Mohamed Abdelaziz |
Nomeado ministro das Relações Exteriores em janeiro dentro do governo dirigido por Ali Zeidan, Mohamed Abdelaziz recebeu o "Le Monde" na quinta-feira (25), dois dias após o atentado que destruiu a embaixada da França em Trípoli, o primeiro na capital líbia desde a queda do regime de Muammar Gaddafi.
Le Monde: Como o senhor analisa o atentado contra a embaixada da França e quais são os elementos de investigação dos quais o senhor dispõe hoje?
Mohamed Abdelaziz: Esse tipo de atentado pode acontecer em qualquer lugar, vimos isso com o que se passou recentemente em Boston, nos Estados Unidos. Mas somos um país que está se construindo e temos dois grandes desafios a enfrentar. Um desafio interno, com a criação de um Exército e uma polícia de verdade. Só que isso leva muito tempo. E um desafio externo, imposto pelos partidários do antigo regime de Muammar Gaddafi, que hoje são muito ativos. Eles têm relações no exterior e fizeram alianças.
Para nós, o objetivo desse atentado visa claramente prejudicar relações bilaterais que estão muito avançadas entre a França e a Líbia. É preciso manter essa cooperação e estamos felizes pelo fato de que a mensagem da França, dada com a vinda para cá de Laurent Fabius, tenha sido de que não haveria nenhuma consequência negativa sobre essas relações. O segundo aspecto desse atentado é uma mensagem: os autores querem nos dizer que estão aqui, bem presentes e que podem influenciar no processo de democratização que estamos conduzindo. Foi um ato criminoso e terrorista. Por enquanto, sabemos que o explosivo que foi utilizado, entre 100 e 150 quilos, é muito sofisticado e que não foi fabricado na Líbia. O método também dá indicações. A operação foi bem preparada e, considerando a hora matinal em que aconteceu, ela não fez vítimas. Foi uma mensagem.
Le Monde: O senhor parece dizer que uma das possibilidades consideradas aponta para partidários de Muammar Gaddafi?
Abdelaziz: Seria precipitado tirar conclusões, as investigações estão em andamento, mas não se deve descartar essa hipótese. Nossa inteligência estabeleceu, sobretudo através de escutas telefônicas, relações entre os partidários do antigo regime aqui, no Egito e em outros países. Talvez eles tenham se associado a grupos terroristas como a Al Qaeda para desestabilizar a Líbia. Eles conhecem bem o país, e têm meios financeiros, US$ 150 bilhões, talvez mais, pois não se sabe completamente qual a verba do regime Gaddafi. Nós criamos uma comissão para recuperar esses fundos e fechamos uma parceria com uma empresa americana, pois precisamos de formação especializada.
Le Monde: Um projeto de lei que prevê expulsar todos aqueles que trabalharam no antigo regime tem suscitado muita polêmica nesse momento na Líbia.
Abdelaziz: Pessoalmente, sou contra. Se os critérios atuais fossem aplicados, isso resultaria na expulsão de 80% dos líbios que trabalharam com o antigo regime. Seria preciso praticamente fechar o Ministério das Relações Exteriores! Expulsão por expulsão não funciona. Nós ratificamos acordos sobre direitos humanos e o resultado seria muito negativo. Não, devemos nos concentrar no aspecto penal e criminal. Por trás desse debate, na verdade existe uma dimensão emocional, pois muita gente sofreu durante os 42 anos da ditadura. Mas o futuro da Líbia não se pode basear na emoção.
Le Monde: Após o ataque contra o consulado americano em setembro de 2012 em Benghazi, o envolvimento de islamitas radicais líbios no atentado de Trípoli lhe parece plausível, em razão da intervenção militar francesa no Mali?
Abdelaziz: Existem extremistas que contribuiram para a revolução líbia. Entre 200 e 250 estavam ligados à Al Qaeda antes de serem libertados. Agora, eles dizem que têm a legitimidade para participar do processo democrático, mas 90% da população líbia é moderada. O problema existe. A solução é ter um diálogo com eles e buscar uma política de integração com as famílias. Usar da força não é a abordagem certa no contexto de reconciliação nacional necessária para reconstruir a Líbia. Espero que o Congresso aprove em breve uma lei para a justiça transicional. Após o sucesso da intervenção francesa no Mali, é preciso agora pensar em uma missão de manutenção da paz aliada a um apoio político e humanitário no Mali.
Le Monde: Grupos jihadistas vindos do norte do Mali conseguiram se refugiar na Líbia?
Abdelaziz: Muitos mercenários que combateram pelo antigo regime de Gaddafi partiram para o norte do Mali. Até o momento, não temos confirmação de que existam jihadistas em nosso território, mas isso não é impossível. Aumentar a segurança de nossas fronteiras, com 4.000 quilômetros de extensão, sem contar quase 2.000 quilômetros de costa, é muito difícil. Precisamos para isso da assistência técnica da União Europeia.
Le Monde: As brigadas de combatentes (katibas) que nasceram durante a revolução são onipresentes na Líbia. Será que elas não constituem também um risco para a segurança?
Abdelaziz: Agora dispomos de um estudo muito completo sobre 18 mil desses combatentes, é uma boa base para tomar decisões. Não se pode desmilitarizar sem um plano econômico e social. Alguns começaram a entrar para a polícia e o Exército, mas o número dessas milícias permanece alto, pois elas não confiam na polícia, que elas querem ajudar, ou no Exército, que continua muito insuficiente. Mas é preciso ser objetivo sobre essa questão. Foram essas katibas que mantiveram durante um ano e meio a segurança. Graças a elas, não há muitos crimes. Lembro que entre 16 mil e 18 mil criminosos de direito comum haviam sido soltos das prisões por Gaddafi.
