a ajuda que ele dá aos combatentes pró-Assad dos vilarejos sírios situados entre Hermel e Qusair, habitados por xiitas, libaneses e sírios.
Segundo um diplomata europeu, o Hezbollah na verdade tem um "papel primordial" na batalha de Qusair. Ele "enviou um grande número de homens para a Síria, sobretudo nesse bolsão, do qual o Exército Livre Sírio e a Frente Al-Nusra tentaram se apossar diversas vezes desde fevereiro".
A zona de Qusair é estratégica em mais de um sentido. Ela é próxima da estrada que liga Damasco a Homs e à costa mediterrânea. Ela também é vital para o abastecimento de armas para os rebeldes, que já dispõem de redes no norte e leste do Líbano – contanto que conquistem os cerca de quinze vilarejos xiitas pró-regime.
Na segunda-feira (22), Qasr era uma "zona militar" segundo Hassan Zeaiter, um representante local. No entanto, o exército libanês não foi enviado para lá, ele explica. Para Beirute, os bombardeios recentes constituem uma ameça e um quebra-cabeça. O exército libanês não tem os meios de intervir. Depois de ter condenado, nos últimos meses, os ataques do exército sírio contra o Líbano, o presidente Michel Suleiman denunciou, desta vez, os "tiros de artilharia e foguetes contra o território libanês" que "não contribuem para o avanço da democracia" na Síria.
Dois xeques sunitas libaneses de obediência salafista convocaram a "jihad" contra o Hezbollah na região de Qusair, criticando Beirute por sua passividade diante do partido xiita.
Isso aqui a mídia ocidental não fala
ResponderExcluirhttp://portuguese.ruvr.ru/2013_04_24/Contrabando-de-orgaos-humanos-floresce-na-Siria/
Ass: Elton