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segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Der Spiegel: Com aprovação em baixa, Putin sai à caça de corruptos

Putin

O mais recente palco na luta contra a corrupção é ilustrado pela televisão estatal russa com imagens da Côte d’Azur, imagens de festas agitadas com caviar e Kalashnikovs incrustados de diamantes. Então o correspondente se aproxima da casa de campo do astro de Hollywood, George Clooney, em um helicóptero antes de mais casarões aparecerem. É para cá que “as autoridades do governo de Moscou vêm para ser paparicadas”, diz o programa.

A emissora dedicou 70 minutos para retratar os notórios funcionários públicos cronicamente corruptos do país. Eles são uma “força em ternos cinzas que pode sabotar as reformas e que estão boicotando as leis”, diz o apresentador Arkady Mamontov.

Normalmente Mamontov se dedica aos adversários do Estado russo. Ele fez um filme sobre os ativistas de direitos humanos russos que supostamente trabalhavam com espiões britânicos, e já fez três programas sobre a banda punk Pussy Riot, nos quais sugeriu que as ativistas eram criadas pagas dos Estados Unidos.

Mas em vez de enfrentar a oposição, desta vez Mamontov tem um membro da elite do poder em sua mira: a ex-ministra da Agricultura do presidente Vladimir Putin, Elena Skrynnik, que fez parte do gabinete presidencial de 2009 a 2012. Ela é acusada de nepotismo e é dito que as pessoas ligadas a ela viram sua riqueza pessoal crescer enormemente. Por anos, Skrynnik, 51 anos, foi chefe da empresa estatal Rosagroleasing, que foi criada para compra de maquinário agrícola. Mas sob o auspício dela, uma quantia significativa de dinheiro foi desviada. Os repórteres de Mamontov entrevistam um dos funcionários da empresa, que cita a soma de 39 bilhões de rublos, ou aproximadamente 1 bilhão de euros.

Putin faz o papel de combatente da corrupção
O caso de Skrynnik é o segundo de corrupção em apenas um mês envolvendo um ex-ministro. No início de novembro, Putin tomou a decisão surpreendente de demitir o ministro da Defesa, Anatoly Serdyukov. Desde a partida de Serdyukov, dificilmente passa um dia sem alguma nova revelação sobre irregularidades nos esforços de privatização do setor de defesa. As emissoras noticiam histórias sobre o escândalo no horário nobre e os jornais pró-Kremlin as publicam na primeira página. A meta da campanha? Retratar Putin –que, em seu 13º ano no poder, apresenta o pior índice de aprovação em mais de uma década– como um dedicado oponente da corrupção. Em setembro, apenas 41% dos russos disseram confiar no presidente.

Alexei Mukhin, um cientista político do Centro para Informação Política pró-Putin, falou sobre uma “limpeza da elite” e um ajuste da imagem do “novo Putin”. O próximo, segundo Mukhin, pode ser o chefe da Agência Espacial Russa ou a ex-ministra da Saúde de má reputação, Tatyana Golikova.

Elena Skrynnik, a ex-ministra da Agricultura, falou com a imprensa sobre sua situação, mas no exterior, uma viagem que ela disse ter sido aprovada por Putin. Sim, ela foi interrogada, ela disse, e sim, ela tem uma casa na França, mas ela a comprou honestamente durante seu período como empresária entre 1993 e 2000. Além disso, sob sua liderança na Rosagroleasing, “era impossível roubar dinheiro”.

Mas é difícil de acreditar. Oleg Donskich, o ex-braço direito de Skrynnik, tem contra si um mandado de prisão e deixou o país. Outros suspeitos incluem Leonid Novitskiy, o irmão de Skrynnik. Patrocinado por sua irmã, o piloto de rally cross-country ascendeu até se tornar vice-chefe da Rosagroleasing.

Notícia velha
A televisão estatal acentuou as acusações com fotos de uma operação agrícola industrial dilapidada. Cerca de 280 milhões de rublos (7 milhões de euros) foram destinados para a sua modernização, mas as instalações continuam apodrecendo. Um produtor rural local se queixa para a câmera que, na Rússia, “não há autoridades que se preocupem com o país”.

Mesmo assim, os resultados da suposta reportagem investigativa de Mamontov não são novidade; são apenas uma coleção de fatos há muito conhecidos. Os jornais e revistas de Moscou noticiam há anos sobre a roda de Skrynnik.

O que é novo é o fervor com que a emissora está tratando o assunto. Dentro dos gabinetes das autoridades russas há uma “batalha colossal em curso entre os ladrões e as pessoas honestas que se preocupam com o país”, esbraveja Sergey Markov, um ex-parlamentar da Duma, para a câmera. Agora os “traidores” corruptos devem ser removidos, ele diz.

Então um cientista político grisalho fala. Vitali Tretyakov é um linha-dura que, durante o Diálogo de Petersburgo teuto-russo em meados de novembro, previu o colapso da Europa devido à homossexualidade disseminada. “Hoje há mais sendo roubado do que por bolchevistas e czares juntos”, ele se queixa, acrescentando que as autoridades “não temem mais ninguém. Nem Stálin, Lênin, Deus, o diabo, anjos e nem a democracia”. De fato, o termo “inimigo do povo” deve ser reintroduzido e usado em referência às autoridades corruptas, ele diz.

Seus comentários foram recebidos com aplausos pela plateia no estúdio. Essa posição dura pode ser exatamente o que é preciso para recuperar os números de Putin nas pesquisas. Mas veremos se isso resultará em uma redução da corrupção.

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