As retaliações contra o Hezbollah adotadas devido ao fato de o grupo ter ajudado o governo da Síria a combater seus rebeldes, se intensificaram terça-feira passada, quando os Estados Unidos colocaram quatro agentes de captação de recursos do grupo em sua lista negra e alertaram que adotariam medidas adicionais para estrangular as fontes de financiamento do grupo.
A medida adotada contra os agentes, que segundo o Departamento do Tesouro dos EUA atuam a partir da África Ocidental, proíbe que eles façam qualquer tipo de negócio com norte-americanos e congela quaisquer bens que eles possam manter em territórios sob a jurisdição dos EUA.
Apesar de o impacto financeiro da sanção contra o Hezbollah ainda não ter ficado claro, o Departamento do Tesouro disse que a decisão reflete "o alcance alarmante das atividades do Hezbollah e sua determinação em criar uma rede de financiamento e recrutamento mundial para apoiar suas práticas violentas e suas empresas criminosas ao redor do mundo".
Não houve reação imediata por parte do Hezbollah, organização militante formada por xiitas libaneses e apoiada pelo Irã e pela Síria --e que Washington classifica como grupo terrorista há muito tempo. O Hezbollah, que desempenha um amplo e importante papel social e político no Líbano, rejeita a maneira como os norte-americanos descrevem o grupo.
A reação do Tesouro dos EUA aconteceu um dia após os seis países que formam o Conselho de Cooperação do Golfo, um grupo de nações árabes ricas, terem prometido adotar suas próprias sanções contra o Hezbollah devido à intervenção violenta do grupo para ajudar o presidente Bashar al-Assad, da Síria, na luta contra uma revolta que já dura dois anos e está sacudindo o Oriente Médio.
Na semana passada, ao declararem que defendem a mesma causa que Assad, os combatentes do Hezbollah ajudaram os militares sírios a derrotar os rebeldes em Qusair, um reduto de insurgentes localizado perto da fronteira com o Líbano. Esse enfrentamento pode ter alterado a dinâmica do conflito em favor de Assad e, desde então, os rebeldes vem tentando retaliar.
Na terça-feira passada, a Agência Nacional de Notícias do Líbano informou que mísseis disparados a partir do território sírio atingiram a aldeia fronteiriça xiita de Hermel, no Líbano, no que aparentemente foi uma represália dos rebeldes. Na capital da Síria, Damasco, dois homens-bomba mataram pelo menos 14 pessoas. Segundo a agência de notícias estatal da Síria, a SANA, o ataque foi uma retaliação covarde que ilustra "a falência dos grupos terroristas armados e daqueles que os apoiam".
O repúdio dos países árabes do Golfo ao Hezbollah ressalta a imagem cada vez mais problemática do grupo no mundo árabe, que chegou a exaltar a organização e a considerá-la um movimento de libertação devido aos enfrentamentos agressivos perpetrados contra Israel. Cada vez mais, os países árabes se referem ao Hezbollah como um aliado do Irã que apoia a seita minoritária alauíta de Assad e como um braço do islamismo xiita que faz oposição a vários insurgentes sunitas, incluindo alguns extremistas islâmicos que reivindicam lealdade à Al Qaeda.
A Arábia Saudita e o Qatar são os principais apoiadores militares dos insurgentes sírios, e a Europa e o governo de Barack Obama estão discutindo se também devem ajudar a armar os rebeldes.
O Departamento do Tesouro dos EUA fez uma descrição sombria do Hezbollah ao anunciar as sanções contra os quatro homens libaneses, que, segundo o órgão, arrebanharam seguidores em Serra Leoa, no Senegal, na Costa do Marfim e na Gâmbia.
Segundo o anúncio feito pelo Tesouro dos EUA, os quatro homens, identificados como Ali Ibrahim al-Watfa, Abbas Loutfe Fawaz, Ali Ahmad Chehade e Hicham Nmer Khanafer, "organizaram os esforços de captação de recursos, recrutaram membros e, em alguns casos, se passaram por embaixadores do Departamento de Relações Exteriores do Hezbollah".
David S. Cohen, subsecretário do Tesouro dos EUA encarregado por administrar esse tipo de sanção, rejeita a representação que os membros do Hezbollah fazem do próprio grupo como sendo uma organização de resistência. Cohen observou também que três dos maiores países da Europa --Grã-Bretanha, Alemanha e França-- atualmente apoiam os esforços que estão sendo empreendidos na União Europeia para classificar o Hezbollah como um grupo terrorista. Essa mudança poderia complicar muito a angariação de fundos do Hezbollah na Europa.
Cohen disse que os quatro libaneses incluídos na lista negra ajudaram a levantar "milhões de dólares" para a causa do Hezbollah, mas não especificou o total exato arrecadado.
"Saber se essa é uma atividade especialmente lucrativa, em comparação com outros mecanismos, realmente não vem ao caso", disse ele. "O que estamos tentando fazer é interromper a arrecadação de fundos por parte do Hezbollah".
O Hezbollah já vinha enfrentando as pressões da comunidade internacional antes de intervir na Síria devido, em grande parte, ao lobby dos Estados Unidos e de Israel. Agentes do Hezbollah foram implicados no bombardeio de um ônibus na Bulgária em julho passado, atentado que matou cinco turistas israelenses e um motorista de ônibus búlgaro. O Hezbollah nega seu envolvimento no incidente.
Em março passado, um tribunal de Chipre condenou um membro do Hezbollah devido a sua participação em um complô para atacar turistas israelenses no país. Esse processo judicial revelou-se importante para mudar a visão que alguns membros da União Europeia tinham em relação ao Hezbollah, aumentando a rejeição ao grupo.
Há muito tempo autoridades israelenses vêm afirmando que o Hezbollah é o responsável por organizar atentados contra cidadãos de Israel em todo o mundo, incluindo uma série de conspirações orquestradas no ano passado e que tinham como alvo funcionários dos corpos diplomáticos israelenses na Tailândia, na Índia e na Geórgia.
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O HEZBOLLAH está já sabe e está tomdo medidas como sempre fez p se autofinanciar, vide os Persas.Sds.
ResponderExcluirIsso mostra como os EUA apoiam grupos terroristas na Síria. Eles querem que esses terroristas continuam matando cidadãos Sírios, praticando atentado diariamente na Síria.
ResponderExcluirOs EUA estão fazendo tudo para proteger esse malditos terroristas. EU acredito que o mundo inteiro está satisfeito por Hezbolah ter ajudado Assad a derrotar os terroristas. Não vejo Hezbolah como grupo terroristas, pois age dentro do Líbano e o principal inimigo com quem lutam é contra Israel. Só que quem luta contra interesse dos EUA é considerado terrorista.
Edson Silva