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terça-feira, 11 de junho de 2013

Sanções econômicas ao Irã são as mais rígidas desde o apartheid

Em plena campanha eleitoral, Washington veio lembrar aos iranianos que o próximo presidente, que eles devem eleger na sexta-feira (14), precisará tirar o país de uma crise econômica sem precedentes. Uma crise que se deve às sanções adotadas pelos países ocidentais para que o Irã suspenda seu suposto programa nuclear militar.

O presidente americano, Barack Obama, assinou a ordem de aplicação de uma nova série de sanções, que desta vez atingem o rial, a divisa iraniana, que perdeu dois terços de seu valor desde o final de 2011, e o setor automobilístico.

As novas medidas visam congelar os fundos em rials no exterior e impedir o uso dessa moeda nas transações com o restante do mundo. No entanto, um regime de isenções está previsto para os países que diminuírem suas encomendas de petróleo iraniano. É o caso da China, da Índia e da Turquia, entre outros.

Em abril, as exportações de petróleo de Teerã atingiram um mínimo recorde com somente 700 mil barris por dia. Uma nova queda do rial poderá resultar em novo aumento da inflação, já em 30% e fora do controle do Banco Central do Irã, como ele próprio admite.

Já as medidas que visam o setor automobilístico podem resultar em demissões dentro de um dos mais importantes setores industriais do país, depois do petróleo e da petroquímica. A venda de automóveis da Iran Khodro, a montadora nacional, caiu pela metade no último ano, passando de 1,3 milhão de veículos em 2012 para 600 mil neste ano.

"Devido às sanções, há cada vez mais empresas que não podem mais importar nem exportar", explica Michel Malinksy, encarregado de estudos sobre o Irã na Escola Superior de Comércio e Administração de Poitiers. "Elas não conseguem mais pagar seus fornecedores e até seus operários. Elas não demitem porque o governo proíbe."

Os iranianos estão sofrendo e vendo, mês após mês, seu nível de vida se deteriorar. A carne atingiu preços proibitivos, cerca de € 5 o quilo, fora do alcance da classe média. Há uma falta cruel de medicamentos estrangeiros, sobretudo os tratamentos contra o câncer, por falta de divisas ou mecanismos financeiros para importá-los. Os equipamentos hospitalares estão se degradando.

Por mais que as autoridades tenham esclarecido que conseguiram diversificar sua economia para enfrentar o arsenal ocidental, com particular sucesso no setor petroquímico --alvo de sanções americanas no dia 31 de maio--, deve-se reconhecer que o país vai mal. "A população está sofrendo de verdade", garante Michel Malinsky. "A única tábua de salvação que impede as pessoas de saírem às ruas em protesto são as bolsas pagas diretamente pelo Estado aos mais pobres."

Durante o primeiro debate televisivo, todos os candidatos à eleição presidencial escolheram o estado da economia como seu principal tema de preocupação. Mas em vez de falar de sanções, o que equivaleria a questionar implicitamente a decisão de uma "linha dura" sobre a questão nuclear, eles preferiram criticar duramente a má gestão econômica do presidente em final de mandato, Mahmoud Ahmadinejad.

Entre os menos instruídos e menos informados, essa visão sobre as coisas tem um efeito desastroso, pois eles podem concluir a partir daí que o país está sendo dirigido por incompetentes e ladrões, ao passo que está sujeito ao arsenal de sanções econômicas e financeiras mais rígido desde a época do apartheid na África do Sul.

O único candidato que criou um elo explícito entre as consequências das sanções e as escolhas estratégicas do Guia supremo, o aiatolá Ali Khamenei, foi o ex-negociador Hassan Rohani, um conservador moderado que está lucrando com o público reformista abandonado. Segundo ele, "os slogans políticos como o da resistência" não são compatíveis com uma economia saudável.

Said Jalili, atual negociador para a questão nuclear e candidato favorito à eleição presidencial, no passado defendeu uma "economia de resistência frente às sanções". Jalili, considerado um conservador próximo do Guia, vê as sanções como "uma oportunidade", pois segundo ele o Irã tem "outras vantagens além do petróleo".

Sem ir tão longe quanto Rohani, Ali-Akbar Velayati, um ex-diplomata, mencionou a ideia de "melhorar as relações diplomáticas para resolver os problemas ligados às sanções". Na quinta-feira, um outro candidato, Mohsen Rezaie, declarou, durante uma coletiva de imprensa: "Para erradicar o aumento dos preços, serão tomadas medidas para retirar as sanções com negociações nucleares." Não há certeza de que o Guia, único que decide sobre a questão, esteja convencido sobre a validade de se negociar após a adoção de novas medidas americanas.

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