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terça-feira, 2 de abril de 2013

China tenta construir ao redor dos Brics sua própria geometria internacional

Chefes de Estado dos Brics posam para foto oficial do encontro, realizado em Durban, na África do Sul. Da esquerda para a direita: premiê da Índia, Manmohan Singh, presidente da China, Xi Jinping, presidente da África do Sul, Jacob Zuma, presidente do Brasil, Dilma Rousseff, e presidente da Rússia, Vladimir Putin

Quanto mais obscura a eleição, mais indispensável é a interpretação dos indícios e sinais iniciais. Acontece no Vaticano de Bergoglio e no Zhongnanhai de Xi Jinping - o recinto oficial de Pequim onde se reúnem os cardeais do império vermelho que governam a China e que aspiram a transformá-la na superpotência do século 21.

O novo presidente da República Popular, elevado à magistratura máxima em 14 de março pelo Congresso Nacional do Povo, o parlamento comunista "sui generis", em uma votação meramente cerimonial na qual recebeu 2.952 votos a favor, 1 contra e 3 abstenções, não demorou nem oito dias para viajar a Moscou. A capital russa também foi a do bloco comunista, e nela se formaram diversos quadros do comunismo chinês na época pré-revolucionária e nos primeiros anos da República Popular.

Mao Tsetung, o presidente e fundador, rompeu violentamente com Moscou devido a seu extremado zelo stalinista, que não admitia a virada revisionista empreendida por Nikita Kruschev em 1956, com a denúncia dos crimes de Stálin. E assim foi que durante 35 anos, de 1958 a 1993, não houve qualquer viagem oficial nem oficiosa do líder chinês a Moscou, enquanto se estreitavam cada vez mais os laços com os EUA, depois da bem-sucedida viagem do presidente Nixon e seu encontro com Mao em 1972 e a abertura de plenas relações diplomáticas em 1978.

Com a atual viagem ao maior de seus numerosos vizinhos terrestres, com o qual compartilha 4.000 quilômetros de fronteira, Xi Jinping quer consolidar uma tradição inaugural. De suas palavras em Moscou, assim como das de Vladimir Putin, se deduz o caráter estratégico e privilegiado da relação que pretendem as duas potências, em um retorno à estreita associação de mais de 60 anos atrás.

O primeiro líder chinês a empreender esse caminho foi Hu Jintao há uma década, com sua viagem também inaugural a Moscou em junho de 2003, em seu caso um pouco mais tarde, exatamente três meses depois de sua designação presidencial, e em um giro que o levou também ao Cazaquistão e à Mongólia, e imediatamente depois à cúpula do G8 em Evian (Suíça), onde pôde se encontrar com uma dúzia de chefes de Estado e de governo, entre outros o presidente George W. Bush.

Xi, por sua vez, depois de passar por Moscou foi em giro até a África, onde o maoísmo já tinha seus pesqueiros revolucionários, com estações na Tanzânia, África do Sul e República do Congo, e sua participação em Durban da cúpula dos cinco países emergentes do grupo Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

A invenção dessa tradição diplomática tem um claro significado geoestratégico. A comparação dos dois giros põe em destaque a atual prioridade da África e do mundo maior em comparação com a mais próxima e estreita do entorno imediato da Ásia Central há dez anos. Em 2003 a China ainda percebia a arquitetura internacional a que estava se incorporando, com o G8 em seu centro, como uma construção alheia e estranha, na qual mal sabia se mover. Hoje dá passos enérgicos para construir sua própria geometria ao redor dos cinco Brics, de cuja coerência e capacidade de consolidação como grupo quase nada cabe dizer.

Embora aparentemente tenha começado algo semelhante a uma institucionalização com o projeto de um banco de desenvolvimento próprio, o interesse de Pequim é antes de tudo instrumental, pois reúne seus dois principais sócios terrestres, Índia e Rússia, com os quais forma um avassalador bloco demográfico, econômico e territorial euroasiático, e os dois países líderes da América Latina (Brasil) e da África (África do Sul), em um agrupamento que desenha por exclusão a aliança ocidental entre EUA e UE e, naturalmente, o Japão, o mais excluído, pois reúne a dupla condição de potência econômica e comercial asiática e rival histórico e adversário nas disputas sobre águas e ilhotas nos mares adjacentes.

Xi Jinping é um príncipe da aristocracia fundadora da República Popular, uma casta comunista que saiu reforçada da última sucessão na cúpula do partido e do Estado. À diferença de Hu Jintao, Xi tomou de uma vez as rédeas do poder ideológico, estatal e inclusive militar, sem compartilhá-lo em um tempo de transição com a geração precedente, como vinha ocorrendo em trocas anteriores.

Alguns especialistas em política chinesa, como François Godement, do Conselho Europeu sobre Relações Exteriores, captaram uma recuperação da liderança pessoal e uma centralidade do partido muito de acordo com uma inspiração maoísta. Em boa correspondência, sua política internacional deverá ser mais dura e nacionalista, embora enfeitada por um uso renovado do "soft power", ou poder brando, não unicamente econômico, senão em forma de presença cultural, de políticas de bolsas e de intercâmbios com a África, ou de um estilo presidencial mais cálido e inclusive glamouroso, no qual se inclui pela primeira vez um papel para a primeira-dama, Peng Liyuan, nas turnês oficiais.

Um comentário:

  1. Aproveitando o assunto China, eu li hoje que a China se tornou o 5°maior vendedor de armas para o mundo todo... mais o que mais me chamou atenção, foi o fato de que Israel (tão desprezado pelo Michel), está em 8° lugar, e o Brasil que segundo ele teria uma superioridade industrial bélica... não aparece nem entre os 14. Então eu gostaria de deixar uma pergunta: se a industria de Israel é uma bosta como vc fala, porque Israel vende tantos equipamentos militares sendo que Israel é um país que está longe de ser dos mais fortes diplomaticamente (até os latinos americanos tem mais força diplomática que Israel). Eu vou deixar essa pergunta, pq sempre que o assunto Israel surgiu o Michel tratou com desprezo, mais o fato é que Israel está entre os maiores vendedores de armas do mundo, na frente de países que ele acha superior como: Suécia, Brasil, etc...etc...
    http://en.wikipedia.org/wiki/Arms_industry#World.27s_largest_arms_exporters
    P.S: apesar da fonte ser do wikipedia posso colocar outra caso acham sem credibilidade, tem outras com essa lista dos maiores vendedores, coloquei wikipedia pq quem não conseguir abrir é mais fácil achar.

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