Embraer e Boeing fecharam ontem uma parceria para a promoção e venda do cargueiro militar KC-390 em desenvolvimento pela companhia brasileira, ampliando as possibilidades de negócios adicionais nesse segmento.
Luis Carlos Aguiar, presidente de Embraer Defesa & Segurança, disse que, pelo acordo, a Boeing vai liderar as campanhas de vendas, suporte e treinamento do cargueiro nos Estados Unidos, Reino Unido e mercados "selecionados" do Oriente Médio.
A Embraer vai fabricar a aeronave de transporte militar de médio porte e reabastecimento aéreo, e colaborar nas vendas e outras atividades nesses mercados. Em outros países, a empresa continua sozinha a comercializar o produto.
O interesse comum é claro: a Embraer amplia oportunidades de venda e a Boeing coloca esse tipo de cargueiro em seu portfólio. As estimativas iniciais do mercado potencial para o KC-390 são de aproximadamente 700 aeronaves, mas esse número poderá aumentar com a inclusão de novos mercados, segundo Embraer.
Embraer e Boeing já tem acordo técnico assinado no ano passado. O passo dado ontem pode ajudar na entrada do KC-390 também nos EUA no futuro.
O Pentágono, o maior comprador militar do mundo, não fixou requisito para um cargueiro médio. Para isso, os americanos têm usado o aparelho C-130, fabricado pela Lockheed Martin. Mas está agora prevista uma revisão nos planos americanos e eventual licitação para cargueiro pode ser definido em julho, e a primeira encomenda a ser feita no ano que vem.
A expectativa é de o cargueiro brasileiro fazer seu primeiro voo no ano que vem e entregar o primeiro aparelho em 2016. "O principal foco de desenvolvimento é o cargueiro", disse Aguiar. A Embraer Defesa & Segurança projeta aumento de receita de 25% este ano, para US$ 1,25 bilhão.
O anúncio do entendimento Embraer-Boeing contou com a presença do comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro Juniti Saito, no Salão Aeronáutico de Paris. Saito disse ao Valor que a FAB comprará 28 cargueiros. Outros sócios do projeto, incluindo Portugal, Argentina e República Checa, também já assinaram carta de intenção de compras.
Chris Raymond, vice-presidente de desenvolvimento da Boeing Defesa, disse que o acordo está concentrado no KC-390 e não tem intenção de influenciar a escolha pela FAB do vencedor da licitação de venda de 36 jatos de combate para a Força Aérea Brasileira. Trata-se do projeto FX, no qual Boeing concorre com seu F/A-18 Super Hornet justamente contra os Rafale, da empresa francesa Dassault, e os Gripen-NG, da sueca Saab.
Indagado sobre quando afinal o governo decidirá pela compra dos jatos, o brigadeiro Saito balançou os ombros e num tom ligeiramente resignado disse: "Continuamos esperando". Depois foi ver apresentações de jatos de combate, incluindo o russo da Sukhoi, que chega a parar no ar.
Já a francesa Dassault diz ter vantagem com a demora do governo brasileiro. Argumenta que tem assegurada a produção por vários anos. Enquanto espera noticias do Brasil, acha que fechará, até o fim do ano, o contrato de US$ 10 bilhões para venda de 126 jatos de combate para a India.
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