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sexta-feira, 19 de abril de 2013

Curiosamente, história do líder da China em um táxi é retirada de jornal

Atual presidente da China, Xi Jinping

Durante grande parte da quinta-feira (18), uma história contada por um taxista em Pequim pareceu oferecer o teatro político ideal para o governo chinês: um taxista humilde levou o mais alto líder do país, Xi Jinping, para uma viagem incógnito e revelou o anseio de Xi de compartilhar a dor, e as ruas congestionadas, de uma população frustrada.

É notoriamente difícil conseguir um táxi na capital da China, mas as autoridades conduzidas por choferes raramente precisam de um, muito menos o líder do Partido Comunista. Logo, quando o "Ta Kung Pao", um jornal de Hong Kong leal a Pequim, publicou uma reportagem detalhada sobre uma viagem de táxi de US$ 4,40 feita por Xi e um colega no início de março, conversando com o motorista, Guo Lixin, sobre poluição e outros problemas, os sites de notícias chineses celebraram a história como um exemplo do estilo refrescantemente pé-no-chão de Xi.

Mas no final do dia, a mídia estatal, que inicialmente deu credibilidade à história, mudou abruptamente de posição, e a história foi negada. O jornal retirou a reportagem como sendo falsa, e tanto nele quanto na agência de notícias "Xinhua", ela foi ridicularizada online, deixando a China fazendo uma pergunta bizarra: o que significa quando não se pode confiar nem mesmo em propaganda oficial positiva, mesmo em seus próprios termos fantasiosos?

"Primeiro momento real, depois falso", escreveu um escritor chinês, Cao Junshu, no Sina Weibo, o serviço semelhante ao Twitter do país. "Vocês são as autoridades responsáveis pela publicação de notícias reais, ou de notícias falsas?"

A "Xinhua", citando as autoridades municipais de transporte e o jornal de Hong Kong, inicialmente confirmou a história por meio de um comunicado pelo Sina Weibo. Mas um comunicado posterior da "Xinhua" disse que a história era falsa e o "Ta Kung Pao" removeu a reportagem de seu site.

"A checagem estabeleceu que se tratava de uma reportagem falsa e nos sentimos profundamente perturbados e extremamente arrependidos a respeito", disse o jornal em uma declaração em seu site. "Um caso tão grande de notícia falsa nunca deveria ter ocorrido."

A viagem de táxi parecia fazer parte de uma sucessão de gestos de cidadão comum dados por Xi desde novembro, quando ele sucedeu Hu Jintao como líder do partido. Em março, Xi assumiu a presidência no lugar de Hu, um político sufocantemente austero. Buscando conquistar os chineses desencantados com uma elite política que parece distante, Xi exigiu um fim dos banquetes pagos pelo governo, e disse às autoridades para pararem de usar a polícia para fecharem ruas quando viajassem.

Alguns chineses inicialmente elogiaram a suposta aventura de Xi como uma ruptura da segurança que isola ele e outros líderes do Partido Comunista. Sua "viagem incógnita" rapidamente dominou muitos sites de notícias chineses, que citaram a reportagem do "Ta Kung Pao", e o "New York Times" esteve entre os veículos de imprensa estrangeiros que reproduziram a história.

"Parece que o 'Ta Kung Pao' foi enganado, mas por que a 'Xinhua' inicialmente confirmou a história?" disse Chen Yongmiao, um defensor de direitos de Pequim que frequentemente faz comentários pela Internet. "Falso ou real, eu acho que esse episódio se somará aos argumentos de que Xi não deve violar os modos tradicionais da burocracia. Ele será usado para lhe dizer para andar na velha linha."

O "Ta Kung Pao" acreditou tanto na suposta viagem de Xi que montou uma página especial na Internet, mostrando um mapa da rota e fotos da modesta casa de tijolos e concreto de Guo na periferia rural no nordeste de Pequim. O jornal disse que inicialmente Guo não reconheceu Xi.

"Eu perguntei: 'Quando você toma um táxi, alguém já lhe disse que você se parece com alguém?'" Guo supostamente teria dito. "'Alguém já lhe disse que você parece com o secretário-geral Xi?' Ele escutou, riu e disse: 'Você é o primeiro taxista que me reconhece'."

O site especial foi posteriormente retirado do ar. Telefonemas para a empresa de táxis para a qual Guo supostamente trabalha não foram atendidos durante o dia e ele não pode ser encontrado. É possível que Guo não exista; a reportagem especial, apesar de detalhada, não dava pistas sobre seu endereço ou paradeiro.

Um funcionário do "Ta Kung Pao", atendendo o telefone na redação do jornal em Pequim, se recusou a responder perguntas sobre o episódio. O homem, que informou seu sobrenome como sendo Xu, disse que era "inconveniente responder" perguntas sobre um erro.

Antes da reportagem ser retirada, alguns se mostraram céticos, tanto online quanto nas ruas da capital chinesa.

"Eu não acredito", disse Wang Yue, um taxista de Pequim, em uma entrevista após ser informado sobre a viagem incógnita. "O presidente Xi saindo sozinho? Sem todos seus guarda-costas? O táxi foi seguido por vans cheias de seguranças? Não há como o presidente Xi tomar um táxi acompanhado apenas de outra pessoa."


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