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quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Le Monde: Em tempos de crise financeira, presidente francês enfrenta desafio de tomar decisões delicadas

François Hollande

François Hollande já sabia quando foi se instalar no palácio do Eliseu. E a cada dia ele tem mais certeza: a situação econômica do país está periclitante, e as decisões que ele deverá tomar durante seu mandato serão difíceis. Foi o que aconteceu em 2012, com um crescimento desacelerado, contas públicas mais do que nunca no vermelho e um desemprego em progressão vertiginosa. É o que acontecerá mais ainda em 2013, com a ameaça da recessão, tanto na França quanto na Europa.

O compromisso decisivo do presidente da República, martelado durante sua campanha e reiterado desde então, é de zerar o deficit público em cinco anos. O desafio é considerável. Ele exige que se acionem, vigorosamente, todas as alavancas. De um lado, a das receitas do Estado: já se avalia o aumento da tributação em quase 40 bilhões de euros, no coletivo orçamentário do verão de 2012 e no orçamento de 2013. De outro, a dos gastos públicos. O chefe do Estado especificou a extensão do esforço necessário: uma economia de no mínimo 60 bilhões de euros, sendo 10 para financiar o pacto de competitividade.

E ainda o mais difícil. O Estado – mas também as administrações locais – deve especificar onde e como conseguir tais economias. Ou seja, de quais orçamentos tirar, que parte do funcionalismo público aplainar, quais políticas públicas revisar. É o desafio do seminário governamental reunido na terça-feira (18) pelo primeiro-ministro.

Ayrault quer melhorar os métodos de gestão. Ele pretende substituir a famosa revisão geral das políticas públicas (RGPP), iniciada pelo governo anterior e que hoje chegou ao seu limite, pela "modernização da ação pública".

Pautando-se por avaliações menos mecânicas, mais hábeis, descentralizadas e participativas, esse gerenciamento é destinado a gastar de uma forma melhor o dinheiro público. Muito bem. Mas não diz como isso permitirá gastar menos. Recalibrar cada política pública (moradia, família, saúde, formação profissional, pesquisa, apoio às empresas…) equivale a repensar setores inteiros de nosso sistema de auxílio público e solidariedade nacional. São escolhas socialmente delicadas e politicamente explosivas.

E para dificultar um pouco mais a ação, eis que volta ao primeiro plano das preocupações governamentais a questão das aposentadorias, que a esquerda cuidadosamente evitou quando esteve no comando, nos anos 1980-1990. A reforma, tão contestada, do outono de 2010, deveria supostamente recolocar os regimes de aposentadoria no equilíbrio até 2020. Infelizmente, estamos longe disso: o Conselho de Orientação das Aposentadorias acaba de avaliar em 19 bilhões de euros o deficit a ser compensado até 2017. A partir do próximo ano, portanto, o governo terá de encontrar respostas para esse outro quebra-cabeça.

As decisões necessárias serão impopulares. François Hollande e o governo, mais do que tato, precisarão de coragem. É a condição do seu sucesso. É uma necessidade vital para o país.

2 comentários:

  1. Como ficará o destino das verbas destinadas às forças armadas francesas? Elas são consideradas supérfluas ou prioridade? E a Legião Estrangeira Francesa, estaria com seus dias contados?

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  2. Até aonde eu sei a França não irá reduzir seu contingente, logo, a Legião Estrangeira continuará existindo por muitos e muitos anos. Hoje a França depende e muito dos legionários, uma vez que o seu exército e de profissionais.

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