Social Icons

https://twitter.com/blogoinformantefacebookhttps://plus.google.com/103661639773939601688rss feedemail

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Der Spiegel: Em tempos de crise econômica, Obama tem pela frente a difícil tarefa de reerguer os EUA

Da esquerda para direita: Michele Obama, Barack Obama, Joe Biden (vice-presidente dos EUA) e Jill Tracy Biden

Barack Obama pode ter ganhado a eleição, mas é uma vitória desprovida de triunfo. A pequena vantagem significa que o presidente terá de dar pequenos passos para alcançar suas metas políticas no segundo mandato. Isto poderá, em longo prazo, recompensar seu partido.

Barack Obama fez história em 2008. Mas só agora ele completou sua história de sucesso pessoal. Se os eleitores americanos não tivessem reeleito seu primeiro presidente afro-americano, teriam marcado permanentemente Obama como algo que ficou incompleto, como um presidente historicamente importante, mas afinal sem importância.

Se tivesse sofrido uma derrota eleitoral, Obama poderia ter permanecido para sempre como "o negro que recebeu o pior cargo do país", como brincou uma manchete no site satírico ‘The Onion’ depois de sua eleição quatro anos atrás. Ele bem poderia ter terminado como o homem certo no momento errado, tendo falhado por causa de uma das piores crises econômicas da história dos EUA. Sua derrota poderia ter significado um sério golpe para o moral e a recente autoconfiança da população negra americana.

Mas Obama não perdeu. Isso significa que o candidato democrata obteve um triunfo histórico?

Não. Obama fez uma campanha eleitoral opaca, que se diferencia mais pelos duros ataques a seu adversário, Mitt Romney, do que pelo orgulho de suas próprias conquistas. A estreiteza da vitória pode ser vista na contagem dos votos populares. Enquanto o presidente derrotou facilmente seu adversário no colégio eleitoral, só conseguiu uma fina vantagem no total de votos.

"Vá votar" ultimamente se tornou o mantra nos comícios de Obama enquanto a campanha se aproximava do final, um apelo mais pragmático que substituiu os primeiros e visionários slogans "Esperança" e "Mudança". Era essencial reeleger Obama porque ele ainda não tinha concluído sua difícil tarefa - esta foi a essência da mensagem de sua campanha para o segundo mandato.

Um adversário fraco    
Essa batalha eleitoral absurdamente longa e cara também não foi um duelo histórico, nada comparável com a luta épica de Obama contra Hillary Clinton nas primárias democratas de 2008. O candidato republicano Romney provou, em vez disso, ser um adversário que rapidamente será esquecido pela história - um político inepto e até desajeitado.

Muito mais histórica nesta eleição foi a tolice do Partido Republicano em deixar de fazer um esforço decisivo para atrair grupos minoritários que cada vez mais determinam o resultado das eleições americanas. Era esperado que os eleitores afro-americanos apoiassem Obama. Mas os hispânicos poderiam ter sido atraídos para os conservadores, diante da difícil situação econômica em que os EUA se encontram. Mas com a forte xenofobia do Partido Republicano, que Romney cultivou assiduamente pelo menos durante as primárias, a maioria dos hispano-americanos votou no atual presidente.

As eleições americanas não podem ser mais vencidas somente pela força dos votos dos homens brancos. O Partido Republicano deve reconhecer que os números crescentes de imigrantes e de americanos descendentes de imigrantes não apenas pretendem permanecer no país como querem se envolver no processo de tomada decisões. Até o âncora de televisão linha-dura da Fox News Bill O'Reilly reconheceu que "o establishment branco hoje é a minoria".

Crescimento econômico ganha prioridade  
Mas o segundo mandato de Obama começará como o primeiro - com suas políticas sendo bloqueadas pelos deputados republicanos? Os republicanos ainda têm maioria na Câmara. E de modo algum está claro se o Velho Grande Partido tirará a mesma conclusão de sua derrota em 2012 que em 1964, quando o candidato republicano radical Barry Goldwater perdeu.

Na época, o partido se moveu para o centro político. Mas ainda na noite de terça-feira (6) alguns conservadores já haviam começado a atribuir sua derrota eleitoral a Romney, por ser moderado demais e sugerindo que seu colega de chapa Paul Ryan, muito mais radical, poderia ser a futura esperança do partido.

Com isso em mente, Obama terá de ser humilde, o que seria bom para o presidente e para seu partido. Em contraste com a eleição de 2008, cujos resultados os democratas falsamente interpretaram como um mandato amplo, Obama agora deve enfrentar a questão mais importante para a população americana - estimular a economia e criar mais empregos. Cerca de 60% dos eleitores americanos disseram em pesquisas de boca de urna que essa é sua maior preocupação.

Obama, é claro, também não poderá dar prioridade a projetos polêmicos e divisores como sua histórica reforma da saúde. Mas essa nova modéstia poderá ser benéfica, porque se Obama conseguir presidir uma economia americana que comece a crescer novamente, como muitos economistas preveem, a chance de que outro democrata o suceda em 2016 aumentará de modo significativo.

Essa pessoa poderia ser sua ex-adversária Hillary Clinton, que pretende deixar o cargo de secretária de Estado e descansar um pouco, o que pessoas bem informadas dizem que poderia significar que ela se prepara para disputar a Casa Branca. Talvez seu marido Bill tenha exercido um papel tão entusiástico na campanha de Obama como parte desse plano de sucessão.

Se for o caso, 2016 poderá ser mais uma eleição histórica. O primeiro presidente negro do país poderá ser seguido pela primeira presidente mulher, anunciando uma nova era progressista para os Estados Unidos da América.

Nenhum comentário:

Postar um comentário