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terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Le Monde: Hollande quer estreitar laços com Marrocos

François Hollande

Não é agora que as relações franco-marroquinas vão mudar. Calcando seus passos nos de seu antecessor Nicolas Sarkozy, é aqui no Marrocos, onde é esperado para o início de 2013, que François Hollande prevê se dirigir ao "mundo árabe", segundo uma fonte diplomática francesa. O primeiro-ministro Jean-Marc Ayrault, que veio na frente acompanhado de oito ministros, confirmou, após uma visita de dois dias encerrada na quinta-feira (13), a intenção de Paris de estreitar seus laços com um país considerado um "polo de estabilidade" regional. Foi o suficiente para tranquilizar o Marrocos, que se preocupava com uma "inclinação argelina" do presidente francês, esperado em Argel para os dias 19 e 20 de dezembro.

"Densidade da relação"   
Reunidos para um seminário intergovernamental em Rabat, franceses e marroquinos usaram superlativos para descrever suas relações: "parceria excepcional", "densidade da relação", "destinos ligados"... "Nós somos irmãos", chegou a dizer o chefe do governo Abdelillah Benkirane, originado do partido islamita Justiça e Desenvolvimento, que chegou ao poder pela primeira vez no Marrocos, após as eleições legislativas antecipadas de novembro de 2011. "Somos de uma tendência política com a qual vocês não estão acostumados, mas as pessoas não votaram em nós por causa de nossas barbas", ele afirmou. "Elas o fizeram porque acreditam que talvez sejamos um pouco mais sérios na gestão do erário..." Recebido pelo rei Mohammed 6º, Jean-Marc Ayrault não ficou atrás: "Há uma relação totalmente particular entre nossos países, uma forma de intimidade construída (...) ao longo de décadas." A alternância, islamita de um lado e socialista de outro, não mudou a ordem das coisas.

Principal investidor estrangeiro, a França mantém relações estreitas com o Marrocos. Várias convenções foram assinadas com a Agência Francesa de Desenvolvimento, envolvendo empréstimos num montante total de 280 milhões de euros que deverão resultar em novos contratos industriais. O governo francês promoveu seu "novo conceito" de cooperação que protege os interesses em matéria de empregos dos dois lados, enquanto o Marrocos mencionou sua posição geográfica, que lhe permitiria se tornar a cabeça de ponte de uma parceria para conquistar os mercados africanos.

Em matéria de educação, os estabelecimentos de ensino superior concederão diplomas franceses a estudantes marroquinos, mas também subsaarianos. Isso faz parte dos projetos que François Hollande deverá finalizar no início de março. Paris também prometeu flexibilizar as condições de concessão de vistos para facilitar a livre circulação de empresários, artistas, atletas, oficiais e jornalistas. No plano diplomático, Rabat dá seu apoio a todas as iniciativas francesas sobre as questões da Síria e do Mali. Em troca, a França apoia a posição marroquina sobre o Saara ocidental.

Essa convergência fusional, no entanto, encontrou uma limitação na questão dos direitos humanos, deixada de lado, e por fim foi o chefe do governo marroquino que a levantou. Questionado, durante uma coletiva de imprensa em conjunto com seu colega francês, sobre as prisões de militantes do Movimento 20 de Fevereiro, que em 2011 pediam por mais democracia, bem como sobre o cancelamento da credencial de um jornalista da Agence France-Presse, Benkirane alertou: "Não somos uma cópia da França. Não se pode permitir de tudo em nosso país".

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