Combatentes do Jabhat al-Nusra em Aleppo |
O recente juramento de fidelidade à Al Qaeda feito pela Frente al Nusra, um dos grupos de oposição mais ativos no conflito sírio, provocou grande inquietação nas potências ocidentais como Estados Unidos, que apoiaram os rebeldes moderados nos fóruns internacionais, e aumentou o nível de alerta na fronteira norte de Israel, que teme que um vazio de poder facilite um ataque por parte dessas células jihadistas, caso tomem o controle dos arsenais convencionais ou químicos do governo de Bashar al Assad.
O anúncio foi feito formalmente pelo líder do ramo da Al Qaeda no Iraque, Abu Baker al Bagdadi, em uma gravação de voz divulgada na última segunda-feira (8) nos fóruns islâmicos na Internet. "A Frente al Nusra já é meramente uma extensão e parte do Estado Islâmico do Iraque", disse, utilizando o termo oficial do ramo iraquiano da Al Qaeda. Posteriormente, na quarta-feira, o chefe da Al Nusra, Abu Mohamed al Julani, emitiu outra gravação, na qual disse: "Este é um juramento de fidelidade dos filhos da Frente al Nusra e seu supervisor geral ao xeque da jihad Ayman al Zawahiri".
Na quinta-feira (11), mais de 50 pessoas, entre elas 32 civis, morreram em diversos ataques do governo na província de Deraa, no sul da Síria, um dos principais focos do conflito. Também na quinta-feira o regime pediu por vias oficiais ao Conselho de Segurança da ONU que inclua a Frente al Nusra em sua lista de organizações ligadas à Al Qaeda e que exerça pressão contra "os países que apoiam o terrorismo na Síria para que ponham fim a essas práticas ilegais".
"El Assad afirma de forma enganosa que todos os opositores são terroristas", explica Bruce Riedel, ex-assessor de segurança de Barack Obama e especialista em terrorismo no Instituto Brookings de Washington. "Na realidade, foi a repressão contra os opositores de Al Assad que criou condições para que a Al Qaeda entrasse na Síria vinda do Iraque. É uma profecia autocumprida. A Al Qaeda aproveitou os dois anos de instabilidade para se consolidar na Síria."
Em Israel, preocupa seriamente a presença de células da Al Qaeda em um país fronteiriço que se encontra mergulhado em uma guerra civil. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu advertiu no passado que suas opções sobre a Síria estão "entre o ruim e o pior": um governo encurralado com o qual se encontra formalmente em guerra desde 1948 e uma oposição fragmentada, infiltrada por radicais.
"No pior dos casos, se Assad cair e seus arsenais acabarem nas mãos de um desses grupos jihadistas, estes poderão lançar um ataque contra Israel. Mas na hora de se defender Israel não tem uma atitude pusilânime. Tem meios e legitimidade entre seus aliados para um contra-ataque ou ataque preventivo", explica Moshe Maoz, professor emérito sobre o Oriente Médio na Universidade Hebraica de Jerusalém. "O importante é se grupos como o Al Nusra podem chegar a tomar o poder na Síria. E a verdade é que não. São um elemento desestabilizador, mas pequeno, dentro da oposição. A maioria dos opositores não é tão militante nem tão radical", acrescenta.
Pode ser que grupos como o Al Nusra não sejam representativos, mas prejudicam a oposição majoritária de modo concreto: sua presença na guerra civil síria levou potências como os EUA a evitar armar os rebeldes, enquanto o número de vítimas do conflito já supera 70 mil, segundo uma contagem da ONU. O próprio presidente americano, Barack Obama, disse durante uma visita à Jordânia, no mês passado, que se preocupa que a Síria esteja se transformando em um "enclave para o extremismo".
Já em dezembro o Departamento de Estado americano incluiu a Al Nusra na lista de apelidos da Al Qaeda no Iraque. "Devemos reforçar a oposição moderada e marginalizar os elementos extremistas que têm uma visão muito diferente do futuro da Síria e que não fazem nada para promover um país livre, justo, seguro e democrático", disse recentemente Patrick Ventrell, porta-voz da diplomacia americana.
Em um encontro mantido na última quarta-feira (10) em Londres com o secretário de Estado americano, John Kerry, o recém-eleito primeiro-ministro dos rebeldes sírios, Ghassan Hitto, lhe pediu que aceite finalmente entregar armas ao Exército Livre da Síria, que conta com o apoio das potências ocidentais. Fontes da diplomacia americana, entretanto, afirmam que para isso ainda é necessário efetuar uma clara diferenciação entre os grupos rebeldes moderados e as milícias radicais.
Isso é uma estratégia bem planejada pela CIA. Se futuramente o Assad cair. A Síria vai ficar não da AlQaeda. Se a Alqaeda começar a praticar terrorismo no Oriente Médio, os EUA e seus aliados vão encontrar argumenta para invadir a Síria, com desculpa que está combatendo terroristas.
ResponderExcluirEssa idéia dos EUA fechar o olho para presença da AlQaeda na Sírio não está acontecendo por acaso.
É isso mesmo o IMPÉRIO não dá ponto sem nó!
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