Corrigindo os erros da reportagem da Revista ISTOÉ Dinheiro

Esse post tem duas finalidades: Mostrar e corrigir os erros da reportagem “A novela dos caças”, assinada pelo “jornalista” Paulo Justus e publicada na edição 809 da revista ISTOÉ Dinheiro; E mostrar um pouco da falta de transparência dos militares brasileiros, em especial os militares da FAB.

Gostaria de salientar mais uma vez a razão que me motivou a criar esse blog. Decidi criar esse blog em junho de 2010 porque eu estava farto de ver os sites de defesa e geopolítica que eu mais estimava servir aos interesses de terceiros, muitas das vezes de empresas estrangeiras, cumprindo assim um papel desserviço de utilidade pública a toda nação brasileira. O fato de ver muitos erros de informação nos jornais, revistas e portais brasileiras, também aliei o fato de gostar ensinar como um fator preponderante para a criação do INFORMANTE. Prezando pela informação de qualidade incorruptível, o blog passou crescer mês após mês e hoje se tornou fonte diária de informação de milhares de pessoas. Por ter um compromisso com a verdade, por ter um compromisso com os meus leitores e por ter um compromisso com a República Federativa do Brasil, eu não posso me calar diante de tamanha corrupção no jornalismo e nas Forças Armadas de meu país.

Agora vamos ao que interessa, que é expor os motivos de me motivaram a escrever essas linhas:

Já tratando da reportagem mencionada mais acima, gostaria de dizer que não irei atacar a pessoa e honra do jornalista Paulo Justus. Eu, como um bom debatedor, ataco o argumento, jamais o interlocutor. No subtítulo da reportagem “A novela dos caças”, o senhor Paulo Justus diz que o caça francês Rafale é a pior opção para o Brasil. Porém o mesmo não sabe identificar o Rafale em fotos e legendou o caça francês como se fosse o caça americano F/A-18E/F Super Hornet . Só por aí percebemos que o senhor Justus não tem embasamento ainda que ínfimo do tema “aviação militar” para ousar a criticar um dos mais sensacionais e poderosos caças já construídos.

Analisando os três primeiros parágrafos da reportagem do sr. Justus, quase não pudemos aproveitar nada. Apenas colher material para uma réplica. Nesses três parágrafos atribui a um cidadão de nome Expedito Carlos Bastos, pesquisador de assuntos militares na Universidade Federal de Juiz de Fora, que a compra dos caças é política. Oras, obviamente que a aquisição de novos caças do Projeto FX-2 é uma questão política, haja vista que depende de acordos bilaterais entre governos, uma vez que licitação brasileira deixa claro vencedor tem que fazer o repasse de tecnologias para o Brasil.  Como acordariam isso sem conversas políticas de governos?

O 3º parágrafo trata de valores. Como pode alguém ousar falar de valores, se cada nova negociação os valores mudam em uma decrescente? Como alguém ou a própria SAAB, por exemplo, pode dar o preço do pacote da proposta sueco, sendo que o caça Gripen NG está em desenvolvimento e seu preço pode variar? É válido lembrar que os suecos ofereceram 2 Gripen NG pelo preço de um Rafale antes mesmo de ter um protótipo construído. A proposta francesa pode ser a mais cara, (ninguém pode afirmar isso) mas foi a França, o país que fez mais concessões e o país que faria mais investimentos no Brasil. Foi a França que prometeu a transferência de tecnologia irrestrita ao Brasil, foi a França que prometeu o mercado sul-americano para o Brasil e proporção dos 'offsets' da França que seriam investidos no Brasil seria maior do que todos os outros participantes da short-list. Só por esse aspecto podemos concluir que a oferta francesa não é a pior opção. Ainda tratado dos preços dos caças, será que o sr. Justus viu quando saiu cada F/A-18E/F Super Hornet da Austrália, comprados em 2007? Em maio de 2007, o governo australiano comprou 24 F/A-18E/F Super Hornet, aquisição essa que cada caça custo mais US$ 191 milhões. Obviamente que o preço foi inflacionado face o contrato de manutenção e suporte por 10 anos, mas quanto será que seria cada caça ao Brasil com o repasse de tecnologia e com os investimentos que a Boeing necessitaria fazer no Brasil? Será que só eu consigo enxergar que há uma falácia acerca dos valores da concorrência brasileira?

O 4º parágrafo afirma que o Rafale perdeu a preferência do governo brasileiro, em favor das ofertas dos americanos e suecos, mas pelo que eu pude observar nem EUA, nem a Suécia fizeram propostas que mudariam o favoritismo do Rafale. Eu diria que com o Celso Amorim à frente da pasta de defesa, às chances do Rafale permaneceram às mesmas.

No 5ª parágrafo novamente o sr.  Expedito Carlos Bastos. Nesse parágrafo ele menciona que o caça americano é a melhor opção para o Brasil sob a premissa que Embraer tem um acordo com a Boeing desenvolvimento de tecnologias para aumentar a segurança de procedimentos de pouso, além do compromisso de construir um centro de pesquisa em São José dos Campos (SP). Como que um ‘pesquisador’ pode falar tamanha bobagem? E daí que eles têm acordos com uma empresa privada brasileira para o desenvolvimento de tecnologias que servirão para as aeronaves civis? O senhor Expedito Carlos Bastos ainda disse que o caça americano é o mais adequado para o Brasil porque ele é ainda fabricado e isso garantiria peças de reposição para a FAB por mais 40 anos. Ué, será que o Rafale não vai voar pelos próximos 40 anos também? Por que ele não disse isso? Será que ele serve aos interesses das empresas privadas? Será que ele se corrompeu também? Será que ele ensina isso aos seus alunos? Por que ele não disse que o Rafale deu um “show” na zona de exclusão aérea na Líbia, onde um caça americano caiu em face de problemas mecânicos? Por que ele não disse que as empresas as empresas americanas Boeing e a Lockheed Martin utilizam peças chinesas em suas aeronaves, reduzindo assim a qualidade das mesmas? Por que ele não disse que o Rafale tem uma célula mais moderna que o F/A-18E/F Super Hornet e que jamais apresentou problema de fissuras em sua fuselagem?

