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segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Putin demite ministro da Defesa ligado a investigação imobiliária

Sergei Shoigu (dir.) e Anatoly Serdyukov, o novo e o antigo ministro da Defesa da Rússia

O presidente Vladimir Putin demitiu o ministro da defesa da Rússia no último dia 6 depois que a polícia invadiu os escritórios e um apartamento de uma companhia imobiliária envolvida na privatização de terras valiosas do ministério perto de Moscou.

A demissão de Anatoly E. Serdyukov, um aliado de longa data de Putin, é uma das demissões de mais alto nível na história recente da Rússia ligadas a um caso de corrupção. Foi também uma novidade para Putin, um líder que tem relutado em destituir os membros de seu círculo mais próximo. Putin anunciou a decisão de demitir Serdyukov numa reunião com outro antigo aliado político, Sergei K. Shoigu, ex-ministro de situações emergenciais, a quem ele nomeou como novo Ministro da Defesa.

No passado, os funcionários do pequeno grupo fechado de ministros e dirigentes de empresas estatais que estão próximos a Putin há anos costumavam circular entre os cargos em vez de serem sumariamente demitidos.

Dmitry S. Peskov, porta-voz de Putin, disse que a demissão foi necessária para permitir que a polícia continue sua investigação de irregularidades dentro do ministério, o que não seria possível se Serdyukov permanecesse. Serdyukov não foi acusado de qualquer crime, e Putin elogiou seu trabalho.

Muitos ministros do governo russo têm papéis secundários em empresas e até mesmo propriedades e riquezas extensas, que costumam ser toleradas a menos que o funcionário caia em desgraça por outro motivo, dizem os analistas da política russa.

"Na Rússia, o que importa antes de mais nada são negócios e as relações informais", diz Maria Lipman, pesquisadora do Centro Carnegie de Moscou, numa entrevista. "Deveríamos estar à procura de algum tipo de intriga por trás disso tudo, algum tipo de conflito de interesses muito importantes."

Lipman, disse que no ambiente político da Rússia, casos de corrupção podem ser aberto como uma forma de ajuste de contas. "E num ambiente tão corrupto como a Rússia, quase qualquer um pode ser vítima disso", disse ela.

Porque o caso Serdyukov veio à tona não está claro. Veículos da mídia russa publicaram teorias sobre um confronto pessoal na elite e um conflito com os generais quanto à política militar.

Serdyukov havia deixado de fora os militares fardados durante uma reforma que procurou reduzir as altas fileiras militares da Rússia, um legado de hierarquia militar soviética. Ele adotou um sistema de sargentos, como no Exército dos EUA. Generais também foram demitidos.

Com essas iniciativas, Serdyukov não ganhou amigos. Ele também já se referiu à hierarquia dos militares como “pequenos homens verdes”.

O setor de defesa da Rússia foi uma base fundamental de apoio a Putin na eleição presidencial que ele venceu em março. Como parte da campanha, Putin prometeu grandes aumentos nos gastos para o setor de defesa, promessas que foram lançadas na incerteza durante as negociações do orçamento.

Shoigu, o novo ministro, tem a patente de general. "Ele é uma figura que não causará alergias entre os militares", disse Viktor Litovkin, editor-chefe do jornal semanal Nezavisimoye Voyennoye Obozreniye, à estação de rádio Ekho Moskvy.

A demissão de Serdyukov, que supervisionava um arsenal nuclear e forças convencionais significativas, também levantou a possibilidade de que divergências pessoais dentro da elite dominante estejam afetando a política. É um elemento potencialmente desestabilizador num sistema que tolera o nepotismo.

Serdyukov, ex-gerente de uma loja de móveis de São Petersburgo, é casado com Yulia V. Pokhlebenina, filha de um colaborador próximo de Putin, Viktor A. Zubkov. Zubkov é presidente da companhia de gás natural Gazprom, um posto que na Rússia tem um poder equivalente no mínimo ao do ministro da Defesa.

Mas o casal se afastou recentemente. E uma operação policial no mês passado na propriedade da companhia imobiliária Oboronservice deu a entender que Serdyukov seria demitido.

A operação coincidiu com uma reunião de gabinete, humilhando Serdyukov, que foi obrigado a não comparecer.

Em outra operação relacionada ao caso dos imóveis, a polícia revistou a casa de uma funcionária ligada à Oboronservice. Eles descobriram Serdyukov no local, informou o jornal Izvestia.

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