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quinta-feira, 6 de junho de 2013

Síria: A ONU entre cautela e admissão de impotência

Se Paris afirma ter provas do uso de armas químicas na Síria, a ONU (Organização das Nações Unidas) acredita. Mas sem certeza.

Em seu último relatório publicado na terça-feira (4), o quinto em 26 meses de conflito, os investigadores nomeados pelo Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas, com sede em Genebra, dizem ter "motivos razoáveis" para pensar que foram usadas armas químicas em "quantidades limitadas", mas admitem que não dispõem de informações o suficiente para "determinar com precisão quais elementos químicos foram utilizados, seu meio de difusão ou quem os utilizou".

No entanto, um grande número de testemunhos compromete as forças sírias. No total, foram quatro ataques químicos identificados, em março e em abril. Os cerca de 20 investigadores independentes, que nunca conseguiram entrar na Síria desde que teve início sua missão em setembro de 2011, conduziram seus trabalhos nos países vizinhos e a partir de Genebra. Suas conclusões se baseiam em 430 entrevistas com vítimas, refugiados que fugiram de determinadas regiões e profissionais médicos, algumas delas através do Skype, uma vez que estavam na Síria.

Atrocidades "repugnantes e aterradoras"
Eles também dispunham de inúmeros elementos de prova relatados no local, sobretudo fotos, vídeos, imagens de satélite e relatórios médicos. Os especialistas contam que muitas vezes tiveram de cruzar as informações sobre o uso de armas químicas e observar os sintomas apresentados pelas vítimas nos vídeos disponíveis no YouTube. Os "crimes de guerra e crimes contra a humanidade se tornaram uma realidade cotidiana na Síria", observa o relatório de 29 páginas, que descreve um grande número de atrocidades consideradas "repugnantes e aterradoras" pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.

Nada menos que 17 massacres foram contabilizados no período coberto --de meados de janeiro até meados de maio. O uso de armas químicas é citado ali da mesma maneira que os massacres e o uso da tortura, mas esse relatório continua sendo uma admissão de fracasso. A equipe da ONU admite que não consegue tirar nenhuma conclusão definitiva quanto aos ataques químicos. O presidente da comissão de inquérito, o brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, também diz acreditar ser "da mais alta importância" que a outra equipe de especialistas --nomeada por Ban Ki-moon e presidida pelo sueco Ake Sellström-- obtenha a autorização de ir até a Síria.

Desde março Damasco tem negado a esses 15 investigadores o acesso a diversos pontos de supostos ataques. O regime sírio foi o primeiro a fazer um requerimento oficial à ONU no dia 20 de março para a abertura de uma investigação sobre alegações de uso de armas químicas por parte dos rebeldes, segundo ele. Quando Paris e Londres fizeram um pedido similar, para a investigação de alegações do emprego de armas químicas por parte das forças sírias, Damasco fez ouvidos moucos. "Nossos investigadores estão prontos para irem até a Síria dentro de 24 ou 48 horas", repetem continuamente as autoridades da ONU.

"Síndrome iraquiana"
Segundo uma fonte diplomática, "argumentando que era importante abrir um canal", o secretário-geral, no início, não descartava a ideia de enviar a equipe para a Síria, independentemente das condições impostas por Damasco. Mas, não é mais o caso hoje. "Ban Ki-moon não tem intenção nenhuma de ceder", afirma essa mesma fonte. "Os países-membros, estejam eles 100% certos ou não do uso de armas químicas, precisam ver suas conclusões validadas pela ONU", diz uma fonte ocidental, que lembra o quanto a "síndrome iraquiana" pesa na lembrança das pessoas.

Na terça-feira, em Paris, Ake Sellström encontrou o ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius, que lhe repassou os elementos de prova considerados "irrefutáveis". O protocolo da ONU, no entanto, exige que investigadores nomeados pela organização coletem eles mesmos as amostras submetidas a análises.

Segundo uma fonte diplomática em Paris, os especialistas da ONU poderão entregar um relatório "interino" até o final de junho, fortemente "inspirado" nos resultados da análise francesa. A França teria, então, a possibilidade de pedir para submeter o caso ao Conselho de Segurança da ONU, informa o Ministério das Relações Exteriores. Como a prioridade da diplomacia ultimamente é a organização de uma conferência de paz como Genebra 2, uma iniciativa como essa provavelmente seria vista como contraproducente. A menos que ela permita acentuar a pressão sobre Damasco e facilite a obtenção de concessões.

2 comentários:

  1. Com exceção dos tempos no inicio da guerra fria, a onu nunca teve poder para obrigar ou impedir uma potencia a entrar ou sair de conflito algum... (Michel, me corrija se eu estiver errado, mas realmente, acho que não estou....)

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    1. A maioria das guerras foram "aprovadas" pelo CS. De uma olhada no link que segue:
      http://en.wikipedia.org/wiki/United_Nations_Security_Council_resolution

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