segunda-feira, 22 de abril de 2013
Líderes da ONU fazem apelo para salvar a Síria
Basta. Basta. Depois de mais de dois anos de conflito e mais de 70 mil mortos, incluindo milhares de crianças, depois que mais de cinco milhões de pessoas foram obrigadas a deixar suas casas, incluindo mais de um milhão de refugiados vivendo em condições severamente precárias em países vizinhos... Depois de tantas famílias dilaceradas e comunidades arrasadas, escolas e hospitais destruídos e sistemas de saneamento arruinados... Depois de tudo isso, ainda parece insuficiente a sensação de urgência dos governos e partidos que poderiam por fim à crueldade e à carnificina na Síria.
Nós, líderes de agências da ONU encarregadas de lidar com os custos humanos desta tragédia, apelamos aos líderes políticos envolvidos para assumirem sua responsabilidade para com o povo da Síria e o futuro da região.
Pedimos que eles usem sua influência coletiva para insistir numa solução política para esta crise terrível antes que mais centenas de milhares de pessoas percam suas casas, suas vidas e seus futuros – numa região que já está já num ponto crítico de irreversibilidade.
Nossas agências e parceiros de ajuda humanitária têm feito tudo o que podem. Com o apoio de muitos governos e pessoas, ajudamos a abrigar mais de um milhão de refugiados. Temos ajudado a fornecer acesso a alimentos e outras necessidades básicas a milhões de desalojados pelo conflito, a fornecer acesso à água e ao saneamento a cerca de 5,5 milhões de pessoas afetadas na Síria e nos países vizinhos, e acesso aos serviços básicos de saúde para milhões de sírios, incluindo vacinas contra sarampo e poliomielite para cerca de 1,5 milhão de crianças.
Mas isso não está nem próximo do suficiente. As necessidades estão crescendo, enquanto a nossa capacidade de fazer mais está diminuindo, devido à segurança e outras limitações práticas dentro da Síria, bem como a restrições de financiamento. Estamos precariamente próximos, talvez dentro das próximas semanas, de suspender parte da ajuda humanitária.
Nosso apelo hoje não é por mais recursos, por necessários que sejam. Estamos apelando por algo mais importante que fundos. A todos os envolvidos neste conflito brutal e a todos os governos que podem influenciá-lo:
Em nome de todos aqueles que sofreram, e dos muitos mais cujos futuros estão em jogo: Basta! Reúnam-se e usem sua influência, agora, para salvar o povo sírio e salvar a região do desastre.
*Valerie Amos é subsecretária-geral da ONU para Assuntos Humanitários. Ertharin Cousin é diretor executivo do Programa Alimentar Mundial da ONU. António Guterres é alto-comissário da ONU para Refugiados. Anthony Lake é diretor-executivo do Fundo das Nações Unidas para a Infância. Margaret Chan é diretora-geral da Organização Mundial da Saúde).
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