Líderes democratas no Congresso e na Casa Branca renovaram sua pressão por uma legislação de armas na quinta-feira, poucos meses depois que ela foi derrotada no Senado, em meio a negociações delicadas sobre uma nova medida de checagem de antecedentes nas quais os defensores esperam poder mudar votos suficientes de Não para Sim.
Mas essas negociações se depararam com um aviso do senador Harry Reid, democrata de Nevada, líder da maioria no Senado, que disse que não aceitaria nenhum projeto de lei substancialmente mais fraco do que o derrotado em abril.
"O projeto de lei que for aprovado pelo Senado deve ter checagem de antecedentes, e não uma versão atenuada dessas checagens", declarou Reid no Capitólio, acompanhado pelas famílias de Newtown, Connecticut, vítimas do tiroteio na escola. Essas famílias também visitaram o presidente Barack Obama na quinta-feira na Casa Branca, e o presidente da Câmara, John A. Boehner.
Oficialmente, não existem negociações entre os senadores Mark Begich, democrata do Alaska, e Kelly Ayotte, republicana de New Hampshire. Ambos os senadores votaram Não em abril, e assessores de ambos negam a existência de negociações ou de um projeto de lei.
"Não há negociações", disse Jeff Grappone, porta-voz de Ayotte. "Não existe projeto de lei. Ela mantém sua posição."
Outros senadores, no entanto, reconhecem abertamente e encorajam a iniciativa e dizem que as negociações estão ganhando momento. O senador Richard Blumenthal, democrata de Connecticut, disse que uma nova versão do projeto de lei de armas provavelmente aumentaria o número de processos contra aqueles que violam as leis de armas existentes e esclareceria que a nova legislação não levaria e não poderia levar a uma base de dados nacional de armas de fogo ou de propriedade de armas.
Outros democratas dizem que a medida de verificação de antecedentes derrubada no Senado, de autoria dos senadores Joe Manchin III, democrata de West Virginia, e Patrick J. Toomey, republicano de Pennsylvania, provavelmente seria alterada para isentar das checagens obrigatórias as vendas rurais e de pessoa para pessoa.
"Temos que oferecer um caminho recomendável e confiável para que eles alterem seus votos", disse Blumenthal sobre um punhado de senadores que poderiam ser persuadidos, a começar por Begich e Ayotte. Essas modificações não devem enfraquecer substancialmente o projeto de lei, acrescentou. "Às vezes um esclarecimento pode ter a aparência de uma mudança", disse ele.
Seis meses após o massacre na Sandy Hook Elementary School, em Newtown, as emoções sobre a questão das armas ainda estão cruas. Jillian Soto, cuja irmã mais velha foi uma das professoras mortas em Newtown, disse aos legisladores que "os Estados Unidos não esqueceram".
Os americanos permanecem amplamente favoráveis a uma legislação que expanda a verificação de antecedentes nas compras de armas, mas estão ficando cada vez mais descrentes de que tal projeto de lei seja aprovado. Uma pesquisa New York Times/CBS News divulgada este mês mostrou que 69% apoiam a aprovação de uma medida para expansão das checagens de antecedentes, mas 56% dizem que isso é pouco provável ou que nunca vai acontecer.
Enquanto líderes democratas insistiram na quinta-feira que a aprovação de um projeto de lei mais rígido para armas era inevitável, os números são assustadores. Os defensores da expansão das checagens de antecedentes precisam que quatro senadores mudem seus votos, e de um sexto voto se o senador republicano recém-nomeado de Nova Jersey, Jeffrey S. Chiesa, for contra.
Os senadores que pressionam a iniciativa acreditam que se Ayotte e Begich pudessem entrar num acordo, poderiam trazer consigo a senadora Heide Heitkamp, democrata de North Dakota, e possivelmente os senadores Max Baucus, democrata de Montana; Lisa Murkowski, republicana do Alasca; e Jeff Flake, republicano do Arizona.
Na quinta-feira, no entanto, Heitkamp, Flake e Baucus ou evitaram as perguntas sobre mudar o voto ou disseram que não tinham a intenção de fazê-lo.
"Eu já tive muitas conversas assim", afirmou Toomey. "Não estou ciente de nenhum movimento real por parte das pessoas que foram contra a medida da última vez."
Os democratas também estão divididos sobre como pressionar os membros de sua própria bancada para apoiarem uma nova investida. O senador Christopher S. Murphy, democrata de Connecticut, elogiou o que chamou de "infra-estrutura política" que está emergindo para aumentar o controle de armas, e disse que "os membros que votaram Não não estão muito animados em enfrentar centenas de milhares de dólares de anúncios" de grupos como Prefeitos Contra Armas Ilegais, fundado pelo prefeito Michael R. Bloomberg de Nova York.
Os líderes democratas estão cada vez mais explícitos em sua repreensão contra os ataques de Bloomberg aos democratas que votaram Não em abril. Reid disse na quinta-feira que tinha conversado com o prefeito esta semana para convencê-lo de que "ter os republicanos controlando o Senado é um sinal claro de que nunca, jamais conseguiremos fazer alguma coisa." Reid não tem certeza se conseguiu transmitir sua mensagem. "Ele é uma espécie de independente, e muito rico", disse ele.
Além disso, há o momento certo. A luta do Senado contra a imigração deve acontecer durante todo o mês de junho. A maior parte de julho será consumida por um batalha pelas nomeações ainda pendentes de Obama, uma luta que poderia envenenar o ambiente político mesmo que uma janela se abra no final de julho para considerar uma nova medida referente às armas. Isso significa que setembro é provavelmente o mais cedo que um novo projeto de lei pode ser levado à votação. "A luta não acabou", disse Reid. "Está apenas começando."
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