Imagem do dia 12 de dezembro mostra decolagem do foguete norte-coreano na província de Pyongan do Norte, na Coreia do Norte |
Entre os piores momentos do governo George W. Bush, a detonação pela Coreia do Norte de seu primeiro artefato nuclear, em outubro de 2006, se destaca. Ela ocorreu após o fracasso do governo em convencer o regime inamistoso de que seu desafio ao compromisso dos Estados Unidos com a não proliferação nuclear teria um preço muito alto.
Na verdade, não aconteceu nada. O resultado foi o teste em 2009 pela Coreia do Norte de uma arma atômica tão poderosa quanto a bomba que devastou Hiroshima em 1945.
A Coreia do Norte não é o Irã. Ela não ameaça diretamente um vizinho de aniquilação e nem projeta a probabilidade de desestabilização de sua região, como seria o caso de um Irã armado ou com capacidade de armas nucleares no Oriente Médio.
Mas há uma semelhança. A corrida da Coreia do Norte para conseguir a bomba foi motivada, acima de tudo, pelo desejo do regime despótico de conseguir uma arma de último recurso capaz de assegurar sua permanência. Como a Coreia do Norte, a principal meta do esforço nuclear do Irã é transformar sua teocracia em um alvo enormemente perigoso para aqueles que possam desafiar o governo dos mulás como sendo uma ameaça à paz.
Olhando para trás, não é injusto dizer que no momento decisivo, Pyongyang exibiu mais determinação do que o governo Bush. Ou perguntar agora se a vontade do Irã em perseverar será maior do que a intenção do governo Obama de bloquear Teerã –não apenas de obter uma bomba, como também na ajuda à ditadura assassina na Síria e no fornecimento de mísseis às forças do Hamas e do Hizbollah.
A determinação americana é o conceito crucial. Ela não está inegavelmente presente em termos militares ou diplomáticos.
O senador Carl Levin, que é presidente do Comitê de Serviços Armados, levantou a questão da determinação americana. Referindo-se ao elo que une os mais recentes surtos de violência no Oriente Médio, ele disse que o presidente Obama "precisa apontar que por trás de tudo isso está o Irã". O governo deve "continuar mobilizando o mundo contra o Irã. Essa é a fonte do problema", disse Levin.
Não é preciso uma leitura muito profunda para acreditar que o senador democrata, diferente da hesitação do governo, sinalizava a futilidade de tentar separar a questão nuclear do restante do comportamento agressivo do Irã. Uma abordagem geral, envolvendo pressão americana direta sobre a Síria, poderia ser um estímulo para os iranianos poderem enriquecer o urânio necessário para produção de uma arma nuclear em três ou quatro meses.
George Perkovich, diretor do programa de política nuclear do Fundo Carnegie para a Paz Internacional, tratou da questão de modo diferente. Referindo-se ao líder supremo do Irã, o Aiatolá Ali Khamenei, ele disse: "O aiatolá não acreditará em nenhuma promessa de fim da pressão para mudança do regime, e o problema de uma promessa dessa pelo lado americano é que não seria verdadeira no sentido geral".
"Nós queremos que o Irã evolua de uma teocracia para uma democracia tolerante. Mas poderíamos abdicar de ações coercivas, frequentemente secretas, para promover a mudança do regime, em troca de um acordo nuclear satisfatório."
Eu não consigo imaginar o Congresso americano, que tem sido muito mais agressivo do que Obama em relação ao Irã, aceitando um acordo nuclear (provavelmente um ruim) baseado na promessa de que os americanos não fariam nada diante do envolvimento militar cada vez mais aberto dos mulás na Síria e em Gaza.
Isso significaria a perda de parte da credibilidade militar dos Estados Unidos – fortalecendo no processo a dúvida do Irã sobre a determinação dos Estados Unidos em fazer uso da força para impedir sua tentativa de obter armar nucleares.
Na Europa, um alto funcionário de um país com presença no Irã disse que faria bem os iranianos notarem que "nunca antes houve tamanha capacidade militar americana na região deles" – mas também que ele acredita que o regime "deseja ver" Obama como um fraco.
Eliot A. Cohen, professor de estudos estratégicos da Universidade Johns Hopkins, em uma conversa no recente Fórum Internacional de Segurança em Halifax, apresentou uma avaliação semelhante. Ele disse que considera a posição iraniana de seguir em frente como um reflexo da falta de medo em relação aos Estados Unidos – que se enquadra em sua própria estimativa de uma chance entre quatro de um ataque americano.
A Coreia do Norte entra novamente na discussão a essa altura. Notando a repetida afirmação de Obama durante a recente campanha presidencial de que uma política de contenção é inadequada para controlar a ameaça nuclear iraniana, Gideon Rose, editor da "Foreign Affairs", questionou se o presidente cumprirá sua promessa ou "fará o mesmo que George W. Bush fez em relação à Coreia do Norte, que foi esquecer de modo conveniente de que éramos contrários à Coreia do Norte se tornar nuclear".
Sua expectativa é de que o governo tentará "protelar esse assunto pelo máximo de tempo possível".
O que não equivale a uma demonstração clara da disposição americana em relação ao Irã. Sua ausência transfere para as mãos de outros o que deveria ser um resultado controlado pelos Estados Unidos com o apoio de seus aliados.
Na falta de uma prova da determinação americana, os israelenses, assim como os iranianos, terão que confrontar seus próprios instintos sobre as intenções de Obama – desta vez de modo definitivo, tão logo um novo governo israelense seja formado no início do ano que vem.
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