Não temos a capacidade completa, por exemplo, de proteger as embaixadas, mas o Ministério do Interior criou, três meses atrás, um serviço especializado na proteção dos corpos diplomáticos. A vontade política está lá. O problema é tempo.
Já repararam, o quanto aumentou o número de jihadistas depois das guerras do Afeganistão, Iraque, Líbia e agora Síria? É claro para quem está lucrando com o petróleo do Iraque e Líbia está adorando a situação, quem está lucrando com a heroína que sai do Afeganistão e entra pelo Kosovo e expande pela Europa como se fosse sair daqui na esquina, também está adorando essa situação toda, mais o fato que esses atos com fachadas mentirosas de democracia e direitos humanos, criaram uma cobra pronta para atacar, isso qualquer com um cérebro funcionando é capaz de entender, mais é claro que a M$$$ÍDIA jamais vai culpar os verdadeiros culpados disso tudo.
ResponderExcluirCaro Anonymous30 de abril de 2013 20:25
ExcluirJá sei quais são os países! Os EUA/OTAN/iSSrael. Acertei? Já ganhei um almoço! Agora vamos perguntar a esse Pau-Mandado da Patota onde estão os 30 bi dólares que o Kadafi tinha nos bancos dos EUA, e que com esta conta pagavam os ESTUDOS de estudantes líbios lá na maior DEMOCRADURA dom mundo. Não esqueçamos também de perguntar de que país, os caças Rafalle, bombardearam os alvos militares como: Estação de Tratamento de Água e Esgôto, Hospitais onde eram atendidos os feridos do Kadafi, qual foi o presidente que o Kadafi bancou sua reeleição, qual o país que pagou a milícia que assassinou o Kadafi para que este não contasse a verdade em um julgamento, pergunte também porque os caças Rafale não bombardearam os terminais de exportação de petróleo e os reservatórios; ... etc. Pergunte a esse bandido porque qdo a Rússia solicitou no Conselho de Segurança uma investigação sobre os 45.000 mortos produto da intervenção humanitária na Líbia, a França foi a primeira a vetar a solicitação junto com os EUA. A Patota destruiu a Líbia para tirar o Kadafi e roubar seu petróleo e você ainda tem coragem de ficar tagarelando com jornais ocidentais? Vai ser nacionalista assim lá nos quintos do infernos! Bicho sem vergonha, safado, .....
30 bi para um programa de capacitação em ensino para um país que proibia o o inglês com um dos piores ensino primário do mundo, é difícil acreditar. É só fazer as contas para ver que tem algo, comparando com o programa brasileiro.
ResponderExcluirO próprio texto traduzido pelo MM tem melhores argumentos que forçar a sorte com dados que nitidamente dá para ver estão errados para criticar o atual governo.
Caro Anonymous1 de maio de 2013 14:09
ExcluirVou repetir:" ... 30 bi dólares que o Kadafi tinha nos bancos dos EUA, e que com esta conta pagavam os ESTUDOS de estudantes líbios lá na maior DEMOCRADURA dom mundo. ... "
Qualquer desses países democratas árabes (CCG) tem contas bem gordas em bancos da Patota e 30 BI eram até pouco para o Kadafi. O que escrevi é que uma das finalidades dessa conta eram para pagar as despesas dos estudantes líbio nos EUA. Interessante é que o senhor nunca soube dessa grana (roubada pelos EUA), pois isto foi contado em prosa e verso até pela globo como
um de seus propósitos. Aliás as notícias dadas pelo GAFE (globo-abril-folha-estadão) sempre-sempre-sempre escondem a verdade, ex: a Líbia era o país com o mais alto IDH da África, melhor agricultura da África, melhores hospitais e assim vai ... e que também o seu Petróleo é o melhor para refino do que qualquer país árabe; e só a Itália na europa tem refinarias para refiná-los. O senhor conhece alguém da Petrobrás que trabalhou na Líbia? Se conhece é só perguntar e constate os fatos.
Você não sabe a diferença entre fundo soberano e pagamento de despesas de um programa, a Líbia tinha investido 30 bi nos EUA, o custeio dos estudantes era feito da mesma forma que todos os países.
ResponderExcluirA petrobrás se me lembro tinha apenas escritório e com poucas pessoas, nunca teve na operação dos campos, por isso é complicado saber que número você está dizendo, mas hoje os campos mais lucrativos estão no norte do Iraque por isso existe tanta tensão entre Kurdistão e Bagdá, provavelmente o MM saiba melhor que eu esses números. Mas, ninguém bate os campos sauditas.
A Líbia tinha pouco refino sem olhar os dados deve ser por volta de 30% das necessidades do país, a razão disso é que o governo queria assim, preferia investir no exterior e sorte da ENI, mas mesmo assim o Petróleo complicado é o pesado.
Se você for no Baheim, eles também falam do maravilhoso IDH, pode perguntar para qualquer da indústria que este lá, e vão dizer que é coisa dos iranianos bla-bla-blá, não me comove está história de IDH. Melhor agricultura, difícil, só perguntar para alguém da Embrapa, eles devem saber melhor que eu, mas de olho a Tunísia bate a da Líbia fácil , e só ver os dados do PIB deles e o que a agricultura hoje representa.
Existe um ditado ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão, na Líbia tinha um ladrão e veio outros, todos sobem ao poder naquela região com apoio externo e depois traem ou são traídos, mas em comum vivem bem pacas enquanto estão no poder.