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quarta-feira, 12 de junho de 2013

Saída de Salam Fayyad deixa a Palestina sem seus trunfos

Salam Fayyad
Na história do povo palestino, não há nenhum outro político que tenha recebido tantos elogios da parte da comunidade internacional e dos dirigentes israelenses --que é mais um presente de grego. Salam Fayyad deixou seu cargo de primeiro-ministro no dia 2 de junho, com os lamentos unânimes das capitais ocidentais, mas nem uma lágrima da parte dos líderes dos partidos palestinos, o Fatah e o Hamas, assim como de Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina.

Essa diferença de apreciação expõe as limitações do "fayyadismo", esse método pragmático, mas solitário, de tentar lançar as fundações de um Estado palestino. Ao escolher o acadêmico Rami Hamdallah como novo chefe de governo, Abbas optou por uma pálida cópia do homem que, percorrendo a Cisjordânia para inaugurar projetos que pudessem melhorar a vida cotidiana dos palestinos, ganhou uma popularidade ainda mais constrangedora pelo fato de que o chefe da Autoridade Palestina, um célebre viajante, pouco entra em contato com a população da Cisjordânia.

O currículo de Salam Fayyad, ex-funcionário de alto escalão do Banco Mundial e representante do Fundo Monetário Internacional (FMI) para os territórios palestinos, inspirava confiança, assim como sua abordagem moderna de gerenciamento, suas convicções políticas e econômicas moderadas e liberais, além de sua integridade. Se ele foi nomeado ministro das Finanças de Yasser Arafat, em 2002, foi pelos incentivos dos americanos e dos europeus, que viam nele, com razão, o homem que iria combater a corrupção endêmica do Fatah.

Abbas entendeu que Fayyad era o homem que conseguiria manter o fluxo de ajuda estrangeira para sustentar as finanças da Autoridade Palestina. Foi por isso que ele o nomeou primeiro-ministro em junho de 2007,  uma decisão aprovada pela comunidade internacional, e que acabou sendo justificada pelos resultados dele. Durante os anos prósperos, de meados de 2009 até 2011, Salam Fayyad foi um acelerador do crescimento econômico que beneficiou a Cisjordânia.

O déficit público recuou, fora arrecadados impostos, a infraestrutura se multiplicou, as administrações ganharam em eficiência e transparência: a situação da educação, da moradia, da saúde pública, dos transportes, melhorou e Ramallah viveu um boom imobiliário. Mas Ramallah não é o tecido econômico da Cisjordânia, é uma vitrine, uma bolha à mercê de um retorno de crescimento e da situação securitária.

Na cidade onde fica a sede da Autoridade Palestina, o Exército israelense continua a fazer incursões noturnas para prender quem bem entende. É toda a ambiguidade do fayyadismo: de um lado, as premissas de um Estado de direito. De outro, a acentuação da ocupação: mais colonização judaica nos territórios e casas destruídas, os mesmos entraves à liberdade de movimentação dos homens e do comércio, prisões sistemáticas, uma estratégia de tensão destinada a convencer os palestinos de que eles não são soberanos em lugar nenhum.

Cooperação com Israel na segurança

Um dos motivos de satisfação de Israel e dos americanos em relação a Fayyad foi ele ter facilitado a criação de forças de segurança palestinas eficazes. Se a tranquilidade reina na Cisjordânia, é sobretudo porque a cooperação – a colaboração, para muitos palestinos – entre serviços de segurança israelenses e palestinos funciona bem para deter os militantes do Hamas.

Apesar do avanço político mínimo no processo de paz, essa consequência do fayyadismo permanecia escondida enquanto a "paz econômica", essa estratégia instaurada pelo primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, com o apoio indireto de Fayyad, perdurava. Tudo degringolou quando Abbas, perigosamente contestado pela inanidade de sua política de negociações com os israelenses, decidiu apelar para a ONU.

A Palestina se tornou um Estado não-membro da ONU, um sucesso efêmero que custou caro, sob forma de represálias financeiras, tanto do Congresso americano quanto de Israel, que se juntaram ao esgotamento dos doadores estrangeiros. De repente, o fayyadismo estava nu: incapaz de pagar suas contas, a Autoridade Palestina teve de atrasar o pagamento dos salários, aumentar os preços e os impostos, provocando uma tensão social que pode ressurgir.

Teria sido Salam Fayyad o guardião da prisão dourada na qual Israel trancou os palestinos salpicando aqui e ali um pouco de crescimento econômico? Esse julgamento é provavelmente injusto, uma vez que, contanto que o impasse atual não evolua para um surto de violência que arruinaria as reformas iniciadas pelo ex-premiê, a sociedade e a economia palestinas arrecadaram uma experiência de "boas práticas" em seis anos.

Mas o fayyadismo, que traçou seu caminho enquanto o processo de paz permanecia na beira da estrada, era uma estratégia fundamentalmente bamba, que não poderia ter sucesso sem o respaldo de avanços políticos. Mahmoud Abbas acaba de retomar todas as cartas na mão ao afastar Salam Fayyad. É pouco provável que ele tenha qualquer trunfo.

2 comentários:

  1. Tudo q os judeuss queriam...uma perda grande p a causa Palestina.Trágico.Sds.

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    1. É meu amigo, ñ há santo, além de tudo, só, que resista iSSrael/OTAN/EUA/CCG. A qq hora você desiste e pula fora, antes que vc morra estressado e/ou desmoralizado. Esta é a politiquinha do Ocidente. Por essas e outras (Síria) que o Putin é odiado pela mídia fajuta ocidental, ou seja, ñ tem conversa mole; encara-os de frente o tempo inteiro.

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