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quinta-feira, 6 de junho de 2013

Ramo separado da Frente de Libertação da Córsega ameaça retomar as armas

Um ramo que se separou do histórico grupo terrorista Frente de Libertação Nacional da Córsega (FLNC) anunciou na terça-feira, por meio de um comunicado, que está pronto a voltar às armas se Paris não reconhecer "os direitos nacionais da ilha". No segundo dia da tensa visita oficial do ministro do Interior, Manuel Valls, a organização denuncia a atitude "ultrajacobina" da França, acusa o país de ter "administrado de forma desastrosa a Córsega há dois séculos e meio" e ameaça com ações armadas se Paris "prosseguir seu papel ativo na destruição do povo corso".

Na segunda-feira, Valls afirmou que a França não aceitará que a língua corsa seja o segundo idioma oficial da ilha, junto com o francês, rejeitando assim uma moção aprovada pelo Parlamento regional em 17 de maio último.

O grupo que assina o comunicado é ligado a outra cisão da FLNC, chamada Movimento 22 de Outubro, e foi criado em julho de 2012, embora ainda não tenha reivindicado nenhum atentado. Outro ramo separado, a União de Combatentes, atribuiu a si em 2012 diversos ataques contra "interesses franceses", especialmente supermercados e residências de férias.

A Córsega é uma das regiões europeias onde mais se cometem crimes e nos últimos dois anos viveu uma escalada brutal de mortes violentas, atribuídas às poderosas máfias locais. Três habitantes notáveis da ilha --um histórico advogado, o presidente de uma câmara de comércio e o responsável por um parque natural-- foram assassinados a tiros nos últimos seis meses, e os dados oficiais afirmam que em 2012 houve, ao todo, 19 homicídios e 16 tentativas de assassinato. Este ano, já foram registradas cerca de dez mortes violentas.

Apesar dos recorrentes planos de segurança lançados por Paris, a grande maioria desses crimes fica impune porque a "omertá" [lei do silêncio] é a regra. A visita de Valls tenta enviar uma mensagem de firmeza aos habitantes e aos violentos. "Há pessoas que têm medo e têm motivos para isso", advertiu o ministro, "porque o Estado francês está decidido a impor os valores da República."

Alguns cargos eleitos regionais expressaram seu mal estar por outras palavras de Valls, que afirmou que a violência está "enraizada na cultura corsa" e censurou a lei do silêncio. Na terça-feira, o ministro afirmou que ser prefeito na Córsega "é mais complicado que em outros lugares" porque os administradores da ilha "sofrem pressões mafiosas", e revelou que 15 personalidades locais estão sob proteção especial.

A intimidação das máfias substituiu, nos últimos anos, os atos terroristas da FLNC, que foi fundada em 1976 para lutar pela independência da Córsega. O grupo, clandestino desde 1983 e responsável por dezenas de assassinatos e centenas de atentados, explodiu em guerras internas cruéis e teoricamente cessou suas atividades em 1996.

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