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quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Der Spiegel: Com a reeleição de Obama, Alemanha espera intensificar as relações com os EUA

Barack Obama e a chanceler alemã Angela Merkel

Em Berlim, os políticos vinham antecipando o resultado para as eleições norte-americanas que saiu tarde na noite de terça-feira (6). Christoph Heusgen, assessor de política externa da chanceler alemã Angela Merkel, sondou o presidente norte-americano há algum tempo sobre uma possível visita à Alemanha. A esperança era que, caso Barack Obama fosse reeleito, ele pudesse visitar Merkel em algum ponto durante o primeiro ano de seu segundo mandato presidencial.

Essa visita poderia acontecer logo. O convite ao presidente Obama continua vigente, apesar do lugar e da data ainda não terem sido decididos. Pouco depois da vitória eleitoral de Obama ser anunciada, Merkel enviou ao presidente norte-americano suas congratulações e acrescentou: ”Eu ficaria contente em recebê-lo novamente em breve como meu convidado na Alemanha”. O presidente alemão Joachim Gauck também enviou suas congratulações para o outro lado do Atlântico.

Então, o que de fato significa a reeleição de Obama para a Alemanha? O presidente vai estabelecer um novo tom nas relações entre os dois países nos próximos quatro anos? Do ponto de vista do governo alemão, a maior prioridade –por seus efeitos na economia mundial- é o alto déficit nacional dos EUA.

A Chanceler Merkel e seus estrategistas têm esperanças que Obama finalmente consolide o orçamento dos Estados Unidos. “A época de políticas financiadas pelo endividamento acabou, e os EUA sabem disso”, diz o ministro de relações exteriores Guido Westerwelle, do Partido Democrático Livre (FDP). “Obama precisa demonstrar que consegue controlar o déficit”, ressalta Philipp MIssfelder, porta-voz de políticas externas do parlamento, o Bundestag, da União Democrática Cristã (CDU), de Merkel.

A vitória de Obama sobre o oponente Mitt Romney foi encarada com alívio pelos políticos em Berlim, por uma razão simples: o candidato republicano era considerado por alguns no governo alemão e na coalizão governante como um enigma em questões de política externa, enquanto Obama já era conhecido –mesmo que seu primeiro mandato não tenha exatamente deslumbrado o mundo com uma abordagem enérgica à política externa. Somente depois de uma longa hesitação, Obama engajou-se na guerra aérea que derrubou Mummar Gaddafi na Líbia. No caso do programa nuclear secreto iraniano, quem agiu foi a Organização das Nações Unidas. E na atual guerra civil na Síria, Obama ainda não conseguiu demover a Rússia de prestar seu apoio ao regime de Bashar Assad.

Obama tem muito a fazer em termos de política externa –e, ao mesmo tempo, novos conflitos estão surgindo. Mali é um exemplo, onde o Norte controlado por rebeldes ameaça se tornar um novo centro de terrorismo internacional. Ainda assim, a reeleição de Obama deve tornar mais fácil o planejamento em um ponto importante para os Estados membros da Otan, e portanto, para a Alemanha: o futuro do envolvimento da Otan no Hindu Kush. O objetivo do presidente Obama continua sendo a retirada das forças americanas do Afeganistão até 2014. Outras nações com tropas no Afeganistão, inclusive a Alemanha, orientaram seus planos de acordo com este objetivo. Entretanto, Romney, durante a campanha de eleição, semeou dúvidas sobre o plano de retirada, deixando os políticos em todos os Estados da Otan se perguntando o que estaria por vir.

A cooperação internacional com Obama, porém, tem suas próprias áreas problemáticas. O foco do presidente na região do Pacífico asiático nos últimos anos deixou claro para seus parceiros europeus que o velho continente não está mais em primeiro lugar aos olhos do presidente norte-americano.

Muitos políticos que têm influência na política externa em Berlim gostariam que isso mudasse. Ruprecht Polenz, presidente do Comitê de Relações Exteriores do Bundestag, propõe a revitalização das tentativas anteriores de criar uma zona de comércio livre transatlântica. O político, membro do CDU de Merkel, acredita que isso pode ajudar a estreitar os laços entre a Europa e os Estados Unidos. Cinco anos atrás, nos seis meses em que a Alemanha foi presidente da EU, a chanceler criou o Conselho Econômico Transatlântico (TEC), cujo objetivo é remover ou reduzir as barreiras que impedem o fluxo livre de bens, serviços e capital entre os dois continentes. Contudo, pouco aconteceu desde então. Tampouco é provável que tal acordo de comércio livre possa tomar forma rapidamente. Em meio à crise econômica e ao desemprego relativamente alto, os sentimentos protecionistas estão crescendo –dentro dos dois partidos, democrático e republicano.

Preocupações com um conflito entre os EUA e a China        
Os Estados Unidos acusaram Pequim de manipular a moeda e de praticar espionagem industrial, mas as importações baratas da China foram uma fonte particularmente intensa de conflitos. Críticos em Washington alegam que os chineses mantêm o câmbio artificialmente baixo, de forma a aumentar suas exportações e limitar as importações. Ainda assim, qualquer grande confronto entre os Estados Unidos e Pequim –que ocorreria na forma de uma disputa comercial ou por meio de um outro país dentro da esfera de influência de Pequim na região do sudeste asiático- também poderia ter um impacto na economia alemã.

“Temos um grande interesse em assegurar que não ocorra um confronto entre os EUA e a China”, diz Rolf Mützenich, especialista em política externa do Partido Social Democrático, de centro-esquerda. “A Europa precisa fazer algumas sugestões” O que os membros da coalizão de governo de Merkel gostariam agora é que Obama repensasse sua postura anterior sobre a China. “No que concerne o desafio asiático, deve haver uma troca mais próxima (de informações) entre os EUA e a Europa”, diz o especialista em politica externa do CDU, Missfelder.

Enquanto isso, a questão de quando Obama vai visitar a Alemanha continua em aberto. Como presidente, Obama já viajou para a Alemanha duas vezes, mas ainda não visitou Berlim, a capital. Isso pode mudar em breve –é o que apontam as pistas fornecidas pelo embaixador americano na Alemanha, Philip Murphy. “Toda visita é enriquecedora. Mas Berlim é um lugar especial, e espero que ele venha para cá em breve”.

Durante a visita de Merkel aos EUA no ano passado, o próprio Obama disse que adoraria visitar a Alemanha –após sua reeleição. Há um problema, porém. A Alemanha fará eleições nacionais em setembro próximo, e a campanha vai entrar em marcha rápida a partir de meados de 2013. Obama teria que fazer sua visita antes do verão, para evitar parecer que ele está dando um reforço, intencional ou não, à campanha de reeleição de Merkel. É assim, pelo menos, como veem os sociais democratas, que são equivalentes na Alemanha ao Partido Democrata de Obama.

Isso não deixa muito tempo para uma visita pelo presidente norte-americano, especialmente porque o enorme esforço de segurança exige preparativos meticulosos. Mas Obama conhece Berlim e provavelmente tem boas memórias da cidade. Como senador concorrendo à Presidência em 2008, ele deu um importante discurso na frente da Coluna da Vitória em Berlim. Cerca de 200 mil pessoas foram ouvi-lo. Foi um evento importante –do tipo que as pessoas se lembram por muito tempo.

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