Bom, as linhas acima trataram especificamente da porca reportagem da ISTOÉ Dinheiro, assinada pelo senhor Paulo Justus. Se você quiser saber mais sobre a concorrência dos caças brasileiras clique aqui. Abaixo eu irei descer o cacete na falta de transparência da FAB:

Por ser um cidadão que amo o Brasil e por estar respaldado pela lei de acesso a informação (Lei nº 12.527), sempre que posso eu cobro informação dos órgãos públicos, mas as Forças Armadas Brasileiras acham que estão nos tempos da ditadura, haja vista que não se prestam a sanar dúvidas ou apurar denúncias do contribuinte brasileira.

Recentemente recebi uma denúncia de que houve um esquema entre o EB e a Iveco para a fabricação da viatura blindada Guarani. Na hora eu fiquei muito irritado com a pessoa que em uma discussão mencionara tal fato. Mas curioso que eu sou, fui cobrar explicações do Exército Brasileiro, mas até agora eles não me responderam, o que deixa envolto em trevas tal assunto e que de certa forma dá razão para o denunciante. Como eu não obtive a reposta que me é garantida por lei, irei acionar o Ministério Público Federal para que eles cobrem do EB as explicações devidas.

Muita gente acha que os militares brasileiros só comentaram um erro: o cerceamento dos direitos individuais do cidadão na época da ditadura, período que eles chamam carinhosamente de “Revolução de 64”. Hoje em dia maquiam dados para mostrar que as Forças Armadas são as instituições do Estado Brasileiro com maior aceitação entre a população. Mas será que o brasileiro sabe o que se passa nos quarteis? Será que o povo tem conhecimento do abuso de poder e dos desserviços que muitos militares brasileiros prestam ao Brasil? Será que o povo sabe que um general brasileiro de nome Jorge Fraxe é investigado por montar entidade que aceitou pagar propina em troca de contrato com Ministério dos Transportes pelo CGU? Será que o povo brasileiro sabe que tem muito oficial brasileiro investigado por abuso de poder, racismo, intolerância religiosa e homofobia? Será que o povo brasileiro sabe que o comandante do Exército Brasileiro, o general Enzo Peri é acusado de alguns crimes, sendo que o mais grave é sobre fraudes em obras rodoviárias executadas pelos militares? Será que o povo brasileiro sabe que os filhos do comandante da FAB, o brigadeiro-do-ar Juniti Saito, são contratados para trabalhar em empresa que mantém negócios milionários com a Força Aérea Brasileira? Será que o povo sabe que o as festas das Forças Armadas são regadas à champagne importado, enquanto em muitos quarteis os soldados são dispensando do seus serviços por não ter rancho?

Recentemente eu pedi para a FAB incluir algumas notícias do INFORMANTE no NOTIMP (Noticiário da Imprensa) e eles me responderam que não poderiam incluir as minhas notícias porque o INFORMANTE é um blog. O curioso é que eles replicam a notícia de um blog de aviação, onde seu editor, até aonde eu sei, não tem curso de jornalismo. Eu questionei isso e estou esperando a reposta há vários dias. Será que o INFORMANTE, com sua informação de qualidade, não merecia um espaço no NOTIMP? Será INFORMANTE não tem um espaço no NOTIMP porque eu falo mal dos militares quando é preciso, que eu replico notícia dos crimes da ditatura, que eu aponto as falhas do sistema? Por que a FAB não tem pudores de postar uma reportagem com vários erros de informação, como a “A novela dos caças”, mas tem pudores em dar um espaço para uma voz verdadeira? Por que a FAB nunca postou no NOTIMP nenhuma reportagem da mídia acerca das denúncias do seu comandante? Por que a FAB não trata de emitir cartas de respostas contra os jornalistas investigativos sérios, mas nunca se pronunciou contra  denúncias que seus oficias receberam propina da SAAB?

Muito se fala que no Brasil os partidos não amam a nação e que falta políticas de estado nesse país, mas nunca se falou que as Forças Armadas Brasileiras, à exceção do Exército Brasileiro, não são comprometidas verdadeiramente com a defesa do nosso país. Vocês, militares, depuseram um dos mais promissores presidentes do país, se aliaram a um inimigo declarado da paz sob a premissa de estavam salvado o país dos “vermelhos”. Vocês massacraram o seu próprio povo que clamava por liberdade, sem falar que arruinaram com a economia do país com obras faraônicas que vocês diziam que eram para o bem do nosso país. O mal dos militares é se envolverem na política e com politicagem, por falar em politicagem, senhores oficiais da FAB,  o contrato para o fornecimento de 36 aeronaves modernas não foi assinado por conta de politicagem daqueles oficias que estão participando da licitação FX-2. Alguém que recebeu muito dinheiro da SAAB (não posso falar por falta de provas) inventou aquela estória de que o Gripen NG era o melhor caça para a nação e que o Rafale era o pior para que o Partido da Imprensa Golpista caísse matando no governo do Lula. Aliás, vocês nunca engoliram que um cara que vocês odiavam e uma ex-guerrilheira pudessem ser tonar os comandante-em-chefe das Forças Armadas, né? Uma pena que muitos dos meus compatrícios ainda não perceberam que muitos oficiais da Forças Armadas são nocivos do que sinônimos de segurança para a República Federativa do Brasil.